Ações do Banco do Brasil vivem montanha-russa entre expectativa de recuperação e incertezas com a Lei Magnitsky
A possibilidade de conflito jurídico acendeu o alerta no mercado financeiro.
Por Gazeta do Paraná

Da esperança de recuperação após os resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25) ao choque provocado pelas incertezas jurídicas envolvendo a Lei Magnitsky, as últimas sessões foram marcadas por forte volatilidade para as ações do Banco do Brasil (BBAS3). O movimento expõe não apenas a fragilidade do setor bancário diante do ambiente político e jurídico, mas também o peso que o Banco do Brasil carrega por seu caráter híbrido — estatal e ao mesmo tempo listado em bolsa.
Na sexta-feira (15), as ações BBAS3 chegaram a subir 4% após a divulgação dos resultados do 2T25, mesmo com uma queda de 60% no lucro, para R$ 3,8 bilhões. Analistas apontaram que, apesar do cenário negativo — com inadimplência elevada no agronegócio —, parte dos riscos já estaria precificada, o que abriu espaço para compras táticas. A recuperação se estendeu na segunda-feira seguinte, com alta de 2%.
O alívio, no entanto, durou pouco. Na terça-feira, os papéis desabaram cerca de 6%, em reação à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que determinou que bloqueios de ativos ou contas de brasileiros só poderão ocorrer mediante autorização da Corte. O entendimento abriu margem para questionamentos sobre a aplicação da Lei Magnitsky, legislação norte-americana que recentemente impôs sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A possibilidade de conflito jurídico acendeu o alerta no mercado financeiro. “Muitas instituições brasileiras possuem operações e relações no exterior. Ficar entre cumprir uma ordem do STF ou arriscar multas nos EUA cria uma encruzilhada inédita”, afirmou Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos.
No caso do Banco do Brasil, a pressão seria ainda maior, segundo Ricardo Campos, da Reach Capital. “Como responsável pela folha de pagamento dos servidores federais, dificilmente encerraria a conta-salário de um ministro, mesmo sob risco internacional. Isso ajuda a explicar o desempenho mais fraco relativo às demais instituições.”
Pedro Gonzaga, da Mantaro Capital, avaliou que, por ser parcialmente estatal, o BB enfrenta mais dificuldades. “Uma caixa de pandora foi aberta, mas acredito que os bancos, no fim, seguirão a legislação”, disse.
Na última quinta-feira (21), reportagens do Valor Econômico revelaram que Moraes teria tido um cartão internacional do Banco do Brasil, de bandeira americana, bloqueado em razão das sanções. O banco não comentou oficialmente, alegando sigilo bancário, mesma postura de outras instituições consultadas pela imprensa.
Especialistas apontam cinco pontos de pressão imediata sobre o setor:
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Cancelamento do cartão internacional de Moraes pelo Banco do Brasil;
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Bloqueio preventivo de cartões de bandeiras americanas por cautela;
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Impacto direto considerado limitado, mas com alta tensão no setor;
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Questionamento do STF sobre a validade da aplicação da lei americana no Brasil;
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Risco reputacional e político em caso de escalada diplomática entre Brasil e EUA.
Diante desse cenário, o futuro das ações do Banco do Brasil seguirá condicionado não apenas aos fundamentos financeiros, mas também às decisões políticas e jurídicas que definirem os limites da Lei Magnitsky em território nacional.
Com informações do InfoMoney
