Rodovia das Cataratas: ninguém assume os erros do projeto
O DER destacou que ajustes durante a execução, com base em normas técnicas, são comuns em obras dessa magnitude
Por Bruno Rodrigo
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O Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) respondeu aos questionamentos da Gazeta do Paraná sobre os atrasos e problemas nas obras de duplicação da BR-469, a Rodovia das Cataratas, em Foz do Iguaçu. A obra, iniciada em 2022 com previsão de conclusão em 18 meses, está atrasada e apresenta apenas 42,49% de execução. O DER atribui parte das dificuldades ao projeto executivo, de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), e reforça que a fiscalização e execução da obra cabem ao órgão estadual. No entanto, as respostas deixam lacunas sobre a resolução dos problemas apontados.
Conforme o DER, o projeto executivo da obra foi doado pelo Fundo Iguaçu ao DNIT, cabendo a este órgão federal a análise e aprovação. O DER destacou que ajustes durante a execução, com base em normas técnicas, são comuns em obras dessa magnitude. No entanto, o dossiê recebido pela Gazeta do Paraná aponta que inconsistências no projeto original, como interferências não previstas em redes de água e drenagem, geraram a necessidade de revisões, impactando o cronograma.
Sobre as desapropriações, o DER afirmou que a responsabilidade é do DNIT, conforme o Convênio de Delegação n° 599/2020. O dossiê havia destacado que a demora nas desapropriações da faixa de domínio atrasou a construção de viadutos e dispositivos de drenagem, problemas que ainda não foram totalmente resolvidos.
O DER negou que a realocação da rede elétrica da Copel não estivesse prevista no projeto, afirmando que a instalação de uma nova rede foi necessária para evitar prejuízos a proprietários e comerciantes locais. Esse serviço foi aditado ao contrato, mas o dossiê aponta que o prazo de 360 dias para a conclusão foi insuficiente, e a rede ainda não está totalmente instalada.
Quanto à adutora da Sanepar, o DER explicou que a companhia solicitou modificações para melhorar o abastecimento de água, o que também resultou em aditivos ao contrato. No entanto, a falta de um projeto executivo inicial para a relocação da adutora foi um dos fatores que contribuíram para os atrasos.
Sobre o licenciamento ambiental, o DER mencionou que o trecho próximo ao aeroporto de Foz do Iguaçu teve atrasos devido a condicionantes ambientais, como o monitoramento de fauna silvestre. A licença só foi concedida em março de 2023, quase um ano após o início das obras.
O DER negou que haja impedimentos para a execução do viaduto de acesso ao aeroporto, contrariando informações do dossiê que apontavam um impasse com a CCR devido à construção do Museu de Arte Moderna Pompidou no local. Segundo o dossiê, a CCR propôs uma readequação da alça de acesso, mas o DNIT insiste no projeto original.
A construtora responsável pela obra, Dalba Engenharia, afirmou que os problemas apontados são de responsabilidade do Governo Federal e que a execução segue conforme as etapas delimitadas. A empresa estima que a duplicação completa da rodovia seja entregue apenas em 2025.
A duplicação da Rodovia das Cataratas, que liga o acesso à Argentina ao Parque Nacional do Iguaçu, é crucial para o turismo e a economia de Foz do Iguaçu. No entanto, os constantes atrasos e problemas na execução têm gerado frustração na população.
Embora o DER tenha respondido aos questionamentos, as respostas não esclarecem totalmente como e quando os problemas serão resolvidos. A falta de transparência sobre a gestão dos recursos e a demora na resolução de impasses técnicos e burocráticos continuam a preocupar moradores e empresários da região.
Enquanto isso, a obra segue em ritmo lento, e a expectativa é que os 9 quilômetros de duplicação sejam concluídos em 2025, três anos após o início das obras. A Gazeta do Paraná continuará acompanhando o caso e cobrando transparência das autoridades responsáveis.