Cidades paranaenses apresentam queda no Ranking Nacional de Saneamento

O Paraná, que já chegou a ter até três cidades entre as dez melhores do país, agora vê apenas Foz do Iguaçu nessa faixa

Por Da Redação

Cidades paranaenses apresentam queda no Ranking Nacional de Saneamento Créditos: André Thiago/Sanepar

O Instituto Trata Brasil (ITB), em parceria com a GO Associados, divulgou a 17ª edição do Ranking do Saneamento, revelando avanços e retrocessos no setor entre os 100 municípios mais populosos do país. O Paraná, que nos últimos anos vinha figurando entre os estados mais bem posicionados, apresentou uma piora no desempenho geral: das sete cidades paranaenses avaliadas, apenas duas subiram de posição, enquanto as demais recuaram, incluindo Maringá, que perdeu a liderança nacional obtida no ano passado.

O novo levantamento, que considera dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), indica que Foz do Iguaçu agora ocupa o melhor desempenho entre os municípios paranaenses, avançando do 13º para o 10º lugar nacional. Também houve melhora no caso de Curitiba, que passou da 22ª para a 18ª posição. Em contrapartida, Maringá caiu drasticamente do 1º para o 14º lugar, enquanto cidades como Londrina, Ponta Grossa, São José dos Pinhais e Cascavel registraram quedas importantes.

O Paraná, que já chegou a ter até três cidades entre as dez melhores do país, agora vê apenas Foz do Iguaçu nessa faixa de elite. A cidade da tríplice fronteira foi beneficiada por índices de cobertura e tratamento. Segundo o ranking, cinco municípios paranaenses ainda figuram entre os 20 melhores do Brasil, o que mostra que, embora o estado tenha tido queda na classificação, ainda ocupa lugar de destaque nacional.

A capital Curitiba, apesar da ligeira melhora na posição, chama atenção por estar entre as poucas capitais brasileiras que tratam mais de 80% do esgoto coletado, ao lado de Brasília, Boa Vista, Salvador e Rio de Janeiro. Mesmo assim, a oscilação no ranking indica que há desafios a serem enfrentados no ritmo de investimento e na universalização dos serviços, especialmente diante das exigências do novo marco legal do saneamento.

Cascavel tem queda

Entre os municípios que caíram no ranking, Cascavel foi um dos casos que mais chamou atenção. A cidade do oeste paranaense recuou da 9ª para a 21ª colocação. Ainda assim, mantém números bastante positivos em relação à média nacional. De acordo com os dados, o município tem 93,54% de cobertura de água, 94,57% de cobertura de esgoto e 100% de tratamento do esgoto coletado.

O desempenho, no entanto, foi impactado negativamente por índices de perdas na distribuição de água, que chegaram a 37,10%, além de um índice volumétrico de perdas de 254,62 litros por ligação/dia — números considerados altos em comparação com outras cidades bem posicionadas no ranking. Esse aspecto pode ter influenciado na queda da posição, apesar do bom histórico de investimentos.

Por meio de nota, a Sanepar informou que “permanece com cinco cidades entre 20 com melhores indicadores de saneamento do Brasil. Independente da posição no ranking, Cascavel atingiu a universalização do saneamento quase 10 anos antes do prazo estabelecido pelo marco do saneamento e se continua como destaque entre os 5 mil municípios brasileiros. E, para manter essa excelência no saneamento, os investimentos da Sanepar em Cascavel e nos demais 344 municípios que atende são cíclicos e constantes, visando a universalização do atendimento com esgoto. Somente em grandes obras, estão em andamento, em Cascavel, empreendimentos com investimentos de mais de R$ 80 milhões em esgoto”.

Panorama nacional

O Ranking do Saneamento 2025 reforça uma realidade conhecida: o Brasil ainda apresenta enormes desigualdades regionais no acesso ao saneamento básico. Dos 20 piores municípios do país, a maioria está localizada nas regiões Norte e Nordeste, com destaque para capitais como Recife, Maceió, Manaus, São Luís, Belém, Rio Branco, Macapá e Porto Velho, que seguem enfrentando sérios problemas estruturais.

Quatro dos municípios com os piores indicadores são do Rio de Janeiro, quatro de Pernambuco e três do Pará. O investimento médio anual desses 20 municípios foi de R$ 78,40 por habitante, cerca de 65% abaixo do patamar necessário. Um dos piores índices foi registrado em Rio Branco (AC), com apenas R$ 8,09 por habitante investido no setor.

O estudo também observou um fenômeno curioso: queda nos índices de atendimento à população com água tratada, mesmo em municípios que registraram aumento no número de economias ativas (ou seja, novas ligações de água). A explicação pode estar na revisão da relação habitante/economia feita com base nos dados do Censo de 2022, o que teria corrigido estimativas anteriores e tornado os novos indicadores mais próximos da realidade.

São Paulo lidera

No topo do ranking, as cidades paulistas seguem dominando. Campinas (SP) ficou em 1º lugar, seguida por Limeira (SP) e Niterói (RJ). Entre os destaques positivos da edição de 2025, o município de Campos dos Goytacazes (RJ) foi quem mais subiu: saltou da 45ª para a 26ª posição. Também se destacaram Canoas (RS) e Uberaba (MG).

Dos 20 melhores municípios, nove são do estado de São Paulo, cinco do Paraná, três de Minas Gerais, dois de Goiás e um do Rio de Janeiro, confirmando a concentração do bom desempenho em regiões mais desenvolvidas economicamente.

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