GCAST

A ‘maldição da praça’ Getúlio Vargas (“Yo no creo en brujas, pero que las hay”)

Os mais antigos sabem porque Cascavel é a única cidade que tem ‘meia praça’ ao inves de ser uma praça normal como as outras, ou seja, ocupar uma quadra completa

A ‘maldição da praça’ Getúlio Vargas (“Yo no creo en brujas, pero que las hay”) Créditos: Ilustração

Sérgio Ricardo, jornalista, colunista na Gazeta do Paraná e diretor do portal ‘SR Sem Reservas

 

Peço licença aos leitores/internautas para escrever essa matéria na primeira pessoa, pois preciso contar o quanto me espantei ao tomar conhecimento da história da Praça Getúlio Vargas, ao questionar o motivo de ser uma ‘meia praça’, diferentemente das praças Wilson Jofre, Country, dos Mosaicos e por aí afora, não só em Cascavel mas no mundo todo. Claro que, as quadras podem variar de tamanhos pois existem quadras maiores e quadras menores. Mas não meia quadra, né?

Então, ao ouvir a explicação a respeito da retaliação da área, fazendo com que a mais importante cidade do Oeste do Paraná tivesse uma praça cortada ao meio, confesso que além da surpresa fui tomado pela indignação: ninguém fez nada para evitar que se consumasse este crime? Sim, crime. E grave! Deixar uma cidade com meia praça para que outros ‘herdassem’ a outra metade.

O pior que até as pedras da tal praça sabem dessa história. Faz parte da história da cIdade. E com nomes e sobrenomes envolvidos em toda a maracutaia que foi feita na época. Ops! Escrevi maracutaia? Sim. E tem outro nome?

E pelo jeito a Praça Getúlio Vargas acabou espalhando uma maldição para seus ‘vizinhos’. Durante muito tempo a cidade conviveu com uma galeria no local, que transformou-se numa verdadeira cracolândia. Parecia aqueles prédios abandonados de São Paulo onde viciados e moradores de rua divIdiam espaço. Sujeira, mau cheiro e montanhas de lixo.

 

SOLEIL RESIDENCE 

De repente, surgiu uma esperança. Foi lançado o projeto daquele que era para ser o endereço mais luxuoso da ‘Capital do Oeste’, um novo point de ricos e novos ricos: Soleil Residence.

Enfim a região da meia praça Getúio Vargas teria vizinhos endinheirados e o mau cheiro de outrora seria trocado por finas flagrâncias francesas e ao invés de viciados e mal trapilhos, passariam a desfilar por ali madames ostentando bolsas de grife. Ufa! Ainda bem.

Se até o Lula critíca fotos de registros de ‘negros desdentados’ (que fique bem claro que foi Lula quem disse, antes de me acusarem de racista), imaginem o high society cascavelense. Se bem que aqui seria melhor chamarmos de soja socety

Só que a obra se arrastou mais do que o tempo previsto. Brigas e desentendimentos entre os sócios do empreendimento, alguns que como ninguém, conhecem bem a história que transformou a Getúlio Vargas em meia praça e sabem de cabeça o nome dos protagonistas desta novela que não é mexicana. É cascavelense mesmo. Mas este tema eu trato em outra matéria e em outra ocasião.

Antes no local, uma verdadeira cracolândia…

… hoje um dos mais belos prédios residenciais de Cascavel e do Oeste. Mas à exemplo da meia praça, ja nasce em meio a ações e notificações judiciais e extra-judiciais

Voltemos então ao magestoso prédio erguido ao lado da ‘meia praça’ Getúlio Vargas. O magnífico SOLEIL RESIDENCE. Por ser vizinho dele, da minha sacada observo aquela obra que mudou a cara da região. Mas mesmo tendo aparência de pronto, o prédio a noite mais parece um lugar deserto. Até semana passada, a noite só se via luzes acesas em meio andar, ou seja, um apartamento já que são dois por andar. Enormes, mas dois por andar.

Jornalista por natureza é curioso. Eu quiz saber os motivos da demora na obra e porque de ainda estar deserto mesmo estando finalizada. Liguei para um dos responsáveis pelo empreendimento. Não fui atendido, então mandei mensagem. A resposta foi de que, cada comprador esta esperando os móveis que mandou fazer sob medida. Faz sentido.

Eu já estava pensando que a tal ‘bolha’ imobiliária (outra matéria que estou elaborando) fosse a culpada. Pois no levantamento dos dados para elaborar tal matéria, encontrei de tudo um pouco: prédios vendidos na planta e cujo dinheiro serviu para comprar carrões importados, casas nas Marinas, apartamentos na praia e viagens pelo planeta. Depois se faltar dinheiro para a obra, lança outro prédio e vende na planta. E ainda pode hipotecar o imóvel no banco e pegar mais dinheiro. Uma farra! Mas dinheiro de trouxa sempre foi a alegria de malandro.

E na tal matéria da bolha imobiliária, tem coisas que até Deus duvida. Tem prédio pronto mas que os compradores dos apartamentos não conseguem obter a escrítura, mesmo já tendo quitado o valor todo do imóvel adquirido. Simplesmente porque está hipotecado no banco.

Mas isso não é estelionato? Não. Quem pratica estelionato é bandido pobre. Bandido rico ‘hipoteca’ o imóvel, vende, recebe e não dá escritura. Mas ‘isso’ é normal nos negócios. E fica bravo qando é notificado extra-judicialmente, principalmente se a esposa for quem receber a notificação.

Onde já se viu deixar a madame descobrir que estão sendo cobrados por quem pagou e não consegue documentar o imóvel. Dai ela vai saber de onde vem o dinheiro que sustenta seus luxos.

Mas voltemos a meia Praça Getúlio Vargas: o que será que está atrapalhando até construções em volta é a maldição da praça? Não bastava o fato da cidade só ter uma ‘meia praça’? Quando nos livramos da cracolândia, surge um prédio fantasma?

Seria uma revolta que vem do além túmulo? Sim, porque muitos dos que testemunharam a transformação de uma quadra em duas meias quadras, já não habitam mais entre nós.

Estou preparando no capricho essas duas matérias: uma sobre como a Getúlio Vargas virou meia praça e a outra sobre a tal bolha imobiliária.

Na segunda estou passando um pente fino nos prédios que tiveram suas obras paralisadas e os que foram lançados para tapar buraco deixado por outros e por isso só existem os tapumes, e centenas de compradores mimosos logrados cujo sonho virou pesadelo.

Enquanto isso, você leitor e internauta, fique pensando se existe a ‘maldição da Praça Getúlio Vargas’ ou seria apenas uma coincidência tudo que relatei acima.

“Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”

 

Acesse nosso canal no WhatsApp