Pedro Lupion critica redução de tarifas de importação de alimentos
Lupion defendeu que cortes nos gastos públicos e ações para valorizar a economia seriam alternativas mais eficazes
Por Bruno Rodrigo
O deputado Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, manifestou-se nesta sexta-feira contra a possibilidade de redução de tarifas para importação de gêneros alimentícios, proposta por ministros do governo federal. Para Lupion, a medida é “desesperada e mal pensada”, ignorando fatores econômicos estruturais que impactam os preços no país.
Segundo o parlamentar, não há desabastecimento, problemas de safra ou sobrepreço nos produtos agropecuários nacionais. Ele destacou que os preços praticados no Brasil seguem padrões globais, e atribuiu a alta de custos ao câmbio desvalorizado, inflação e elevação dos juros, fatores que aumentam os desafios para o setor produtivo.
“O governo insiste em discursos políticos e medidas demagógicas, transferindo a responsabilidade de sua incompetência para outros. O mercado já desconfia e a falta de credibilidade agrava o cenário econômico”, afirmou.
Lupion defendeu que cortes nos gastos públicos e ações para valorizar a economia seriam alternativas mais eficazes para conter a inflação e estimular o crescimento. Para ele, abrir importações é uma tentativa de “induzir a população a achar que algo prático está sendo feito para baixar preços”, sem atacar a raiz do problema.
A Frente Parlamentar da Agropecuária reafirmou seu compromisso com o setor, destacando a produção de alimentos em quantidade e qualidade suficientes para atender à demanda nacional, apesar das dificuldades econômicas.
Confira a nota completa:
A ideia de diminuir tarifas de importação de gêneros alimentícios é mais uma medida desesperada e mal pensada do governo que insiste em ignorar os problemas macroeconômicos, o controle inflacionário, câmbio descontrolado e gasto público exorbitante.
A desconfiança do mercado e a falta credibilidade agravam a situação. Não existe desabastecimento, não há problemas de safra, não há sobrepreço!
Os preços dos produtos agropecuários brasileiros seguem os padrões mundiais. Anunciar que o país vai abrir importações é simplesmente jogo de cena demagógico para induzir a população a achar que estão fazendo algo prático para baixar preços.
O agro faz sua parte ao produzir com qualidade e quantidade, apesar dos desafios econômicos que aumentam os custos de produção e diminuem a competitividade, num cenário em que medidas de apoio e estímulo à produção não conseguem fazer frente à alta de juros e câmbio.
A inflação como um todo, não apenas dos alimentos, está descontrolada pela falta de capacidade e compromisso do governo em cortar seus próprios gastos e ter o mínimo de responsabilidade com as suas contas.
O governo segue apenas fazendo discurso político e procurando transferir a culpa da sua incompetência para os outros.
Medidas efetivas de corte de gastos e valorização da economia seriam muito mais eficientes do que mais essa desastrada tentativa, meramente política, de enganar a população.
Setor de Supermercados
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apresentou ao governo federal, em novembro de 2024, uma série de propostas com o objetivo de diminuir os custos de vida das famílias brasileiras e estimular a economia. Entre as medidas sugeridas estão a reestruturação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), a venda de medicamentos sem prescrição em supermercados e a modernização do sistema de prazos de validade de alimentos, chamada de "Best Before". Esta última foi prontamente rejeitada pelo governo, gerando divergências.
O modelo "Best Before", já utilizado nos Estados Unidos, propõe substituir o tradicional "validade até" por "consumir preferencialmente até", o que estenderia o tempo dos produtos nas prateleiras. No entanto, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, descartaram a ideia. “Isso não está em cogitação”, afirmou Teixeira. Rui Costa reforçou que a prática não condiz com a cultura brasileira e não será adotada.
Outra proposta polêmica é a venda de medicamentos sem prescrição médica. A Abras defende a medida citando uma redução de 35% nos preços durante o período em que isso foi permitido, conforme estudo da Nielsen. No entanto, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) é contrária, enquanto a Abras argumenta que a prática tem sido bem-sucedida em países como Estados Unidos, Canadá e Japão.
Por outro lado, algumas propostas tiveram receptividade, como a reforma no vale-alimentação, que visa aumentar a concorrência entre operadoras, reduzir taxas e, consequentemente, os preços. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que há espaço para melhorar o sistema e prometeu avanços.
Outras medidas incluem desoneração da folha de pagamento para o primeiro emprego e trabalhadores com 60 anos ou mais, isenção de impostos sobre doações de alimentos e regulamentação de jogos eletrônicos como forma de proteção às famílias.
Apesar das divergências, a Abras reafirmou sua disposição em colaborar com o governo para enfrentar os desafios econômicos do país. O diálogo segue em busca de consenso para medidas que promovam a segurança alimentar e o fortalecimento do setor varejista.