Com dívida ativa de mais de R$ 700 mi, construtora Triunfo segue firmando contratos públicos
TCE Engenharia, que integra a holding da Triunfo, tem vencido com frequência licitações envolvendo rodovias no Paraná
Por Gazeta do Paraná
A Construtora Triunfo S.A., uma das maiores empreiteiras e concessionárias do Brasil, enfrenta uma situação financeira delicada devido a uma expressiva dívida ativa junto à União. Dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional apontam uma dívida ativa em nome da empresa de impressionantes R$ 732.312.905,56. Essa dívida é composta por R$ 405.346.635,31 em tributos gerais, R$ 313.202.072,93 em tributos previdenciários, R$ 7.078.651,27 em multas trabalhistas, além de outros débitos que completam o valor total.
Mesmo diante desse cenário de inadimplência, a Triunfo continua a celebrar contratos com o poder público, por meio de outra empresa que está inclusa na holding: a TCE Engenharia. Nos últimos anos, a empresa venceu diversas participações junto ao Governo do Paraná, principalmente no que tange a pavimentação e recuperação de rodovias estaduais. O último registro é para pavimentar a duplicação da PR-412 entre Matinhos e Pontal do Paraná, em um contrato celebrado há cerca de três semanas. A empresa também venceu neste ano, a licitação para a pavimentação da PR-990, rodovia de ligação entre Rebouças e a PR-364, na região Centro-Sul.
Com relação a Triunfo, o último contrato celebrado diz respeito a licitação para a pavimentação da PR-364 São Mateus do Sul – Irati. O valor do contrato foi de R$ 108 milhões. A obra foi entregue neste ano.
Fundada em 1978 no Paraná, a Construtora Triunfo ganhou destaque nacional como uma das maiores empreiteiras e concessionárias do país. Em 2006, com a criação da holding Triunfo Participações e Investimentos, a empresa ampliou sua presença em projetos de infraestrutura e concessões.
A Triunfo possui um histórico polêmico. A empresa controlava a Econorte, concessionária responsável por trechos importantes de rodovias no Paraná. Essa subsidiária foi implicada em um esquema de corrupção envolvendo políticos locais e concessionárias de pedágio, fato que ainda repercute na imagem da companhia.
A Triunfo Participações e Investimentos (TPI), uma holding criada em 2006 e que controla a Construtora Triunfo, também atravessou um processo de reestruturação. Com atuação na bolsa de valores e no setor de concessões, a TPI é um dos principais ativos do grupo, agregando um histórico de peso no mercado, ainda que envolto em polêmicas. A TPI também enfrentou um longo processo de reestruturação. A partir de 2017, a empresa esteve sob um regime de recuperação extrajudicial.
Já em 2019 foi a vez da holding de construções entrar com pedido de recuperação judicial. O pedido incluía a construtora Triunfo e outras duas companhias do conglomerado, a Inepar e a TIISA. No documento enviado à Justiça, a companhia citou o alto endividamento e a crise econômica como fatores preponderantes para a decisão. A Triunfo Participações e Investimentos, listada em bolsa e dona de ativos como o aeroporto de Viracopos, não fez parte do pedido protocolado, embora tenham alguns sócios em comuns, são dois negócios separados.
Um dos motivos para o pedido de recuperação na época, foi a queda no faturamento da construtora Triunfo, que caiu de 996 milhões de reais em 2014 para 300 milhões em 2018. O lucro caiu de 84 milhões para 1 milhão de reais no mesmo período. O número de funcionários caiu de 4.200 para 600 nesses quatro anos.
Todo esse processo foi oficialmente encerrado em 2020, marcando o início de um esforço para reorganizar suas atividades e saldar parte de suas dívidas.
Em 2021, como parte do plano de recuperação judicial aprovado pela Assembleia Geral de Credores (AGC), a Triunfo leiloou uma Unidade de Produção Isolada por R$ 31,5 milhões. Esse leilão incluiu máquinas, equipamentos e um acervo técnico relativo a um processo inovador de construção de casas populares.
Apesar do histórico de dificuldades financeiras e escândalos, a Triunfo segue ativa no mercado. Em contato com a assessoria de imprensa, a empresa afirmou que não está em recuperação judicial atualmente, sugerindo que busca consolidar sua reestruturação e retomar o crescimento.
Créditos: Da Redação Cascavel