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'Sheik do Bitcoin' atribuiu golpes à 'fraude interna' durante live para clientes

Por Giuliano Saito


Francisley Valdevino da Silva é suspeito de liderar quadrilha investigada por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas em diversos países. Francisley Valdevino da Silva, conhecido como 'Sheik dos Bitcoins' Reprodução/Jornal Hoje Francisley Valdevino da Silva, conhecido como "Sheik do Bitcoin", afirmou que as empresas pelas quais é responsável tiveram fraudes internas e problemas de gestão. A afirmação foi feita em 27 de setembro durante uma chamada de vídeo privada com clientes das empresas de Francisley. O g1 e a RPC tiveram acesso ao conteúdo da conversa. "Vou adiantar para vocês: a empresa teve fraude? Teve fraude interna sim. Teve problema de gestões? Sim. Nós tivemos muitas coisas que aconteceram com ex-funcionários e ex-contratados da empresa onde devido a recuperação vamos estar colocando perante a juíza todos os acontecimentos", afirmou Francisley. Francisley é suspeito de liderar uma quadrilha investigada por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas, com vítimas no Brasil e no exterior. A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação nesta quinta-feira (6) para cumprir 20 mandados de busca e apreensão no âmbito das investigações. Segundo a polícia, o suspeito intermediou a movimentação de cerca de R$ 4 bilhões no Brasil por meio de fraudes envolvendo pirâmide financeira com comercialização de criptomoedas, lavagem de ativos e crimes contra o sistema financeiro. Quem é Francisley Valdevino da Silva, conhecido como 'Sheik dos Bitcoins' Polícia divulga empresas do 'Sheik dos Bitcoins'; veja nomes De acordo com Filipe Hille Pace, delegado da PF, o suspeito deu mesma versão dita na live à polícia. Porém, o delegado afirma que as investigações constataram que Francisley concentrava as operações das empresas e que nunca existiu atividade comercial do grupo. "O que se passou a provar ao longo da investigação é que o principal investigado controlava todos os aspectos da empresa, mas todo recurso que ingressava ficava à disposição dele, e ele gastava como convinha, fosse com a aquisição de bens de luxo, itens de vestuário de grife, jóias, relógios, carros, propriedades luxuosas", afirmou o delegado. Durante a live, várias pessoas comentam no chat da transmissão fazendo cobranças ao empresário: "Não é justo pai não ter comida para por na mesa por causa de você", disse uma das vítimas. "O jeito que esse cretino fala com todos nós, é uma piada", disse outra. Operação da PF mira organização investigada por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas no Brasil e no exterior Divulgação/Polícia Federal Investigações O delegado da PF disse que a investigação contra o suspeito começou em março deste ano, depois de um pedido de cooperação policial internacional feito pela Interpol. O pedido informava sobre uma investigação que identificou uma organização criminosa, liderada por Francisley, em Curitiba. Operação da PF fez buscas contra grupo investigado por fraudes bilionárias envolvendo criptomoedas no Brasil e no exterior Divulgação/Polícia Federal A investigação apontou que a quadrilha aplicava golpes desde 2016 e que há registros de fraudes em pelo menos onze países. A polícia destacou que na lista de vítimas também estão jogadores de futebol, que não tiveram os nomes revelados. Leia também: Sequestro do tio do Sheik do Bitcoin foi motivado por dívida com investidor, diz Polícia Civil A investigação apontou que alguns membros da família de Francisley também se envolveram nas fraudes. De acordo com a PF, os familiares eram funcionários das empresas, e se apropriavam dos valores investidos pelas vítimas. Quadrilha liderada por brasileiro utilizava dinheiro de fraudes envolvendo criptomoedas para compra de imóveis de alto padrão, segundo a polícia Divulgação/Polícia Federal 'Modus operandi' A PF disse que o suspeito fazia grandes doações para igrejas, fator que, segundo a PF, alavancou a atuação do golpe. "Ele se inseriu em um meio religioso e conseguiu que grandes representantes desse meio investissem e virassem sócios minoritários daquela plataforma. Dessa forma ele arrecadava clientes desse meio religioso", explicou o delegado da Polícia Federal. Ainda conforme o delegado, o esquema começou a ruir no fim de 2021, quando Francisley não conseguiu mais pagar o que devia aos clientes. Investigados por fraudes envolvendo criptomoedas no Brasil e no exterior usavam parte do dinheiro para compra de relógios e outros itens de luxo Divulgação/Polícia Federal O que diz o suspeito O g1 procurou novamente nesta sexta-feira (7) defesa do acusado e aguarda resposta. Na quinta-feira (6), após a operação da PF, a defesa do acusado afirmou que a operação é "medida usual em procedimentos investigatórios dessa natureza". O suspeito também disse que está disponível para prestar esclarecimentos na esfera judicial e extrajudicial "com escopo de comprovar a efetiva regularidade e licitude das operações empresarias, bem como de todas minhas condutas" VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.