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Exposição Ausências Brasil relembra memória de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar

O projeto teve início na Argentina, motivado pelo desaparecimento do irmão de Germano, vítima da ditadura que derrubou Isabel Perón

Por Da Redação

Exposição Ausências Brasil relembra memória de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar Créditos: Reprodução

A exposição Ausências Brasil, produzida pelo fotógrafo Gustavo Germano em parceria com o Núcleo de Preservação da Memória Política, está aberta para visitação no Centro MariAntonia da USP até 16 de maio. O conjunto de 12 fotos duplas mostra desaparecidos políticos junto de suas famílias, e a reprodução atual evidenciando as mortes e desaparecimentos na ditadura civil-militar no Brasil. A exposição estreou dia 31 de março, data que marca o aniversário do golpe militar no País, e está aberta para visitação de terça a domingo, das 10h às 18h. Às sextas, são realizadas visitas guiadas com rodas de conversa com ex-presos políticos.

O projeto teve início na Argentina, motivado pelo desaparecimento do irmão de Germano, vítima da ditadura que derrubou Isabel Perón, sob a liderança do general Jorge Rafael Videla. O projeto se expandiu para outros países latinos, a maioria alvos da Operação Condor – campanha de repressão e terrorismo de Estado orquestrada pelas ditaduras no Cone Sul, com o apoio dos Estados Unidos.

Um dos objetivos do projeto, segundo Kátia, é refletir sobre a democracia e rechaçar a ditadura. “Cada vez que a gente apresenta essa exposição, é uma forma de reparar essas famílias”, diz.

“A história do Brasil é pautada na violência”, afirma o historiador César Novelli. “Há muitos vínculos entre a violência de Estado da ditadura com os desaparecimentos e assassinatos pelas mãos de policiais hoje em dia.” Segundo o historiador, as violências do presente são sinal da impunidade permitida após a redemocratização.

A mostra já foi exposta em outros lugares da Grande São Paulo, e esteve presente em Diadema, onde estabeleceu um diálogo com o caso da Favela Naval, evidenciando os resquícios da ditadura. Em 1997, uma reportagem da Rede Globo expôs um grupo de policiais militares que extorquiam, espancavam, torturavam e executavam moradores da comunidade impunemente.

Ele também comenta sobre a tentativa de anistia aos acusados da tentativa de Golpe de Estado em 2022: “Os torturadores não foram julgados. […] A anistia [de 1979] foi negociada pelo Congresso e favoreceu o esquecimento, e a anistia que propõem hoje busca varrer para debaixo do tapete os crimes de agora.”

O Núcleo de Preservação da Memória Política foi fundado em 2009 por ex-presos políticos, para trabalhar a memória e conscientizar os mais jovens. O primeiro trabalho do grupo foi a construção do Memorial da Resistência de São Paulo. Atualmente trabalha junto da OAB, Seção São Paulo, na construção de um memorial da luta pela justiça, que será sediado no prédio onde ocorriam as auditorias militares e o julgamento dos presos políticos.