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Criança ferida em incêndio é transferida para Curitiba

Estado de saúde da advogada Juliane Suellem é gravíssimo; jovem teve até 90% do corpo queimado ao tentar salvar a família durante incêndio em Cascavel ontem (15)

Por Eliane Alexandrino

Criança ferida em incêndio é transferida para Curitiba Créditos: Assessoria

Eliane Alexandrino/Cascavel

Seguem internadas em estado grave as três vítimas do incêndio que atingiu um apartamento no 13º andar do Edifício João Batista Cunha no Bairro Country, em Cascavel, na manhã de quarta-feira (15).

O menino Pietro José Dalmagro, de 4 anos, foi transferido para o Hospital Evangélico Mackenzie, em Curitiba, devido a queimaduras de terceiro grau no rosto e lesões nas vias aéreas. Ele segue sob cuidados intensivos.

A mãe da advogada, Sueli Vieira dos Reis, de 51 anos, permanece internada na UTI do São Lucas Hospital Center, sedada e em estado grave, porém estável, conforme informou o diretor técnico da unidade, Dr. Luiz Carlos Toso.

Já o estado de saúde de Juliane Suellem Vieira dos Reis, de 28 anos, é considerado gravíssimo. Ela sofreu queimaduras em cerca de 70% a 90% do corpo e apresentava fuligem nas vias respiratórias. Juliane segue internada na UTI do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP). Uma transferência para Curitiba foi solicitada, mas ainda não ocorreu até a manhã desta quinta-feira (16).

Juliane tentou salvar a mãe e o sobrinho, Pietro, durante o incêndio, que começou no apartamento da família, no 13º andar do prédio.

O Corpo de Bombeiros mobilizou uma grande operação para conter as chamas e retirar os moradores do edifício. As causas do incêndio ainda estão sendo investigadas.

Bombeiro Ferido

sargento Edemar de Souza Migliorini sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus em 20% do corpo, atingindo principalmente os braços, mãos e lombar. Ele está internado em um hospital particular de Cascavel e deve ser transferido para o São Lucas Hospital ainda nesta quinta-feira. O quadro é estável.

Edemar é o bombeiro que apareceu na imprensa com o uniforme danificado pelas chamas durante o resgate. O cabo Leandro Batista, que também ficou ferido na ocorrência, já recebeu alta hospitalar.

 

“Juliane é força e inspiração”, diz amiga de infância da jovem ferida em incêndio

A Gazeta do Paraná conversou com Alanna Karoline Koerich, amiga de infância de Juliane Suellem Vieira dos Reis, a jovem de 28 anos que ficou gravemente ferida no incêndio. Segundo Alanna, a amiga é “uma mulher de coragem e coração imenso”, conhecida por sua determinação e empatia.

“Conheço a Juliane desde pequena, a gente cresceu juntas. Nossas mães eram amigas e moramos por muito tempo na mesma rua. Ela sempre foi uma pessoa excepcional, a mulher mais forte que eu conheço. Já passou por muitas coisas na vida e nunca desistiu. Aquilo que ela fez no incêndio não é força física, é força de vontade, é amor. Ela sempre foi assim: sonhadora, solidária, com um coração enorme”, contou emocionada.

Juliane é advogada e, segundo a amiga, “uma profissional exemplar e uma inspiração”. Alanna vive atualmente em São Paulo, mas manteve contato frequente com Juliane. Elas planejavam se reencontrar em novembro.

“Faz uns 10, 12 anos que moro em São Paulo e a gente sempre dizia que o nosso sonho era voltar a morar na mesma rua. Eu tenho certeza que isso ainda vai acontecer. A gente estava conversando há poucos dias sobre a minha visita para o Paraná”, relatou.

A amiga também contou que Juliane morava no apartamento com a mãe, Sueli, e com os primos Ana Carolina e Pietro, a quem considerava como irmã e sobrinho.

“Eles viviam os quatro naquele apartamento alugado. A Ana Carolina e o Pietro foram praticamente adotados pela Juliane e pela Sueli. Elas os tratavam como família de verdade. Na hora do incêndio, a Juliane nem pensou em si, só quis salvar quem amava e isso define quem ela é”, destacou Alanna.

Alanna revelou que tentou viajar para Cascavel assim que soube do incêndio, mas não conseguiu. “Procurei passagem de avião, mas estava muito cara. Pensei em ir de ônibus, mas a viagem dura mais de 13 horas. Quando soube que ela poderia ser transferida para Londrina, decidi esperar. Fiquei angustiada por não poder estar lá ajudando”, relatou.

Campanha de solidariedade

A distância, ela encontrou outra forma de agir: ajudou a criar a vaquinha virtual “Juntos pela recuperação da Juliane e família”, ao lado de um amigo em comum, Murilo, de Cafelândia.

“A gente criou a vaquinha sem imaginar que teria tanta repercussão. Pessoas de todo o Brasil estão ajudando de São Paulo, Paraná, Santa Catarina. Mesmo quem não conhece a Juliane se sensibilizou. É bonito ver tanta solidariedade”, disse.

Com a voz embargada, Alanna encerrou com uma mensagem de esperança. “Tem muita gente rezando por eles, em grupos de oração, em romarias, colocando os nomes deles nas intenções. Eu tenho 100% de certeza de que eles vão sair dessa. A Juliane vai se recuperar e vai contar essa história como um testemunho de força e amor. Porque é isso que ela é: força em forma de gente.”

A meta é arrecadar R$ 200 mil, até a manhã desta quinta-feira (16), cerca de R$ 40 mil já haviam sido doados. Quem quiser contribuir pode acessar o site Vakinha e procurar pelo título “Juntos pela recuperação da Juliane e família” (ID: 5768606).

Foto: Arquivo pessoal

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