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Lula convoca embaixador americano e Trump anuncia taxação de 50% ao Brasil

Trump afirmou que o Brasil "não tem sido bom" para os americanos e anunciou  novas tarifas a partir de 1º de agosto

Por Gazeta do Paraná

Lula convoca embaixador americano e Trump anuncia taxação de 50% ao Brasil Créditos: Reprodução

O Ministério das Relações Exteriores convocou nesta quarta-feira (9) o chefe da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, Gabriel Escobar, para prestar esclarecimentos após declarações oficiais do governo Donald Trump e da representação diplomática americana em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida, adotada pelo Itamaraty, sinaliza forte descontentamento com o teor das manifestações, consideradas interferência em assuntos internos do Brasil. No fim da tarde, o presidente norte-americano decidiu tarifar produtos importados do Brasil em 50% a partir de 1º de agosto.

Na prática diplomática, a convocação de um representante estrangeiro à chancelaria é um gesto formal de protesto e insatisfação. Gabriel Escobar, que ocupa o cargo de encarregado de negócios — em razão da ausência de um embaixador americano nomeado —, foi chamado após a embaixada dos EUA afirmar que Bolsonaro e sua família “são parceiros dos Estados Unidos” e vítimas de perseguição política no Brasil.

A declaração foi publicada pela missão diplomática na manhã de ontem, ecoando falas feitas dois dias antes pelo próprio Donald Trump. Em seu perfil na plataforma Truth Social, o ex-presidente norte-americano afirmou que Bolsonaro sofre uma “caça às bruxas” e classificou o tratamento dado a ele pela Justiça brasileira como “uma coisa horrível”.

“Jair Bolsonaro e sua família têm sido fortes parceiros dos Estados Unidos. A perseguição política contra ele, sua família e seus apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil. Reforçamos a declaração do presidente Trump”, disse a embaixada dos EUA em nota oficial.

A publicação, que surpreendeu autoridades brasileiras, causou reação imediata no Palácio do Planalto. Ainda na segunda-feira (7), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou nota afirmando que "a defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros" e enfatizou que o país “é soberano” e não aceita interferências externas em seus assuntos internos.

Desde que voltou ao protagonismo político nos Estados Unidos, Donald Trump e figuras do movimento ultraconservador americano vêm reforçando críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, especialmente, ao ministro Alexandre de Moraes, relator das ações penais ligadas aos atos antidemocráticos de 2022.

Integrantes do governo Trump sustentam a narrativa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo perseguido por um sistema judiciário supostamente “instrumentalizado” para silenciar opositores do presidente Lula. À Folha de S.Paulo, um assessor sênior de Trump disse que as decisões de Moraes “subvertem a democracia” para sustentar “um governo impopular”.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, tem sido um dos principais articuladores dessa tese junto a parlamentares e autoridades nos EUA. Desde que se licenciou do mandato para viver no exterior, Eduardo tem denunciado Moraes por supostas violações à liberdade de expressão e aos direitos humanos, alegando censura a empresas e residentes norte-americanos com atuação no Brasil.

No mês passado, Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente João Figueiredo e ex-comentarista da Jovem Pan, usou o mesmo discurso em audiência no Congresso americano.

Taxação

Trump  afirmou que o Brasil "não tem sido bom" para os americanos e que deve cumpriu a promessa de taxar em 50% a importação dos produtos nacionais. "O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom", afirmou Trump. "Vamos divulgar um dado sobre o Brasil, acredito, no final desta tarde ou amanhã de manhã". A nova alíquota entra em vigor a partir do dia 1º de agosto. 

 

Na terça (8), Trump reforçou a ameaça de cobrar mais tarifas de importação de países que compõem os Brics. O grupo, afirmou Trump, tem a intenção de "destruir o dólar", o que justificaria a imposição de sobretaxas de 10% além das que já foram estabelecidas.

"O Brics foi criado para desvalorizar nosso dólar. Qualquer um que esteja no Brics receberá uma cobrança de 10 %", disse ao responder a jornalistas durante reunião do seu gabinete na Casa Branca.

"O dólar é rei. Vamos mantê-lo assim. Se as pessoas quiserem desafiá-lo, podem. Mas terão que pagar um alto preço. Não acho que nenhum deles vai pagar esse preço", afirmou o presidente. Segundo ele, a cobrança começaria "logo". O governo estipulou o dia 1º de agosto como data para novas tarifas entrarem em vigor.

 

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