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Médica acusada de antecipar mortes em UTI de Curitiba não irá a júri popular, decidem desembargadores

Por Giuliano Saito


Decisão valida recurso da defesa, revogando deliberação de 2021. Desta forma, médica Virgínia Soares de Souza será julgada por juiz de primeira instância. MP-PR disse que irá recorrer. Médica Virgínia Soares de Souza Reprodução/TV Globo Por 4 votos a 1, desembargadores da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) decidiram nesta quinta-feira (16) que a médica Virgínia Soares de Souza não irá a júri popular. Cabe recurso. A decisão revoga uma deliberação de 2021, que tinha definido pelo júri, mas que era contestada por um recurso da defesa da médica. Entenda abaixo. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Virgínia é acusada de antecipar a morte de sete pacientes em tratamento que estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do então Hospital Evangélico, hoje Hospital Universitário Evangélico Mackenzie. As mortes foram entre 2011 e 2013, segundo o Ministério Público do Paraná (MP-PR), que denunciou a médica. Na época, sete subordinados de Virgínia também foram presos e denunciados. Em nota, o MP-PR disse que "adotará as medidas cabíveis no sentido de recorrer para que o caso seja julgado pelo Tribunal do Júri". O órgão também reforçou acreditar na "ocorrência de crimes de homicídio praticados pela denunciada contra pacientes que estavam sob seus cuidados". Desde o início do caso, a defesa da médica nega as acusações contra Virgínia e sustenta que ela "praticou atos com justificativas em literaturas médicas". Longa tramitação no processo A decisão desta quinta (16) é mais um episódio de uma longa tramitação que envolve o principal processo contra a médica. Inicialmente, há 10 anos, Virgínia foi denunciada pelo MP-PR e virou ré por homicídio qualificado. Quatro anos após o caso vir à tona, em 2017, o juiz Daniel Surdi Avellar, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, considerou que não havia provas suficientes para médica ir a júri popular, inocentando ela e os demais réus. O Ministério Público discordou e apresentou apelação, que em 2021 chegou ao Tribunal de Justiça do Paraná. No órgão, em maio daquele ano, por dois votos a um, a decisão do juiz foi revista e Virgínia, junto de outros cinco réus, foram enviados a júri popular por homicídio doloso simples. Foi esta decisão que foi revista nesta quinta (16). Defesa contestava decisão do TJ O julgamento desta quinta foi uma resposta a um recurso da defesa de Virgínia, que contestava a decisão do TJ de 2021. Para mover o recurso, a defesa da médica se apegou em um voto vencido na primeira revisão de inocência da acusada. Em resumo, a defesa de Virgínia solicitou que outros julgadores avaliassem novamente a questão, para definir se Virgínia era inocente, como definiu o primeiro juiz, ou se deveria ir à júri, como indicou o primeiro recurso vencedor do MP. Médica responde por outras 82 mortes, segundo MP Segundo o MP-PR, além dos sete casos que motivaram a prisão há 10 anos, Virgínia responde pela prática de outros 82 homicídios. "As respectivas ações penais encontram-se em fase de instrução judicial. Existem, ainda, mais de 100 inquéritos policiais em trâmite relacionados aos ilícitos praticados pelos denunciados", disse o Ministério Público. O caso Médica Virginia Soares de Souza Reprodução/RPC A antecipação das sete mortes veio à tona em 2013, quando a polícia prendeu Virgínia e outros sete funcionários da UTI, subordinados à médica. Virgínia era chefe da unidade no Hospital Evangélico. No curso do processo, o MP pediu que dois réus fossem inocentados. De acordo com a denúncia, o grupo teria usado técnicas médicas para que os pacientes viessem a óbito, com o objetivo de liberar leitos na unidade, na época uma das maiores do Paraná. Para o MP-PR ,Virgínia usou medicamentos, como sedativos e analgésicos, e reduzido a taxa de oxigênio de pacientes da UTI, o que levou a morte deles por asfixia. A defesa da médica nega todas as acusações. Vídeos mais assistidos do g1 PR: Veja mais notícias do estado em g1 Paraná.