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Reunião entre Mauro Vieira e Marco Rubio reabrem relação entre Brasil e EUA

Durante a conversa, Vieira e Rubio trocaram contatos pessoais e decidiram manter um canal direto de comunicação, para discutir negociação da revisão do chamado tarifaço

Por Da Redação

Reunião entre Mauro Vieira e Marco Rubio reabrem relação entre Brasil e EUA Créditos: Divulgação/Itamaraty

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, tiveram em Washington, o primeiro encontro de alto nível desde que o governo de Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A reunião, que durou pouco mais de uma hora, marcou a retomada do diálogo diplomático entre os dois países e o início de um processo de negociação para revisão do chamado tarifaço.

Durante a conversa, Vieira e Rubio trocaram contatos pessoais e decidiram manter um canal direto de comunicação, a exemplo do que fizeram os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, após a conversa telefônica que tiveram no início do mês. Parte do encontro, cerca de 20 minutos, ocorreu a sós entre os dois ministros, seguida por uma reunião ampliada com assessores de ambas as partes.

De acordo com informações do Itamaraty, o encontro ampliado concentrou-se nas relações comerciais e nos pedidos do Brasil para revisão das sanções políticas e econômicas impostas desde julho. As equipes técnicas dos dois países trabalharão na elaboração de um cronograma de negociações, com a primeira reunião virtual prevista para os próximos dias.

Em nota conjunta, Rubio classificou a reunião como “muito positiva” e disse que há interesse mútuo em “aprofundar a cooperação e restaurar a confiança bilateral”. O comunicado também informa que ambos concordaram em planejar um encontro presencial entre Trump e Lula “na primeira oportunidade possível”.

Participaram ainda da conversa o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, e diplomatas brasileiros. Ao fim da agenda, Mauro Vieira concedeu entrevista coletiva e descreveu o encontro como “marcado por uma atitude construtiva”.

“Durante todo o encontro prevaleceu uma atitude voltada à retomada das negociações entre os dois países, em sintonia com o espírito do telefonema recente entre os presidentes Lula e Trump. É o início de um processo auspicioso para a reversão do tarifaço”, afirmou o chanceler.

Relações em crise

As relações entre Brasil e Estados Unidos atravessavam uma forte crise desde julho, quando Trump anunciou as tarifas adicionais de 50% sobre produtos brasileiros. Em carta enviada a Lula, o republicano acusou o Brasil de “práticas desleais de comércio” e de conduzir uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A aproximação começou a ser redesenhada durante a Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro, quando Lula e Trump tiveram um breve contato nos bastidores. No dia 6 de outubro, uma ligação de 30 minutos entre os dois líderes tratou diretamente das barreiras tarifárias e de sanções a autoridades brasileiras.

Segundo o governo brasileiro, Lula pediu que Trump revisse as tarifas e reconsiderasse as restrições aplicadas a políticos e magistrados brasileiros, inclusive as associadas à Lei Magnitsky, que resultaram no cancelamento de vistos e bloqueios de bens de membros dos Três Poderes.

Na ocasião, Trump afirmou publicamente que pretendia visitar o Brasil “em breve” e chamou Lula de “bom homem”, sinalizando disposição para restabelecer acordos comerciais.

Bolsonaro fora da pauta

De acordo com fontes do governo brasileiro, o nome de Jair Bolsonaro não foi mencionado na parte reservada da reunião entre Vieira e Rubio, tampouco o do ministro do STF Alexandre de Moraes, alvo de críticas da gestão Trump e de sanções aplicadas a partir de julho.

A ausência do tema é vista por diplomatas como um sinal de “descontaminação política” nas relações bilaterais, embora prevaleça cautela em relação ao comportamento imprevisível de Trump.

O chanceler brasileiro confirmou apenas que defendeu a derrubada dos embargos e sanções aplicados contra o país desde julho, reforçando que as medidas “prejudicam diretamente setores produtivos e a cooperação bilateral”.

A véspera da reunião foi marcada por tensão. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o influenciador Paulo Figueiredo estiveram no Departamento de Estado na quarta-feira (15), levantando temores de que o encontro entre Vieira e Rubio pudesse ser cancelado, como ocorreu em agosto, quando o secretário do Tesouro americano Scott Bessent desmarcou uma conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e se reuniu com os dois aliados do ex-presidente.

Após a reunião desta quinta, Eduardo Bolsonaro publicou em redes sociais que “tudo o que o Brasil pediu, não conseguiu nada”, alegando que os Estados Unidos “estão preocupados com as questões políticas no Brasil”.

Fontes diplomáticas, porém, afirmam que a reunião conseguiu destravar o diálogo, ainda que sem resultados imediatos. “O que importa é que as negociações estão retomadas”, disse um assessor do Itamaraty.

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