Paraná está entre os cinco estados com mais apreensões de notas falsas

Com mais de R$ 1,2 milhão em cédulas ilegítimas recolhidas neste ano, o estado ocupa a quinta posição nacional em volume de apreensões

Por Da Redação

Paraná está entre os cinco estados com mais apreensões de notas falsas Créditos: Polícia Federal

O Paraná se tornou um dos principais focos do crime de falsificação de moeda no Brasil. Segundo dados recentes, mais de 11,7 mil cédulas falsas foram apreendidas apenas em 2024, uma média alarmante de uma nota falsa retida a cada 45 minutos. Destas, cerca de 5,3 mil eram cédulas de R$ 100, a mais falsificada do país, seguida pelas de R$ 200 e R$ 50.

Com mais de R$ 1,2 milhão em cédulas ilegítimas recolhidas neste ano, o estado ocupa a quinta posição nacional em volume de apreensões, de acordo com o Banco Central e a Polícia Federal. Os números colocam o Paraná entre as unidades federativas mais atingidas por esse tipo de delito, atrás apenas de grandes centros como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Além da grande quantidade de notas falsas, o estado se destaca por ter sido palco de esquemas sofisticados de falsificação e distribuição. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em março deste ano, em Cascavel, no oeste do estado, quando uma operação conjunta entre a Polícia Militar e a Polícia Federal desmantelou uma verdadeira fábrica de dinheiro falso. A investigação revelou a existência de equipamentos de alto nível, como impressoras profissionais, plastificadoras, seladoras e papel especializado, capazes de produzir cédulas em larga escala, que eram posteriormente comercializadas pela internet e entregues por meio de serviços de encomenda.

Durante a operação, os policiais localizaram o principal suspeito, de 26 anos, e sua companheira, de 23. Ambos foram presos e responderão pelo crime previsto no artigo 289 do Código Penal, que trata da falsificação e circulação de moeda falsa, com pena que pode chegar a 12 anos de prisão.

Aliciamento de jovens

Outro aspecto preocupante revelado pelas autoridades é o envolvimento cada vez maior de jovens e adolescentes nesses crimes. Nesta sexta-feira (16), a Polícia Federal apreendeu em Cascavel um adolescente de 17 anos que havia adquirido cédulas falsas pela internet. Foi o segundo caso similar registrado em curto espaço de tempo no município, sinalizando um padrão recorrente: jovens entre 16 e 22 anos, atraídos pela promessa de lucro fácil, são aliciados por organizações criminosas que operam majoritariamente em ambientes virtuais.

A PF reforça o alerta aos pais e responsáveis sobre a importância de monitorar as atividades online dos filhos. “Muitos adolescentes não têm noção da gravidade do crime. Mesmo pequenas quantidades de cédulas falsas podem resultar em prisão e antecedentes criminais”, destaca a corporação.

Estrutura nacional

Em nível nacional, a Polícia Federal contabilizou a apreensão de mais de 202 mil cédulas falsas em 2024, número 38,3% menor que o de 2023, que somou 328 mil. Essa redução é atribuída principalmente à intensificação das ações repressivas e ao desmonte de laboratórios clandestinos. Nos últimos quatro anos, 20 centros de produção foram desmantelados, muitos com capacidade de injetar até R$ 20 milhões em notas falsificadas no mercado.

Uma dessas ações, a Operação Oris, deflagrada em julho de 2024, foi responsável por fechar uma fábrica que produzia cerca de 50% das cédulas falsas em circulação no país. A operação aconteceu em Itanhaém, no litoral de São Paulo, e resultou na apreensão de maquinário, papel-moeda e na prisão de envolvidos.

Segundo a PF, o modus operandi dessas organizações envolve três frentes principais: a produção das cédulas, a distribuição (por meios físicos ou digitais) e a lavagem do dinheiro. A cadeia criminosa se utiliza de redes sociais e aplicativos de mensagens para aliciar compradores e distribuir o material, muitas vezes com o apoio logístico de empresas de entrega.

Os Correios, por exemplo, têm atuado como parceiros das forças de segurança. Em 2024, a estatal participou de 614 operações em conjunto com a Polícia Federal, que resultaram na apreensão de cerca de R$ 1,7 milhão em cédulas falsas. Em um dos casos, uma mulher foi presa em Cuiabá após receber pelos Correios uma encomenda contendo R$ 4,1 mil em notas falsificadas.

Como identificar uma nota falsa?

Apesar das quedas nos números gerais, a circulação de cédulas falsas ainda representa um risco para a economia e para o consumidor. Segundo pesquisa do Banco Central intitulada “O Brasil e sua relação com o dinheiro”, 36,4% da população já recebeu uma nota falsa. Entre os comerciantes, o índice é ainda maior: 46,9%.

A principal forma de combater essa prática é a informação. O Banco Central orienta que, ao receber dinheiro em espécie, as pessoas verifiquem características como:

- Marca d’água: visível contra a luz, com o animal e valor da nota.

- Fio de segurança: linha escura que aparece no meio da cédula.

- Alto-relevo: perceptível ao tato em partes específicas da nota.

- Quebra-cabeça: valor da cédula visível quando olhada contra a luz.

- Elementos fluorescentes: visíveis sob luz ultravioleta.

Caso uma cédula falsa seja identificada, o cidadão deve encaminhá-la a uma instituição financeira, que fará a remessa ao Banco Central. É fundamental nunca tentar colocá-la de volta em circulação, pois isso também configura crime.

O artigo 289 do Código Penal estabelece pena de 3 a 12 anos de reclusão, além de multa, para quem falsifica, vende ou distribui moeda falsa. Já para quem, mesmo tendo recebido a nota de boa-fé, decide repassá-la após descobrir que é falsa, a pena varia de seis meses a dois anos de reclusão, além de multa.