Áreas com deslizamentos nas estradas do litoral do Paraná registraram outros movimentos de massa nos últimos 25 anos, indica relatório
Por Giuliano Saito
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Conclusão pode indicar que ações protetivas e preventivas não foram realizadas, ou então não passaram pelas devidas manutenções. Concessionárias responsáveis pelas estradas optaram por não se manifestar. Pesquisadores da UFPR concluem relatório sobre deslizamentos em rodovias A maioria dos deslizamentos significativos que aconteceram nas estradas do litoral do Paraná entre outubro de 2022 e março de 2023 aconteceu em áreas onde já haviam acontecidos movimentos de massa nos últimos 25 anos. O dado foi indicado por um relatório do Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que avaliou sete eventos entre 14 de outubro e 7 de março. O estudo começou analisando a queda das rochas na BR-277 em outubro de 2022 e foi ampliado para analisar os deslizamentos que aconteceram na Estrada da Graciosa e na BR-376 nos meses seguintes. Em alguns casos, como nas BR-277 e BR-376, os locais reincidentes inclusive foram objetos de ações corretivas anteriores. A conclusão dos pesquisadores pode indicar que, na época do deslizamentos anteriores, ações protetivas e preventivas não foram realizadas, ou então não passaram pelas devidas manutenções. "Muitos dos deslizamentos ocorreram em pontos que já tinham tido processo de deslizamento. Isso nos coloca na posição de aprender com o que aconteceu no passado e encontrar respostas melhores hoje para que não se repita esse tipo de processo, pelo menos não no mesmo local em que eles já ocorreram", afirma Renato Eugênio de Lima, diretor do Cenacid. Um dos exemplos, indicado no relatório, aconteceu no quilômetro 668 da BR-376. Imagens indicam que a área onde foi registrado o desmoronamento em dezembro de 2022 foi a mesma afetada por um deslizamento em 2011. Quilômetro 668 da BR-376 tinha passado por deslizamento no mesmo trecho em 2011. Reprodução/RPC A Arteris Litoral Sul, concessionária responsável pela BR-376, afirmou que não teve acesso ao estudo, por isso não se manifestará. A Ecovia, que administrava a BR-277, disse que não vai se manifestar, porque não é mais responsável pela rodovia. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) informou que segue com as obras que têm como finalidade a recomposição do aterro e a posterior restauração do pavimento no local onde ocorreu o afundamento da pista na BR-277. O Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná (DER-PR) disse que a Estrada da Graciosa tem frentes de trabalho em quatro quilômetros diferentes, atingidos pelos deslizamentos. Veja o detalhamento de cada uma a seguir. Detalhes sobre o estudo Imagem aérea mostra deslizamento de terra na BR-376, próximo à divisa entre Paraná e Santa Catarina Adryel Pabst/Prefeitura de Garuva A estratégia da pesquisa, segundo o Cenacid, foi a integração dos eventos, ao invés de analisá-los separadamente. O grupo buscou uma visão integrada dos acontecimentos. Entre as estratégias utilizadas para a construção do relatório, os pesquisadores fizeram caminhadas nos locais, conversaram com moradores , fizeram avaliações, estudos da tipologia do terreno, levantamentos por irradiação 3D, varredura laser e fotogrametria terrestre e estudo das rochas em laboratório. Segundo o relatório, a região afetada pelos deslizamentos tem aproximadamente 70 quilômetros por 50 quilômetros na Serra do Mar e está sujeita a diversos riscos geológicos, especialmente inundações e deslizamentos. De acordo com o relatório, chuvas intensas são deflagradores de deslizamentos. Por conta disso, a pesquisa também analisou as informações das chuvas, junto com os eventos e a época das ocorrências. Deslizamento de pedras interditou pistas da BR-277 em Morretes Amanda Menezes/RPC Recomendações e ações para o futuro O Cenacid afirmou que pretende continuar com as pesquisas, avaliações de campo e de dados históricos do local. O objetivo é determinar a frequência e as motivações dos deslizamentos. Além disso, o grupo apresentou uma série de considerações e determinações. Entre elas, a desocupação das áreas favoráveis a estes processos, por meio do desvio e melhorias dos traçados das rodovias que passam pelos locais. Há também a sugestão de reconstrução e implantação de obras de contenção e proteção pensadas a partir dos processos geológicos possíveis no local e que podem ser arriscados para a população. LEIA MAIS: Análise da UFPR sobre estradas da Serra do Mar integrará investigação de deslizamentos na BR-376; entenda Ações do DNIT e DER-PR O DER-PR afirmou que a Estrada da Graciosa conta com frentes de trabalho em quatro quilômetros diferentes, atingidos por escorregamentos de terra nos últimos meses. Segundo o departamento são as seguintes ações em cada um deles: Km 7: concluídos os serviços de injeção de nata de concreto no talude abaixo da plataforma da rodovia e a implantação de drenos horizontais profundos. Agora estão sendo implantados tirantes no muro de contenção, e a próxima etapa será a execução de um novo muro reforçando a contenção do local. Km 8: estão sendo implantados grampos de metal em duas seções no talude acima da rodovia, com uma seção recebendo terraplenagem. Na sequência será executada drenagem e instalada tela verde para contenção. Km 11+200: estão sendo implantados grampos de metal em uma seção no talude abaixo da rodovia, com três seções recebendo terraplenagem. Na sequência será instalada tela verde para contenção. Km 11+600: o talude acima da rodovia está recebendo terraplenagem, com reforço de contenção por barreiras de concreto New Jersey temporárias. Km 12: o talude acima da rodovia está com uma seção com grampos concluídos, uma seção sendo finalizada e a terceira seção recebendo terraplenagem. Obras no km 41 da BR-277 DER O DNIT informou que dá prosseguimento às obras que têm como finalidade a recomposição do aterro e a posterior restauração do pavimento no local onde ocorreu o afundamento da pista na BR-277. O DNIT afirmou que realiza nesta semana a implantação de drenos, utilizando pedras, tubos perfurados e manta geotêxtil, que atuarão direcionando a água que está no aterro para as drenagens que serão construídas. Além disso, conforme o órgão, continuam os serviços de limpeza, escavação do aterro e transporte de rochas para reconstrução do aterro. Relembre os problemas nas estradas do litoral do Paraná Cerca de 30 toneladas de pedras desmoronam na BR-277 e interditam parte da rodovia Parte da pista afunda em trecho da BR-277 Quatorze pessoas são atingidas e duas pessoas morrem em deslizamento de terra que atingiu a BR-376 em Guaratuba Trecho da BR-376 onde houve deslizamento é bloqueado por conta do volume de chuvas Trecho da BR-376 onde houve deslizamento volta a ser interditado entre Paraná e Santa Catarina após nova queda de barreira Trinca de aproximadamente 50 metros de extensão aparece na Estrada da Graciosa por conta de deslizamento de terra. Estrada da Graciosa volta a ser bloqueada após novo deslizamento de terra VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.
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