Brasil tem mais dispositivos digitais em uso do que habitantes, revela pesquisa da FGV
Em maio deste ano, foram contabilizados 502 milhões, com 2,4 dispositivos digitais por pessoa
Por Gazeta do Paraná

O Brasil tem 502 milhões de dispositivos digitais (computador, notebook, tablet e smartphone) em uso no Brasil (corporativo e doméstico); ou seja, em junho deste ano, foram contabilizados 2,4 dispositivos digitais por habitante, de acordo com a 36ª edição da Pesquisa Anual do FGVcia sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, divulgada na última quinta-feira (26), pelo Centro de Tecnologia de Informação Aplicada (FGVcia) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas.
O estudo revela ainda que há 1,3 smartphone por habitante, totalizando 272 milhões de celulares inteligentes em uso no Brasil. Adicionando os notebooks e os tablets, são 460 milhões de dispositivos portáteis, ou 2,2 por habitante. No país, são 2,2 celulares vendidos para um aparelho de TV.
Em relação a computadores, o Brasil possui 230 milhões (desktop, notebook e tablet) em uso, atingindo 1,1 computador por habitante (108% per capita). As vendas em 2024 cresceram 5%, com 12,6 milhões de unidades. Estima-se a venda total com crescimento ainda maior em 2025, com aumento na proporção de notebooks.
Pela primeira vez, a pesquisa quantificou a participação dos programas de Inteligência Artificial Generativa: Microsoft Copilot lidera com 40%; ChatGPT da OpenAI 32%; e Google Gemini 20%. Esses programas são utilizados para Chatbot, Machine Learning e Reconhecimento Biométrico (digital, facial, palmar, entre outros).
De acordo com o coordenador da pesquisa do FGVcia, professor Fernando Meirelles,
“Chamou atenção o baixo uso de Inteligência Artificial nas empresas: embora 80% declararam utilizá-la, 75% delas usam muito pouco. Outro ponto é que as empresas estão realizando mais reuniões híbridas, com predominância do programa Teams e o uso de Excel”.
O professor destacou ainda que os principais projetos de TI nas empresas no Brasil continuam com o foco em “inteligência artificial integrada com inteligência analítica (Analytics), transformação digital e implementação do “novo” ERP, com foco no Alinhamento Estratégico. Com isso, os gastos e investimentos em TI continuam crescendo em valor, maturidade e importância nos negócios. Nos bancos, por exemplo, esses gastos devem atingir cerca de R$ 56 bilhões até 2027”.
Esse índice é o gasto total destinado a TI – que é a soma de todos os investimentos, despesas e verbas alocadas em TI, incluindo equipamento, instalações, suprimentos e materiais de consumo, software, serviços, comunicações e custo direto e indireto com pessoal próprio e de terceiros em TI – dividido pela receita da empresa.
Pode-se comprovar que, quanto mais informatizada a empresa, maior é o valor desse índice. Nos últimos 36 anos, ele cresceu 6% ao ano, passando de 1,3% em 1988 para 10% em 2024. Mesmo assim, existe muito espaço para crescer e chegar aos níveis dos países mais desenvolvidos. A tendência é ultrapassar 11% nos próximos dois a três anos.
Outro indicador, entre os mais de 50 analisados na pesquisa, é o CAPU – Custo Anual de TI por Usuário – de R$ 60 mil. Esse valor refere-se aos gastos e investimentos em TI das empresas pesquisadas no ano passado, dividido pelo número de usuários da empresa.
Vale ressaltar que seu comportamento não tem economia de escala, cresce com o tamanho da empresa e varia conforme o ramo. Nas empresas prestadoras de serviços, a média é R$ 72 mil; e nos bancos, R$ 162 mil.
Participação no mercado dos principais fabricantes de software
A pesquisa também levanta a participação no mercado dos fabricantes de 30 categorias de software. A Microsoft continua dominando várias categorias no usuário final, a maioria perto de 90% do uso. Os fabricantes que mais cresceram sua participação foram: Google e Qlik. Já para videoconferência, o Microsoft Teams cresceu para 48%, passando o Zoom, que ficou com 28%, e Google Meets com 22%.
Os Sistemas Integrados de Gestão (ERP) da Totvs e da SAP têm 34% do mercado cada; Oracle, 10%; e outros, 22%. A Totvs lidera nas menores com 50%; e a SAP, nas maiores empresas, com 51%. As novas tecnologias provocam a necessidade de integrar cada vez mais o físico com o digital e demandam a implementação de novos processos integrados internamente, externamente e com o ecossistema da empresa. O “novo” ERP continua a ser o coração da transformação digital.
Os programas de Inteligência Analítica (BI – Business Intelligence and Analytics) continuam sendo uma categoria de destaque e entre as mais lucrativas para os fabricantes. Microsoft, com 28%; SAP, com 21%; Qlik tem 18%; seguidos por Oracle, Totvs e IBM. Os seis detêm 93% desse segmento. Apesar de todo o arsenal de ferramentas modernas, 90% do uso de Inteligência Analítica no departamento financeiro das empresas é Excel.
Para videoconferência nas empresas, o Microsoft Teams tem a maior participação com 48%; e Google Meets tem 22%. Ambos cresceram em relação ao ano anterior. Em contrapartida, o Zoom caiu para 28%. Já a nuvem responde, em média, por 52% do processamento nas empresas.
Gastos e investimentos em TI em bancos, hospitais e agronegócios
O estudo é aprofundado em três ramos da economia. Na última década, os gastos e investimentos em TI nos bancos dobraram. A expectativa é que esse crescimento continue e chegue a, aproximadamente, R$ 56 bilhões até 2026/27.
O estudo constatou ainda que o volume de transações por meios virtuais com origem no celular (Mobile Banking) e Internet tendem a 90% das transações (80% por smartphone). Nos hospitais privados, temos o CAPL – Custo Anual de TI por Leito – de R$ 200 mil; e no setor de agronegócios mostramos um comportamento parecido com a média da indústria.
Agência Brasil
