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O Carnaval vence o silêncio e volta às ruas de Cascavel

2025 marca o retorno triunfal dessa festa, não apenas como um evento, mas como um símbolo de resistência, identidade e pertencimento

Por Gazeta do Paraná

O Carnaval vence o silêncio e volta às ruas de Cascavel Créditos: Assessoria Bia Alcântara

Por anos, o Carnaval de Cascavel foi uma lembrança engavetada, uma saudade guardada nos blocos dispersos, nos batuques clandestinos, nos confetes que não chegaram a tocar o chão. Mas 2025 marca o retorno triunfal dessa festa, não apenas como um evento, mas como um símbolo de resistência, identidade e pertencimento. A cidade, que já dançou ao ritmo das marchinhas e sambas enredo, se reencontra com a alegria que nunca deveria ter sido interrompida.  

O caminho até aqui foi longo. Em 2023, a proibição do Carnaval de rua deixou um rastro de frustração entre foliões, artistas e comerciantes, que viram não apenas a festa desaparecer, mas também uma parte da própria história se apagar. No ano seguinte, mesmo sem apoio oficial, os blocos se recusaram a deixar a cidade mergulhar no silêncio. Samba da Vila, Casanóz e outros grupos organizaram festas alternativas, improvisaram encontros, fizeram da ausência uma forma de protesto. No dia 13 de fevereiro, o ato diante da Prefeitura selou o grito coletivo: o Carnaval não era um capricho, mas uma necessidade.  

A mobilização surtiu efeito. Em 2025, a festa volta ao calendário oficial do município, fruto da persistência da classe artística, da organização popular e do apoio de mandatos legislativos comprometidos com a cultura. A ex-vereadora Professora Liliam e a atual vereadora Bia Alcântara estiveram entre as vozes mais ativas dessa conquista, garantindo que o Carnaval voltasse não como uma concessão, mas como um direito.  

 

Caindo na folia

No dia 1º de março, a Praça Wilson Joffre será o epicentro de um Carnaval pensado para todos. Crianças, adolescentes, adultos e idosos terão um espaço onde poderão celebrar, reviver memórias e construir novas histórias. Oficinas artísticas convidarão os pequenos a mergulhar no universo lúdico da festa, enquanto as marchinhas prometem embalar os foliões mais nostálgicos.  

A gastronomia também terá seu espaço, com uma praça de alimentação repleta de sabores, cheiros e temperos que fazem do Carnaval uma experiência não apenas sonora e visual, mas também sensorial. Haverá concursos de fantasias, apresentações musicais e performances culturais que darão protagonismo aos artistas locais, fazendo da festa um palco para a expressão da identidade cascavelense.  

E os blocos? Eles voltam com força total. Casanóz e Samba da Vila já preparam suas alas, aquecem seus tambores e afinam seus instrumentos. Se antes o Carnaval de rua de Cascavel era fragmentado, desta vez ele se fortalece como um evento estruturado, reconhecido e legitimado pelo poder público. Mas a essência permanece a mesma: uma festa que nasce do povo e para o povo, sem barreiras, sem censuras, sem restrições.  

 

Economia criativa 

O retorno do Carnaval não é apenas uma vitória simbólica para a cultura local; é também um impulso concreto para a economia da cidade. O evento movimentará setores como turismo, comércio e gastronomia, gerando empregos temporários e fortalecendo pequenos empreendedores. Artesãos, músicos, ambulantes e donos de bares e restaurantes terão uma oportunidade de ampliar sua visibilidade e aumentar sua renda.  

Mas há algo ainda mais valioso em jogo: o reconhecimento de que o Carnaval não pode ser tratado como um evento isolado, mas como uma política cultural contínua. Para a classe artística de Cascavel, a luta não termina com a realização da festa em 2025. A reivindicação agora é por estrutura, financiamento e compromisso do município em garantir que essa celebração faça parte do calendário oficial nos próximos anos, sem que seja necessário enfrentar, novamente, um ciclo de esquecimento e resistência.  

O Carnaval que retorna a Cascavel em 2025 não é apenas um reencontro com a alegria. É um lembrete de que a cultura sobrevive, mesmo diante dos obstáculos, e que a festa sempre encontra um jeito de acontecer. Nos batuques dos blocos, nos brilhos das fantasias, no coro das vozes que cantam juntas, a cidade volta a se afirmar: Cascavel tem Carnaval, e ninguém pode apagar essa história.

Créditos: Redação