Movimento “Bebida Legal” tem lançamento nacional em Curitiba e reforça combate à falsificação de bebidas

Eliane Alexandrino/Cascavel

O movimento Bebida Legal, liderado por empresários, pela Abrabar (Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas) e pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio do NAPI Segurança Pública e Ciências Forenses, vinculado à UFPR, realiza seu lançamento nacional no dia 14 de outubro, em Curitiba.

Criada ainda no primeiro semestre de 2025, a iniciativa nasceu no Paraná com o propósito de conscientizar consumidores e comerciantes sobre os riscos das bebidas falsificadas e adulteradas, além de combater a venda e o consumo de produtos sem procedência ou de origem ilícita.

O NAPI é um dos pilares do movimento e atua na construção de soluções científicas e políticas públicas voltadas à rastreabilidade, controle e certificação de bebidas. A união entre a pesquisa acadêmica, o setor empresarial e o poder público tem sido essencial para ampliar o alcance e a efetividade das ações.

“O intuito do nosso movimento é liderar nacionalmente, até porque estamos em um estado que, naturalmente, é um corredor de contrabando, falsificação e produtos adulterados. Muitos vinhos vêm da Argentina sem procedência ou nota fiscal, e o mesmo ocorre com produtos do Paraguai. Recentemente, tivemos um caso grave no estado, envolvendo dois restaurantes de grande nome nacional, cujos empresários foram presos em flagrante por comercializar produtos sem procedência. Esse alerta é fundamental, pois, se a lei federal for alterada e o crime passar a ser considerado hediondo, empresários que compram sem nota podem perder a primariedade e ter seus nomes manchados. É dever não só da nossa entidade, mas de todo o segmento, atuar unidos na prevenção, na segurança pública e na saúde pública”, afirma Fábio Aguayo, presidente da Abrabar.

A campanha ganha agora alcance nacional, impulsionada pelos recentes casos de intoxicação por metanol registrados em vários estados brasileiros, inclusive no Paraná, que já contabiliza ocorrências e internações confirmadas. O metanol, substância altamente tóxica e proibida para uso em bebidas alcoólicas, pode causar danos irreversíveis ao fígado, cérebro e nervo óptico, levando à cegueira e até à morte.

“Desde o início, nosso objetivo é salvar vidas e fortalecer o comércio legal. O movimento nasceu antes mesmo desses episódios graves, mas a tragédia reforçou a urgência do tema. É hora de unir forças para combater um problema que é nacional”, afirma Marquinhos Mufs, idealizador do projeto e empresário do setor há mais de duas décadas.

 

Paraná em posição estratégica

O Paraná está entre os estados que mais preocupam as autoridades sanitárias por estar na rota do contrabando de bebidas vindas da Argentina e do Paraguai — o que facilita a circulação de produtos adulterados. O estado é um corredor natural de entrada de mercadorias contrabandeadas, falsificadas e adulteradas, por fazer fronteira com a Argentina, referência na produção de vinhos, e com o Paraguai, de onde muitos brasileiros ainda compram destilados sem procedência.

De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), 36% dos destilados comercializados no Brasil são falsificados ou adulterados — um número alarmante que reforça a necessidade de ações preventivas.

“Estamos reforçando recomendações e orientações, com ações de alerta e pedidos de força-tarefa envolvendo diversas secretarias estaduais. A ideia é atuar de forma conjunta na prevenção, com campanhas educativas em bares, casas noturnas e nas redes sociais”, explica Aguayo

O movimento Bebida Legal também vem inspirando mudanças na legislação. Atualmente, diversos projetos tramitam na Assembleia Legislativa do Paraná com o objetivo de criar mecanismos de controle, certificação e combate à adulteração de bebidas. Entre as propostas está a criação do selo “Bebida Legal”, que deverá certificar estabelecimentos que comercializem apenas produtos com procedência comprovada, oferecendo ao consumidor garantia de origem e segurança jurídica.

“O cidadão tem o direito de saber exatamente o que está bebendo. Diante de tantos riscos à saúde, é essencial termos uma lei que garanta procedência, com segurança jurídica e social para consumidores e empresários”, reforça Aguayo.

 

Audiência pública em Curitiba

Como desdobramento direto dessa mobilização, será realizada no dia 15 de outubro a audiência pública “Bebidas e Metanol: Riscos à Saúde Pública e Combate à Adulteração”, no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná, às 10h.

O encontro reunirá autoridades, representantes do poder público, da indústria, da academia e da saúde, além de lideranças do setor gastronômico e do entretenimento, para discutir estratégias de prevenção, fiscalização e educação voltadas à segurança do consumo de bebidas no país.

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