Empresa deixa de realizar cirurgias eletivas no HU

Pacientes terão que esperar nova licitação; Hospital São Lucas vai auxiliar nos casos de urgência e emergência

Por Eliane Alexandrino

Empresa deixa de realizar cirurgias eletivas no HU Créditos: Eliane Alexandrino

Eliane Alexandrino/Cascavel

Pacientes que aguardam cirurgias eletivas no Huop (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) terão que esperar mais tempo. A empresa contratada de forma emergencial no ano passado deixou de realizar os procedimentos após o fim do contrato, encerrado em 31 de agosto.

De setembro de 2024 a julho deste ano, foram realizadas quase 5 mil cirurgias eletivas. Segundo o diretor do hospital, Rafael Muniz, um novo processo licitatório está previsto para os próximos 90 dias. Enquanto isso, o Hospital São Lucas auxiliará nos atendimentos, especialmente nos casos de urgência e emergência.

“O contrato emergencial acabou em 31 de agosto e, devido a atrasos administrativos, haverá esse vácuo de até 90 dias. Se a mesma empresa vencer a licitação, a retomada será mais rápida, mas se for outra, ela terá até 60 dias para assumir. Isso gera transtornos, mas já alinhamos com o São Lucas um apoio para situações emergenciais, evitando que pacientes fiquem represados nas UPAs [Unidades de Pronto Atendimento]”, explicou Muniz.

O contrato com a empresa foi firmado logo após a pandemia, quando a fila de espera havia aumentado significativamente. Muniz destacou que o número de cirurgias realizadas foi expressivo, mas insuficiente para zerar a demanda.

“Quando firmamos o contrato, tínhamos cerca de 3,8 mil pacientes aguardando. Conseguimos realizar aproximadamente 4,980 mil cirurgias eletivas. A fila não zerou porque diariamente novos pacientes entram no sistema. Por isso, a Secretaria de Estado da Saúde e o hospital optaram agora por um processo licitatório com metas mais claras e maior diversidade de especialidades, como ginecologia e obstetrícia, que não estavam no contrato anterior”, acrescenta.

Segundo Muniz, o novo contrato terá validade de dois anos, podendo ser renovado por até 10 anos, com a expectativa de reduzir o tempo médio de espera.
“Não conseguiremos zerar a fila, mas queremos que o paciente aguarde o menor tempo possível. Não é justo alguém esperar mais de um ano por uma cirurgia simples, como de vesícula, por exemplo. O ideal seria resolver em dois meses, evitando sofrimento prolongado e complicações”, pontuou.

Sobrecarregado pelo trauma diz direção

O diretor também chamou atenção para o perfil dos atendimentos no pronto-socorro do Huop, onde 60% a 70% dos casos são de traumas, como acidentes de trânsito e ferimentos por violência.

“O hospital lida diariamente com um volume enorme de situações que poderiam ser evitadas. Doenças não podem ser prevenidas, mas acidentes de trânsito, ferimentos por armas de fogo ou brancas poderiam ser reduzidos com mais conscientização. Se diminuíssemos esses casos, teríamos mais qualidade no atendimento a quem realmente precisa”, concluiu Muniz.

Em março deste ano foi implantado um novo fluxo de atendimento com a instalação da quarta sala, no qual o paciente é levado diretamente para o ambulatório de traumas do HU e dali, sai com o agendamento da cirurgia, não fica no hospital, aguarda em casa o dia já marcado para fazer o procedimento. 

Valor do contrato

A empresa CIS (Centro Integrado de Saúde), que prestava o serviço ao Huop, tinha vencido o processo licitatório no valor de R$ 33.651.611,10. O valor unitário previsto de cada procedimento era entre R$ 3.128,22 a R$ 17.569,63. Além das eletivas também estava previsto no contrato outros mil procedimentos de urgência e emergência no valor de R$ 5.399.170,00. 

O Huop tem ao todo 368 leitos, atendendo uma média de 2 milhões de pacientes dos 90 municípios que compõem a macrorregião Oeste/Sudoeste. Atualmente são 2,5 mil pessoas aguardando por um procedimento eletivo na fila de espera. 

O próximo contrato deverá ampliar o atendimento de urgência e emergência, incluindo: procedimentos de ginecologia, obstetrícia e otorrinolaringologia. O novo valor está orçado em R$ 38 milhões anual para uma média de 400 a 600 cirurgias ao mês. 

Foto: Eliane Alexandrino

 

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