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14 trabalhadores são resgatados em condições análogas à escravidão em pedreira do interior do Paraná, diz MTE

Por Giuliano Saito


Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência, os trabalhadores viviam em um curral com animais em situação degradante. Vítimas faziam contas em mercados e não conseguiam quitar dívida. 14 trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão, em uma pedreira em Mauá da Serra, no norte do Paraná, segundo o Ministério do Trabalho e Previdência (MTE). A informação foi divulgada nesta quinta-feira (30). De acordo com o auditor fiscal do MTE, Edvaldo Santos da Rocha, algumas das vítimas são do Piauí e outras moravam na cidade e trabalhavam quebrando pedras, sem proteção. Os trabalhadores de fora, segundo o auditor, viviam em situações insalubres. "A situação era degradante, tanto por conta do alojamento, quanto do trabalho", afirmou. De acordo com o MTE, as condições que os trabalhadores viviam não atendiam à legislação trabalhista. Parte vivia em um curral com cozinha e colchões improvisados ao lado de animais. Outra parte vivia em tendas montadas com lonas no local onde realizavam o trabalho. As vítimas trabalharam por um período de oito meses nessas condições. Além disso, os trabalhadores precisavam custear gastos com alimentação e produtos pessoais e não conseguiam pagar as dívidas. "Quando eles recebiam o primeiro salário, o valor dessas compras eram abatidas nas despesas [...]. O salário era comprometido", disse o auditor. O resgate foi feito na segunda-feira (27), conforme o MTE, e os responsáveis pela pedreira e pela contratação dos trabalhadores foram autuados por trabalho análogo a escravidão, conforme o órgão. O local foi interditado. Trabalhadores são resgatados em situação análoga à escravidão MTE Risco à vida Conforme o auditor fiscal, os trabalhadores utilizavam uso de explosivos irregulares e sem licença para detonação de pedras. "Explodiam pedras. Precisa ter liberação do exército. Tudo era improvisado no local. Eles criavam a própria pólvora para detonar as rochas", disse. Os trabalhadores faziam a mistura de pólvora com salitre, carvão e enxofre, socavam em uma bomba e colocavam para explodir, conforme Edvaldo. Ainda conforme os relatos das vítimas, de acordo com o auditor, cada um precisava levar a própria ferramenta para realizar os trabalhos. Denúncias de trabalho análogo ao de escravo podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê, pela internet. Trabalhadores utilizavam produtos irregulares para fazer explosivos MTE Investigação Conforme o MTE, dos 14 trabalhadores, sete fazem parte de um grupo que veio do Piauí. Nenhum tinha registro na carteira, conforme a investigação. Em depoimento, segundo auditor fiscal, os donos reconheceram o erro e afirmaram que farão o pagamento para todas as vítimas. A indenização ainda está sendo calculada. "A empresa vai ser notificada pelo MPT. Haverá responsabilidade administrativa, e será notificada civilmente", falou. Resgate Os trabalhadores foram levados para um hotel, onde receberam banho e alimentação. Eles agudam o pagamento dos direitos trabalhistas, segundo o MTE. A Câmara Municipal do município foi usada para os trabalhadores serem ouvidos por auditores e procuradores. Parte deles retornaram para residência. Trabalhadores resgatados MTE Veja fotos do local: Trabalhadores são resgatados em situação análoga à escravidão MTE/divulgação Trabalhadores são resgatados em situação análoga à escravidão MTE Trabalhadores são resgatados em situação análoga à escravidão MTE VÍDEOS: Mais assistidos do g1 PR Veja mais notícias da região no g1 Norte e Noroeste.