Ponto 14

MP recomenda que prefeitura reforce fluxo de denúncias de racismo após atividade escolar que usou esponjas de aço para retratar cabelos de negras

Por Giuliano Saito


Trabalho aconteceu dentro de creche em Almirante Tamandaré no ano passado. Mães denunciaram o caso à Polícia Civil. Mães fizeram B.O. por racismo contra atividade sobre mulheres negras em Cmei do Paraná Foto Cedida/Noemi da Silva Modesto O Ministério Público do Paraná (MP-PR) recomendou que a Prefeitura de Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), "reforce o fluxo de providências" de denúncias de racismo que ocorrem dentro de unidades de ensino públicas e privadas. A medida foi recomendada após uma atividade escolar em que os cabelos de mulheres negras foram retratados com esponjas de aço. O caso aconteceu em novembro de 2022 no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Dona Ruth Weigert. As imagens da atividade foram colocadas em uma parede da unidade de ensino. Revoltadas, duas mães de alunos expuseram a situação nas redes sociais e registraram um Boletim de Ocorrência (B.O.) por racismo. Relembre a polêmica abaixo. Procurada pelo g1, a prefeitura informou que vai se manifestar sobre o posicionamento do MP nesta sexta-feira (5). Quando o caso surgiu, a administração municipal informou que acionou a equipe pedagógica do CMEI e encaminhou a denúncia para a Comissão de Sindicância, que poderia abrir um processo administrativo. O que o MP recomenda O promotor Anastácio Fernandes Neto, responsável pela recomendação administrativa, deu 90 dias para que o município reforce o fluxo de denúncias da seguinte forma: acolhimento e registro formal dos casos noticiados pelo denunciante e/ou pelo Canal de Denúncia geração de número exclusivo de acompanhamento do caso, a ser informado ao denunciante, que poderá ter ciência da conclusão da apuração nos canais da Universidade preservação de imagens existentes do circuito interno de monitoramento do local onde ocorreu o fato, onde houver, pelo período de 6 (seis) meses registro dos nomes e contatos das vítimas, testemunhas e prepostos alegadamente envolvidos no fato, se fornecidos e se estes concordarem Conforme o promotor, assim que ficar ciente da recomendação, a prefeitura deve assegurar, "em suas plataformas digitais, informação visível e acessível sobre o canal para realização e tratamento das denúncias". Mães fazem B.O. por racismo em atividade de Cmei no Paraná: 'Representaram mulher negra com cabelo de palha de aço' Após professora denunciar racismo em supermercado e tirar a roupa em protesto, rede encerra circulação de seguranças em lojas Capacitação de professores O Ministério Público recomendou ainda "ações afirmativas e de formação continuada para docentes, alunos, funcionários" no mesmo período, ou seja, 90 dias, "a fim de evitar que episódios semelhantes ao apurado (atividade escolar no CMEI) se repitam". Como foi Segundo as mães que denunciaram o caso à Polícia Civil, 17 crianças entre três e quatro anos tiveram que fazer o trabalho escolar. Negros são 56% da população, mas presença na Câmara Federal ainda não chega a 30%: 'Representação é necessária para toda a sociedade' Em entrevista ao g1 na época, uma das mães, Noemi Modesto, disse ter visto as imagens das esponjas de aço caracterizando os cabelos de mulheres negras e explicado à coordenadora da creche que "aquilo era racista". Outra mãe, Karla Roberta Baptista, apoiou a iniciativa e procurou a diretora para pedir a retirada dos materiais. "Em um dia a Pietra [filha] chegou em mim e perguntou se a gente mudava de cor, e eu falei que não. Ela disse que estava na escola dela esse mural, e falou 'mas eu não tenho cabelo de Bombril, mãe'. O filho da Noemi pediu para alisar o cabelo porque estava com vergonha depois dessa situação", contou Karla à reportagem. Mais assistidos do g1 PR Veja mais em g1 Paraná.