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Tribunal de Justiça aprova mudanças em custas judiciais

Revisão das custas judiciais no Paraná prometem aumentar taxas em processos mais complexos

Por Da Redação

Tribunal de Justiça aprova mudanças em custas judiciais Créditos: TJPR/Divulgação

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) aprovou, na segunda-feira (25), a proposta de reformulação integral das custas judiciais no Estado. As alterações, que ainda dependem de aprovação da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), devem modificar a tabela de valores cobrados de quem ingressa com ações na Justiça e têm impacto direto no bolso dos cidadãos que recorrem ao Judiciário.

A votação foi rápida e unânime entre os desembargadores. O projeto aprovado altera as chamadas custas processuais, valores exigidos para abertura e acompanhamento de ações, recursos que abastecem o Fundo da Justiça (Funjus). Esse fundo é responsável pela manutenção da estrutura do Judiciário paranaense.

Embora nem todos os valores tenham sido divulgados, algumas mudanças já estão confirmadas. O teto de cobrança para ingresso de processos, hoje em R$ 2,3 mil, será elevado para R$ 2,9 mil. Também haverá aumento no valor do agravo de instrumento, recurso utilizado quando o advogado contesta uma decisão durante o andamento do processo, que passará de R$ 190 para R$ 390.

As alterações foram acompanhadas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), que participou de cerca de dois meses de negociações com o Tribunal de Justiça. Para a entidade, apesar do reajuste em pontos específicos, o pacote traz também avanços. Entre eles, a mudança na forma de pagamento das custas intermediárias, que atualmente são cobradas de forma parcelada ao longo do processo e, com a nova regra, passariam a ser quitadas apenas ao final. “Haverá um aumento, mas para a maioria dos jurisdicionados os valores ficam mais baixos. Além disso, para a advocacia é uma conquista, porque o pagamento das custas intermediárias apenas ao final do processo facilita e agiliza o trâmite das ações”, avaliou o presidente da OAB-PR, Luiz Eduardo Pereira.

Durante a sessão, a presidente do TJPR, desembargadora Lídia Maejima, defendeu que a reformulação é necessária para equilibrar as contas do Fundo da Justiça (Funjus). Segundo ela, as despesas aumentaram de forma expressiva desde a estatização dos cartórios judiciais, sobretudo em razão da folha de pagamento de servidores. Dados apresentados mostram que o número de funcionários custeados diretamente pelo fundo saltou de 738, em 2003, para 3.401 em abril de 2025. “Esse cenário reforça a urgência da adoção de medidas de reequilíbrio, revisão de valores e aperfeiçoamento da política de arrecadação, para garantir a viabilidade do modelo estatizado e a sustentabilidade do Judiciário”, afirmou a desembargadora.

Uma das principais alterações propostas é a fixação das custas em 1,9% sobre o valor da causa. De acordo com a presidente do tribunal, esse novo modelo pode significar uma redução de custos para a maioria dos usuários. “Cerca de 73% das ações, o equivalente a 152,5 mil processos, teriam custas reduzidas”, assegurou Maejima.

Além das mudanças nas custas judiciais, o TJ também analisa alterações nas taxas extrajudiciais, cobradas em cartórios. Essa proposta deve ser votada na próxima semana pelo Órgão Especial e, assim como a tabela judicial, será encaminhada à Assembleia Legislativa. A expectativa é de que haja ajustes para reduzir a proposta inicial apresentada pelo tribunal. “Se avançarmos nas custas extrajudiciais como avançamos nas judiciais, podemos chegar a um acordo. Mas, por enquanto, esse consenso ainda não foi alcançado. Temos uma semana para buscar esse entendimento”, afirmou a presidente da OAB.

Em nota encaminhada à Gazeta do Paraná, o Tribunal de Justiça explicou que a proposta trata da reformulação integral da legislação estadual sobre custas, que data de 1970 e estaria defasada em relação às condições econômicas e tecnológicas atuais. Segundo o TJ, o projeto reorganiza valores, redefine categorias e busca maior proporcionalidade entre o custo do serviço prestado e a taxa cobrada. O tribunal reforçou que o objetivo central não é aumentar a arrecadação, mas atualizar e racionalizar o sistema.

De acordo com a justificativa, a reformulação deve reduzir os valores em ações de menor porte e elevar apenas as taxas em processos de maior complexidade ou que envolvam valores patrimoniais significativos. A expectativa é de que 73% das ações tenham redução ou manutenção dos custos atuais.

Ainda segundo o TJ, a reforma moderniza e racionaliza o sistema de custas no Paraná, ao mesmo tempo em que assegura sustentabilidade financeira para a expansão dos serviços judiciais. A proposta, afirma a corte, é essencial para viabilizar o modelo de estatização, ampliar o acesso à Justiça e garantir princípios constitucionais como eficiência e celeridade.

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