Pedágio, Propina e Picaretagem: Marcos Formighieri denuncia esquema criminoso
Formighieri relembrou que a Gazeta do Paraná denuncia a situação há três décadas, e agora vê suas afirmações sendo confirmadas por investigações
Por Da Redação

Em mais um episódio do podcast Tijolinho, o diretor da Gazeta do Paraná, Marcos Formighieri, voltou a denunciar o que chama de uma das maiores fraudes institucionais da história do Paraná: o sistema de pedágio. Segundo ele, a retomada das concessões no Estado repete os mesmos erros, e os mesmos personagens, que por décadas saquearam os cofres públicos e penalizaram a população com tarifas altíssimas, promessas não cumpridas e corrupção institucionalizada.
“É uma fraude em benefício de uma meia dúzia, em detrimento de toda a economia do Estado e da população paranaense”, disparou.
Formighieri relembrou que a Gazeta do Paraná denuncia a situação há três décadas, e agora vê suas afirmações sendo confirmadas por investigações do Ministério Público Federal (MPF) e por decisões recentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ). “O que temos é uma quadrilha que nunca saiu do poder. Apenas mudaram os CNPJs, mas os donos e o esquema continuam os mesmos.”
Preço exorbitante, obras inexistentes
Um dos principais pontos levantados por Formighieri foi a comparação do valor das tarifas entre estados. “Quem viaja entre Curitiba e Cascavel pela BR-277 vai pagar em torno de R$ 100. É uma tarifa altíssima. Em Santa Catarina, o valor é três vezes menor”, criticou. “É roubo no bolso do motorista, uma verdadeira extorsão.”
Ele lembrou que as promessas iniciais, feitas ainda na década de 1990, quando o Anel de Integração foi criado, incluíam duplicações, melhorias na segurança e desenvolvimento da malha rodoviária. “Nunca fizeram nada. Só mentiram. E enquanto isso o dinheiro desaparecia entre aditivos, reajustes e obras que nunca começaram.”
Decisão do STJ fortalece denúncias
No centro do escândalo está a Viapar, antiga concessionária que operava o trecho entre Cascavel e Maringá. Segundo o MPF, a empresa foi beneficiada por aditivos contratuais fraudulentos em troca do pagamento de propinas a agentes públicos. A decisão recente da Primeira Turma do STJ reconheceu que empresas de um mesmo grupo econômico, no caso, ligadas à Sul Concessões e à empreiteira Queiroz Galvão, podem ser responsabilizadas criminalmente por atos de suas coligadas.
A Sul Concessões, por sua vez, alegou que empresas envolvidas não mantêm mais vínculos societários com a Viapar. Mas, de acordo com a denúncia do MPF, essas companhias foram utilizadas justamente no período em que os crimes ocorreram, como instrumentos para pagamento de vantagens indevidas e desvio de dinheiro público.
Acordos, prescrição e impunidade
Outro ponto levantado no episódio foi a tentativa das concessionárias de se beneficiar da Lei Anticorrupção de 2013, argumentando que os crimes cometidos antes disso estariam prescritos.
Segundo ele, não há dúvidas de que o modelo antigo colapsou justamente porque era baseado em uma lógica de corrupção sistêmica. “Teve um empresário, dono de concessionária, que me procurou pessoalmente na Gazeta pedindo para que a gente criticasse só os concorrentes”
Novos contratos, velhos esquemas?
Para Marcos Formighieri, a retomada dos pedágios no Paraná, agora sob novas concessões, pode representar apenas a troca de nomes, mas com o mesmo esquema por trás. “É a mesma quadrilha com novos CNPJs. O governo gastou dinheiro público para deixar as estradas em bom estado, e as concessionárias vão pegar tudo pronto, sem fazer nada.”
Ele afirma torcer para estar errado, mas teme que as obras prometidas novamente não saiam do papel. “O povo do Paraná já foi enganado demais. O que está sendo confirmado agora pelo MPF e pelo STJ é exatamente o que a Gazeta do Paraná denuncia há mais de 30 anos.”
Enquanto a população paga caro para se locomover, as investigações mostram que parte desses valores serviu para alimentar um sistema de corrupção que pode não ter terminado com o fim dos contratos antigos.
Confira o episódio abaixo:
