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ÁUDIO: Polícia investiga tentativa de golpe com dados de pacientes internados no Hospital Regional em Paranaguá

Por Giuliano Saito


Citando nomes de pacientes, número de WhatsApp com identidade visual do hospital contata familiares cancelando visitas e, logo após, solicitando exames pagos. Instituição registrou boletim de ocorrência. Advogada alerta para regras de proteção de dados. Polícia investiga tentativa de golpe com dados de pacientes do Hospital Regional A Polícia Civil investiga tentativas de golpes a famílias de pacientes que estiveram internados no Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá, no Paraná. Um número de WhatsApp utilizando a identidade visual da instituição contata o familiar, citando o nome do paciente e dando detalhes sobre o quadro clínico dele. Logo após, pede dinheiro para exames. Ouça acima. O hospital fez boletim de ocorrência e alertou familiares de internos. A orientação para quem tenha caído no golpe ou tenha sido abordado pelos criminosos é procurar a polícia. Leia mais abaixo. Golpistas utilizaram número do WhatsApp, com logo do hospital, para contatar familiares de pacientes internados Reprodução Cobrança por exames Uma mulher que teve um familiar internado na instituição conversou com o g1 e contou que passou pela tentativa de golpe em 10 de agosto. Ela pediu para não ser identificada. Segundo ela, começou com uma mensagem de áudio de um homem se passando por médico do hospital. No contato, ele informou que a visita dela ao paciente internado estava sendo cancelada porque ele teria que passar por procedimentos. A mulher contou à reportagem que ficou desconfiada, porque no momento do contato, ela estava no hospital. Ela comentou a situação com a recepcionista, que alertou sobre a tentativa de golpe. “A recepcionista falou que era golpe e daqui a pouco ele pediria dinheiro. Foi o que aconteceu”. Pouco após a primeira abordagem informando o suposto cancelamento, o falso médico voltou a entrar em contato dando detalhes sobre o quadro clínico do paciente que ela visitaria, e alegando que ele precisaria passar por exames. A argumentação para o convencimento da vítima envolve o uso de termos técnicos e detalhamentos sobre falsas condições clínicas envolvendo o paciente. Logo depois veio o pedido de dinheiro para a realização de exames. O suposto custo seria de R$ 5.500. A mulher contou ao g1 que, quando estava na recepção do hospital, outro familiar do paciente também recebeu o mesmo contato. “Pegam as pessoas em um momento mega frágil para tirar dinheiro. Por mais esclarecido que a gente seja, é um momento em que a gente está fragilizado. Em que a gente fica esperando notícia por telefone mesmo. Vem uma notícia dessa, a gente não para pra raciocinar. Pra mim só foi favorável porque eu já estava lá e consegui resolver na hora". Para ela, o caso indica que os dados pessoais dos familiares, registrados na ficha do paciente, foram vazados, uma vez que o golpista sabia, inclusive, o dia de visita da família, além do nome completo. "É uma insegurança não saber como essas informações estão vazando, como que se tornou cotidiano esse tipo de golpe acontecer? Quem está ali vazando esses dados? Ou é uma pessoa que de fora invadindo? O que também não melhoria em nada a situação [...] A gente não pode normalizar esse tipo de golpe e só pensar em como se defender dele. A gente tem que questionar como isso funciona desde o começo, desde o vazamento. Esse acesso deveria ser seguro". A mulher disse que a família não chegou a fazer nenhuma transferência para o golpista, mas relatou que quando estava na recepção do hospital, familiares de outros pacientes contaram ter recebido o mesmo contato. Hospital Regional do Litoral fica em Paranaguá AEN/Divulgação O que diz a Secretaria de Saúde Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) disse que a equipe do hospital registrou um boletim de ocorrência e também fez um alerta para que os familiares não realizem nenhum tipo de transferência e pagamento solicitado por meio de ligações e mensagens para custear qualquer tipo de procedimento hospitalar. Questionada sobre como ocorre o armazenamento de dados do hospital, a Sesa informou que informações sensíveis são protegidas pela plataforma G-SUS, do Ministério da Saúde. O g1 questionou o ministério sobre o caso, mas não teve resposta até esta publicação ir ao ar. A pasta também reforçou que a secretaria está colaborando com a polícia na investigação do caso. Proteção de dados nos hospitais A advogada Amanda Cavallaro, que atua com segurança digital e proteção de dados, explicou que hospitais, assim como empresas e qualquer outra instituição que armazene informações sensíveis, precisam estar adequados ao que determinar a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Segundo a advogada, hospitais têm uma responsabilidade ainda maior quanto à proteção de dados, uma vez que as informações sensíveis armazenadas por eles podem comprometer a dignidade das pessoas. "Os hospitais, como qualquer outra organização, precisam passar por um processo de adequação à LGPD. Isso implica não apenas em fazer um mapeamento de dados, mas construir uma cultura de privacidade que vise a governança de dados pessoais [...] Entender quais processo trazem mais riscos, e como fazer para mitigar esses riscos. E ter um plano de contingência em casos de incidentes". O que diz a Polícia Civil Em nota, a Polícia Civil disse que, como a instituição não teve prejuízo, mas sim os familiares dos pacientes, a orientação é para que compareçam à delegacia para que sejam ouvidas e ofereçam representação para que seja dado continuidade nas diligências. Vídeos mais assistidos do g1 PR: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.