Tatuagens no mundo do crime: o que significam os desenhos usados por criminosos

De palhaços a cruzes e sacis, os significados ocultos por trás das tatuagens de detentos e criminosos revelam muito mais do que estilo: funcionam como códigos dentro e fora da prisão

Por Gazeta do Paraná

Tatuagens no mundo do crime: o que significam os desenhos usados por criminosos

As tatuagens, que hoje estão cada vez mais presentes na sociedade, vão muito além da estética dentro do universo criminal. Esses desenhos, muitas vezes feitos com traços simples, funcionam como um verdadeiro sistema de comunicação entre criminosos, principalmente dentro do sistema prisional.

De acordo com o promotor de Justiça Fernando Pascoal Lupo, do Ministério Público de São Paulo (MPSP), compreender os significados desses símbolos pode ser um importante recurso para investigações policiais. "Muitos desses desenhos aparentam ser inofensivos, mas carregam mensagens cruéis e revelam o perfil e histórico do criminoso", explica.

No ambiente prisional, as tatuagens indicam desde o crime cometido até o status na hierarquia da facção. O subtenente Assis Araújo, da PMDF, afirma que essas marcas funcionam como um currículo criminal, tornando-se uma espécie de "RG" dentro da cadeia.

Confira o que significam algumas das principais tatuagens usadas por criminosos:

  • Palhaço: ligado a assaltantes, quadrilheiros ou matadores de policiais. Lacrimejando, indica amigos mortos: pretas (rivais) e vermelhas (policiais). Com caveira, representa matador de policiais.

  • Pontos nas mãos: um ponto é batedor de carteiras; dois, estuprador; três, viciado em drogas; quatro, traficante; cinco, homicida.

  • Saci ou cachimbo do saci: identifica usuários de crack e traficantes.

  • Folhas de maconha, magos, duendes: uso e tráfico de drogas.

  • Mulher nua: com genitália exposta, comum entre viciados em drogas injetáveis.

  • Cruz com caveira: lealdade entre presos, especialmente os que cumprem pena.

  • Cobra ou cobra enrolada: identifica delatores.

  • Imagens religiosas: Jesus Cristo crucificado e Nossa Senhora de Aparecida podem estar ligadas a homicidas e latrocidas.

  • Inscrição "JC": nos braços ou peito, relacionada a latrocidas; nas costas, pedido de proteção.

  • Demônio ou Chucky: assassinos de policiais.

  • Caveira, morte com foice, diabo: homicidas, exterminadores e pistoleiros.

  • Aranha ou teia de aranha: bandido perigoso, atua em grupo; a direção da teia mostra se está em ascensão. Múltiplas aranhas indicam liderança.

  • Flor, beija-flor, borboleta: indicam homossexualidade passiva na prisão.

  • Pênis: tatuado em estupradores, para que sejam identificados e submetidos a castigos.

  • Revólver, pistola, fuzil: assaltantes, latrocidas e criminosos de alta periculosidade.

  • Taz (personagem): ladrão de arrastões, furto em grupo.

  • Carpa e águia: ascensão e liberdade dentro do crime.

  • Pomba: ladrões de residência.

  • Mulher índigena: ligada ao tráfico nas décadas de 1980/90, no Rio.

  • Suástica: associada a crimes de intolerância.

Para especialistas, conhecer esse código visual é essencial para autoridades que atuam no combate ao crime organizado. Apesar da aparente banalidade, cada traço pode carregar histórias de violência e revelações importantes sobre o perfil do criminoso.

Com informações do portal Metrópoles