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Empresa madeireira fecha unidade em Quedas do Iguaçu após taxação dos EUA

Segundo dados divulgados pela Millpar, o setor madeireiro exportou US$ 1,6 bilhão aos EUA em 2024

Por Da Redação

Empresa madeireira fecha unidade em Quedas do Iguaçu após taxação dos EUA Créditos: Millpar

A indústria madeireira paranaense sofreu um duro golpe com o anúncio do encerramento das atividades da unidade da Millpar em Quedas do Iguaçu, na região central do Estado. A decisão foi comunicada pela própria empresa nesta semana e está diretamente ligada ao aumento das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.

De acordo com a companhia, o mercado norte-americano é o principal destino da produção da Millpar, e a elevação da tarifa de 10% para 50% reduziu drasticamente a competitividade das exportações brasileiras. Sem condições de manter o fluxo de vendas ao exterior, a direção da empresa decidiu encerrar definitivamente a operação em Quedas do Iguaçu, medida que afeta trabalhadores e fornecedores locais. O número de funcionários desligados, no entanto, não foi divulgado.

Em comunicado, a Millpar explicou que, inicialmente, havia concedido férias coletivas aos colaboradores como forma de ganhar tempo diante do cenário adverso. Porém, a persistência da nova tarifação forçou a adoção de medidas mais drásticas. A principal unidade, em Guarapuava, segue em funcionamento, mas também passou por redução no quadro de colaboradores.

“Estamos tomando decisões extremamente difíceis, mas que se tornam necessárias neste momento para manter a sustentabilidade do negócio e preservar parcela significativa dos postos de trabalho. Lamentamos muito perder parte de um time de excelentes colaboradores, mas temos de pensar também naqueles que ficam”, afirmou Ettore Giacomet Basile, CEO da Millpar.

A empresa informou que, além dos direitos trabalhistas previstos em lei, concedeu benefícios extras aos demitidos, como auxílio-alimentação temporário, apoio psicológico e orientação para recolocação no mercado.

O prefeito de Quedas do Iguaçu Rafael Moura lamentou o fechamento da unidade e ressaltou a importância da empresa para a economia local nas últimas décadas.

“Recebemos com muita tristeza o encerramento das atividades da Millpar em Quedas do Iguaçu. Entendo que quando uma empresa fecha as portas, você faz também com que muitos sonhos sejam perdidos. A geração de empregos é a melhor forma de se desenvolver uma comunidade. A empresa trouxe muita prosperidade em seus tempos áureos e sabemos que ela estava com uma quantidade de funcionários reduzida atualmente”, afirmou.

Apesar do impacto, Moura disse acreditar que a mão de obra deve ser absorvida rapidamente pelo município, que vive um “bom momento econômico”. Segundo ele, outras empresas têm demonstrado interesse em se instalar na cidade. “Estamos à disposição de toda a comunidade para continuar trazendo empresas e fazendo com que nosso município tenha incentivos”, completou.

O prefeito ainda relacionou o encerramento da unidade às disputas comerciais internacionais. “Sabemos que essa decisão também passa por essas discussões globais e brigas políticas que se tem, e isso não é bom. Sempre quando o extremismo entra em cena, o povo sai perdendo”, disse.

Em Guarapuava, onde está sediada a principal unidade da Millpar, a prefeitura também se manifestou. Em nota, a gestão municipal lamentou a situação, mas direcionou críticas ao governo federal.

“Estamos trabalhando com afinco e seriedade por uma boa gestão. Em Guarapuava, sem aumentar os impostos estamos conseguindo aumentar a arrecadação, este é um resultado de uma gestão pública que respeita os cidadãos. Pena não haver este tipo de conduta similar no governo federal, com uma política séria e responsável de gestão financeira, que não impacte negativamente a indústria e o bolso do trabalhador brasileiro. Lamentamos imensamente a situação da Millpar, mas ela é ‘apenas’ mais uma vítima dos erros de gestão federal”, diz o texto.

Setor em alerta

A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) acompanha a situação e alerta que as medidas anunciadas recentemente pelo governo brasileiro para combater o tarifaço dos EUA, são paliativas. A entidade defende que apenas uma negociação direta entre Brasil e Estados Unidos poderá corrigir o desequilíbrio gerado pela nova política tarifária.

Segundo dados divulgados pela Millpar, o setor madeireiro exportou US$ 1,6 bilhão aos EUA em 2024. Com a tarifa atual, cerca de 180 mil empregos diretos no Brasil estariam em risco, tornando a questão um desafio não apenas para a indústria, mas também para o governo federal, que precisará buscar soluções diplomáticas para amenizar os efeitos no mercado.

A empresa afirmou que já enfrentou “grandes desafios antes” e que aposta na capacidade de adaptação e resiliência para atravessar o momento.

“A Millpar já enfrentou grandes desafios antes e é justamente nesses momentos que reforçamos nossa capacidade de adaptação e resiliência. Nossa gestão acompanha de perto essa movimentação global e entendemos que a intermediação governamental será essencial para restabelecer condições justas de comércio”, conclui Ettore.

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