Dólar atinge R$ 6,18 impulsionado por cenário externo e baixa liquidez
Alta da moeda americana reflete declarações do Federal Reserve, saída de recursos do Brasil e incertezas no mercado local
Por Gazeta do Paraná
Em 23 de dezembro de 2024, o dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 6,186, registrando uma alta de 1,87% em relação ao fechamento anterior. Essa valorização da moeda norte-americana ocorreu em um contexto de baixa liquidez no mercado brasileiro, típico do período de festas de fim de ano, e de turbulências no cenário internacional.
No mercado de ações, o índice Ibovespa, principal indicador da B3, também sofreu impacto negativo, fechando com uma queda de 1,09%, aos 120.767 pontos. Esse é o menor nível registrado desde 20 de junho de 2024, refletindo a cautela dos investidores diante das incertezas econômicas.
A ausência de intervenções do Banco Central (BC) no câmbio durante o dia contribuiu para a volatilidade. Somente após o fechamento do mercado, o BC anunciou a venda de US$ 3 bilhões à vista, prevista para ocorrer em 26 de dezembro, utilizando as reservas internacionais. Diferentemente dos leilões de linha, essa operação não prevê recompra futura, indicando uma estratégia para conter a escalada do dólar.
No cenário internacional, o fortalecimento do dólar foi impulsionado por declarações do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, que sinalizou uma redução no ritmo de cortes de juros para o próximo ano. Essa perspectiva aumentou a atratividade dos títulos norte-americanos, provocando uma migração de capitais para os EUA e pressionando as moedas de países emergentes, como o real brasileiro.
Além disso, a proximidade do fim do trimestre intensificou a saída de recursos do Brasil, com multinacionais remetendo lucros para suas matrizes no exterior. Esse movimento sazonal aumentou a demanda por dólares, contribuindo para a valorização da moeda.
No âmbito doméstico, a divulgação do Boletim Focus pelo Banco Central revelou uma piora nas expectativas de inflação e de juros para 2025. Essa deterioração nas projeções econômicas elevou as taxas futuras de juros, influenciando negativamente o mercado de ações e aumentando a aversão ao risco entre os investidores.
Diante desse cenário, especialistas recomendam cautela aos investidores, destacando a importância de acompanhar de perto as decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, além de monitorar os desdobramentos econômicos globais que possam afetar o mercado cambial e de capitais.
Créditos: Redação com agências