Formighieri sugere terreno entre Polícia Civil e PM para instalação de Centro Pop em Cascavel

Durante a edição mais recente do programa Tijolinho, transmitido pelo GCast, o podcast da Gazeta do Paraná, o apresentador Marcos Formighieri trouxe à tona um dos temas mais complexos e delicados do cenário urbano atual: a situação dos moradores em situação de rua. Com um discurso direto, ele reconheceu a gravidade da questão social, apontou os riscos da omissão e sugeriu uma solução prática para Cascavel: a utilização de um terreno localizado entre a Delegacia de Polícia Civil e o Batalhão da Polícia Militar como espaço para a instalação da Casa Pop e do Centro Pop.

“Estamos diante de uma chaga aberta na sociedade brasileira. É uma tragédia que se espalhou pelas médias e grandes cidades e que, infelizmente, tem gerado transtornos diários”, afirmou Formighieri, ao fazer sua análise.

Para ele, não se trata apenas de uma questão de vulnerabilidade social, mas de segurança pública e de responsabilidade administrativa.

“Hoje, o que vemos é um agravamento da situação, inclusive com infiltração do crime organizado entre os moradores de rua. No meio dessas pessoas, há bandidos com diploma de bandido.”

Apesar da crítica, Formighieri foi enfático ao dizer que não se deve generalizar. Ele reconhece que muitos moradores de rua estão nessa condição por motivos diversos, desde problemas familiares até o uso de drogas ou desemprego, e que merecem acolhimento digno. “Há quem viva assim por escolha, mas há também quem precise de ajuda. A legislação é clara: o poder público deve proteger, apoiar, oferecer condições para que essas pessoas tenham uma chance de se reerguer.”

É justamente nesse ponto que entra a proposta feita por ele durante o programa. Em vez de instalar casas de acolhimento em bairros residenciais, onde, segundo ele, há sempre resistência da população, preocupada com o impacto na vizinhança, Formighieri sugere um espaço já utilizado pelo poder público: um amplo terreno entre a Delegacia da Polícia Civil e o Batalhão da Polícia Militar, no centro de Cascavel. Hoje, a área serve como pátio para veículos apreendidos, muitos deles em estado de abandono.

“O terreno está praticamente tomado por carros apodrecendo, servindo de criadouro de mosquito da dengue, com risco de doenças”, afirmou.

Conforme Formighieri, o local é o ideal para instalação de um centro de acolhimento, já que possui vigilância permanente da polícia, não há vizinhos residenciais nem comércio ao redor, e está dentro da área central da cidade, como exige a lei.

Segundo ele, além de resolver a questão da localização, que é sempre um ponto sensível nesse tipo de projeto, o espaço poderia ser aproveitado para atividades que promovam a reinserção social, como por exemplo a instalação de uma horta para o trabalho desses moradores.

A legislação federal, especificamente a Lei nº 12.435/2011, prevê que os Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centro Pop) devem estar localizados em áreas centrais ou de fácil acesso. A realidade, no entanto, é que em muitas cidades os projetos esbarram na resistência de moradores e comerciantes, que temem aumento da criminalidade ou degradação urbana.

Para Formighieri, a atuação do poder público precisa ser firme, mas equilibrada. Ele elogiou a postura do prefeito de Cascavel, Renato Silva, ao lidar com a questão:

“O prefeito tem sido firme, age com autoridade, mas sem raiva ou arbitrariedade. Acolhe, trata, alimenta, protege, mas também entende que esse acolhimento não pode ser permanente. A partir de certo ponto, a pessoa precisa buscar autonomia, se reerguer, estudar, trabalhar e sair das ruas”.

O apelo é para que agora, o prefeito analise o espaço e possa implementar no local descrito por Formighieri, a estrutura para um Centro Pop.

“Coloquem essa gente ali. Prefeito, você tem agido muito bem, digno de elogios nessa questão. Não saiu por aí fazendo demagogia. Você está agindo serenamente, tranquilamente, como muita energia e sinceridade para resolver o problema. Avalie um pouco essa sugestão, dê uma olhada naquele terreno. Tem mais de uma quadra cheio de carros velhos jogados ali. É um risco permanente de contaminação. Veja o bem que você vai causar para a cidade. Tire as latas velhas dali e coloque a casa para apoio dos moradores de rua. E ninguém vai reclamar, porque é polícia de um lado, polícia de outro lado e o exército na frente”, frisou Formighieri.