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Passageiros evacuaram avião Airbus A320neo da Azul com motores ainda em funcionamento

Incidente aconteceu em 2021 e o relatório da investigação foi disponibilizado recentemente

Por Gazeta do Paraná

Passageiros evacuaram avião Airbus A320neo da Azul com motores ainda em funcionamento Créditos: Reprodução

Uma investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) revelou que passageiros de um Airbus A320neo da Azul Linhas Aéreas evacuaram a aeronave com os motores ainda em funcionamento, após a tripulação de cabine não compreender instruções dos pilotos. O incidente ocorreu em 25 de novembro de 2021, no Aeroporto Marechal Rondon, em Cuiabá, e teve como causa inicial um alerta no sistema hidráulico da aeronave. O relatório foi publicado recentemente. As informações são do portal Aeroin.

Segundo o relatório, o voo, que seguiria para São Paulo, precisou abortar a decolagem na pista 35 por conta de um alerta de sistema hidráulico. Após a parada, o comandante orientou os passageiros e a tripulação de cabine a aguardarem novas instruções. No entanto, a mensagem não foi compreendida pelos comissários, em meio ao nervosismo de alguns passageiros que acreditavam haver um incêndio do lado externo do avião.

Testemunhas relataram que a fumaça gerada pelo atrito dos pneus na frenagem intensa, associada às luzes estroboscópicas vermelhas e brancas, pode ter dado a impressão de fogo ou explosão. Comentários de passageiros sobre supostas chamas ou riscos de explosão teriam contribuído para um clima de pânico a bordo.

Menos de 30 segundos após o anúncio do comandante, a chefe dos comissários abriu a porta dianteira esquerda sem autorização do cockpit, nem checagem prévia das condições externas. A decisão foi parcialmente influenciada pela percepção equivocada de que passageiros já teriam aberto uma saída de emergência sobre a asa.

Sem sucesso ao tentar contato via interfone, o comandante não conseguiu alertar a equipe de cabine para manter as portas fechadas. “Para os comissários, a chamada de emergência não era esperada naquela situação”, apontou a investigação. “Eles interpretaram o acionamento como indicativo do pior cenário possível.”

Diante da abertura da primeira porta, outros comissários liberaram as demais saídas, enquanto passageiros também acionaram as quatro saídas sobre as asas. Durante todo o processo, os motores do A320neo permaneciam ligados, ainda que em marcha lenta, representando risco adicional à segurança.

A evacuação ocorreu cerca de 40 segundos após a parada do avião, momento em que o copiloto chegou a observar passageiros caminhando pela pista, mas nenhum dos pilotos se recordou de desligar imediatamente os motores. A investigação apontou que a equipe de cabine não conseguiu perceber o barulho dos motores, diante da confusão e do ruído dentro da aeronave. Os motores só foram desligados aproximadamente quatro minutos após o início da evacuação.

O Cenipa concluiu que o alerta hidráulico foi provocado por um pequeno componente desprendido de um sensor, que caiu no reservatório de óleo, causando uma indicação falsa de falha, sem qualquer vazamento real.

O episódio deixou 15 passageiros feridos, sendo um em estado grave. Ao todo, estavam a bordo 152 passageiros e seis tripulantes. O caso evidencia a necessidade de comunicação eficiente entre pilotos e equipe de cabine, além da importância do cumprimento rigoroso de procedimentos para garantir a segurança em situações de emergência.

Com informações do Aeroin

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