Pesquisador da Unioeste cria sistema com IA para detectar incêndios em secadores de grãos  

Um estudo pioneiro desenvolvido na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) resultou na criação de um dispositivo inteligente capaz de detectar incêndios em secadores de grãos ainda em fase inicial. A tecnologia, que utiliza Redes Neurais Artificiais (Inteligência Artificial), foi idealizada pelo Doutor Luís Eduardo Zarpellon durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ), no campus de Toledo.  

Bombeiro militar e pesquisador, Zarpellon identificou um alto índice de incêndios em secadores de grãos na região – problema que, em casos extremos, pode levar a tragédias como a ocorrida em julho de 2023, quando oito pessoas morreram em uma explosão em um silo da cooperativa C.Vale, em Palotina. Segundo levantamento do pesquisador, mais de mil incêndios foram registrados em silos do Paraná na última década, muitos deles sem nem mesmo chegar ao conhecimento do Corpo de Bombeiros.  

Como funciona a tecnologia? 

O sistema combina sensores de temperatura, umidade, concentração de gases e velocidade de descarga de grãos, integrados por uma Rede Neural Artificial. Programado em linguagem Python, o algoritmo processa os dados em tempo real e identifica padrões anormais que indicam risco de incêndio.  

"A maioria dos secadores trabalha com transferência direta de calor, o que eleva muito o perigo de combustão. Nosso dispositivo detecta variações mínimas, como aumento anormal de temperatura ou presença de gases, antes que o fogo se alastre", explica Zarpellon.  

Testes comprovam eficácia  

Após resultados positivos em protótipo, o sistema foi instalado em um secador industrial em 2023. Durante os testes, o equipamento identificou dois incêndios reais, confirmando sua eficácia.  

Orientador da pesquisa, o professor Camilo Freddy Mendoza Morejon destaca que a inovação pode revolucionar a segurança no agronegócio. "Além de prevenir perdas materiais, a tecnologia salva vidas, pois age antes que o operador perceba o perigo".    

A expectativa é que, por meio de parcerias entre universidade e empresas, o dispositivo seja aprimorado e adotado em larga escala, reduzindo riscos no armazenamento de grãos e fortalecendo a segurança no campo. 

 

Ensino e Pesquisa

Segundo Luís Eduardo Zarpellon, a Unioeste cumpriu seu papel em garantir o ensino e a pesquisa durante a pesquisa de doutorado. Ele afirma que recebeu todo o embasamento teórico necessário para alcançar os resultados esperados na parte prática. “A Universidade, por meio de laboratórios e dos professores do Programa de Pós-graduação em Engenharia Química, ofereceu a possibilidade de assimilação de conceitos teóricos, além da orientação e direcionamento para os estudos de campo. A Unioeste forneceu o suporte necessário para encontrar e desenvolver um método inovador na concepção do dispositivo de detecção de incêndios em secadores de grãos. As Redes Neurais Artificiais, além de serem um tema contemporâneo, possuem um vasto campo de aplicação na segurança contra incêndios”.

 

Créditos: Da redação