Ministério Público instaura processo administrativo e oficializa a Copel
Entre os pedidos estão a devolução dos valores cobrados desproporcional aos clientes, periciais nos medidores inteligentes, além da implantação de um canal direto de comunicação junto a Copel
Por Gazeta do Paraná

A Câmara Municipal de Vereadores de Cascavel ficou lotada ontem (27) e foi o local de uma grande discussão sobre o aumento nas tarifas da Copel (Companhia Paranaense de Energia), assim como as constantes quedas do fornecimento de energia elétrica tanto na área urbana, mas principalmente na zona rural da cidade.
A promotora de justiça da 12ª promotoria, Larissa Vitorassi Batistin, participou da audiência e afirmou que várias medidas já foram e serão tomadas em relação às queixas apresentadas pelos consumidores. “A gente já instaurou um processo administrativo para acompanhar a situação que é uma demanda coletiva do consumidor que merece ser atendida, e nós oficiamos para a Copel que se criasse um canal de atendimento a esses consumidores que relatam problemas, que já foi atendido na audiência. A gente pediu também, mas ainda sem respostas que suspenda aquelas contas que aumentaram de forma demasiada sem nenhuma justificativa. E que devolva os valores que tenham sido pagos de forma desproporcional em dobro, pois é isso que o código de defesa do consumidor preconiza, ainda aguardamos a resposta, pois eles estão dentro do prazo. Também iremos realizar perícias por órgãos oficiais nesses equipamentos para que a população tenha segurança que a energia vem sendo medida de forma adequada”, ressalta a promotora.
Queda de energia
Clientes consumidores de energia mostraram descontentamento e reclamaram com as constantes quedas de energia. “Estamos tendo muito prejuízo na nossa região, perda de peixes, suínos, aves e por estamos aqui representando os produtores rurais. Queremos saber da Copel qual a dificuldade para conseguir solucionar a queda de energia que vem acontecendo com muita frequência. Toda semana temos falta de energia. Já perdi mais de 9 mil tilápias sem contar problemas em motores de piscinas, bombas d’água e lâmpadas, ultrapassam R$40 mil reais, afirma o produtor rural, André dos Santos.
As constantes reclamações e denúncias dos consumidores em relação ao alto consumo de um mês para o outro na tarifa, após a troca do relógio inteligente da companhia, fez com que a Comissão do Consumidor da Câmara de Vereadores fosse buscar explicações da Copel e soluções para o problema junto aos demais órgãos competentes. Já que o número crescente de queixas dos consumidores cresceu consideravelmente. “Eu tinha um valor médio de consumo de R$ 180 nos últimos meses saltou para R$ 270, quase 50% a mais. Somos três pessoas na casa, a medida de consumo é a mesma, só temos geladeira e chuveiro que consomem energia. Isso não está certo, depois da troca do medidor a conta disparou”, reclama o aposentado João Lima.
Mediação
A audiência foi mediada pelos vereadores Everton Guimarães (PMB), Mazzuti (PL) e Dr Lauri (MDB) e também foi uma proposta do vereador e presidente da casa de leis, Tiago Almeida, (Progressistas) e contou com a presença dos representantes da Copel, Ministério Público, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Procon e dos moradores/consumidores. “Em conjunto com a comissão do consumidor nós fizemos esse trabalho que a população nos tem cobrado. Estamos aqui para fiscalizar, acompanhar e dar um resultado a população. Importante que o auditório lotou, vários representantes de outros órgãos e nós precisamos dar uma resposta em conjunto com quem está aqui. Agora vamos pautar o que a população nos trouxe e vamos encaminhar aos nossos deputados também”, ressalta Almeida.
Sendo a principal queixa dos consumidores o aumento significativo nas contas de luz após a troca dos chamados “medidores inteligentes”. Somente em 2024 a Copel registrou 108 reclamações, e agora em 2025 antes do fechamento do trimestre somam 106 reclamações. Outra reclamação em excesso tem vindo da zona rural, a Gazeta Paraná trouxe no começo do mês de março uma reportagem mostrando os prejuízos de produtores de peixes e frangos no interior de Cascavel, por conta da queda recorrente do fornecimento de energia elétrica.
Eliane Alexandrino/Gazeta do Paraná