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Pesquisadores questionam retirada de restinga em praia de Matinhos: 'Não faz sentido algum'; saiba importância do ecossistema

Por Giuliano Saito


Parte da vegetação foi retirada pelo IAT da Praia Brava de Caiobá. Moradores filmaram ação das máquinas. Ibama paralisou os trabalhos. Pesquisadores reforçam importância da restinga A retirada de parte da restinga da orla de Matinhos, no litoral do Paraná, chamou a atenção de pesquisadores. Moradores filmaram no fim de semana máquinas arrancando pela raiz parte da vegetação da Praia Brava de Caiobá. A extração estava sendo feita pelo Instituto Água e Terra (IAT), do Governo do Paraná, como parte do projeto de Recuperação da Orla de Matinhos. Porém, a ação foi suspensa nesta segunda-feira (12) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Para os pesquisadores, a areia "nua" representa um perigo. O oceanógrafo Rangel Angelotti, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), questiona a forma como a vegetação foi arrancada. "Você, com um projeto bem estruturado, poderia, se fosse o caso, fazer um remanejamento, tirar algumas espécies, mas nunca com um maquinário pesado levando todo esse ecossistema junto. São muitas espécies no meio dessa 'espécie alvo' que estão querendo tirar. Você está levando dez, doze anos de composição vegetal disso, que não faz sentido algum." A restinga é um ecossistema formado por plantas e tem a capacidade de conter o avanço da areia da praia que vem do vento e controlar o avanço da maré. Ao mesmo tempo, serve de filtro para as impurezas que vem do ambiente urbano. Além de ser considerada Área de Preservação Permanente (APP), a restinga serve de habitat de animais. Especialistas calculam que, para a vegetação se consolidar, como na imagem abaixo, é preciso que as plantas se desenvolvam por mais de uma década. Restinga abriga diversas espécies de plantas e de animais RPC Curitiba Leia também: Governo do Paraná adia divulgação de empresas que vão assumir gestão de dois colégios estaduais STF julga inconstitucionais 614 cargos comissionados na Alep e dá prazo para substituições; entenda O IAT diz que pretende retirar a restinga entre o Canal da Avenida Paraná até o Morro do Boi, num trecho de 1,5 km. Leandro Duarte, engenheiro florestal do IAT, afirma que a vegetação foi retirada porque espécies exóticas - ou seja, que não fazem parte do ecossistema - invadiram a restinga. "Poderia haver espécies nativas, mas elas não estariam propícias a ter o desenvolvimento adequado, certo? Porque não haveriam condições ali naquela microrregião para elas se desenvolverem. Então, essa foi a decisão tomada baseada em critérios científicos. Não faria sentido a gente fazer toda uma revitalização da orla e deixar uma espécie que não é endêmica do local", disse o engenheiro. O engenheiro florestal do IAT afirma ainda que a vegetação será replantada. Ele explica que mudas foram retiradas neste ano e levadas para um viveiro. "Eu acredito que, em alguns meses, a gente vai ter toda essa vegetação bem desenvolvida pra impedir esse processo de diminuição da praia", disse. A reportagem questionou o Ibama sobre a retirada da restinga e a paralisação do trabalho, mas não houve resposta. Ibama suspende temporariamente obra da revitalização da orla de Matinhos Os vídeos mais assistidos do g1 PR: Mais notícias do estado em g1 Paraná.