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Cesta básica tem queda em 15 capitais e governo aponta impacto de medidas para conter inflação dos alimentos

Apesar da redução mensal, a comparação com maio do ano passado mostra que os alimentos continuam mais caros. Em 16 das 17 capitais houve aumento no custo da cesta

Por Da Redação

Cesta básica tem queda em 15 capitais e governo aponta impacto de medidas para conter inflação dos alimentos Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil

O preço da cesta básica caiu em 15 das 17 capitais brasileiras pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no mês de maio. As maiores reduções foram registradas em Recife (-2,56%), Belo Horizonte (-2,50%) e Fortaleza (-2,42%). Apenas Florianópolis (0,09%) e Belém (0,02%) apresentaram aumento no custo dos alimentos essenciais em relação ao mês anterior.

Apesar da redução mensal, a comparação com maio do ano passado mostra que os alimentos continuam mais caros. Em 16 das 17 capitais houve aumento no custo da cesta, com destaque para Vitória, onde a alta chegou a 8,43%. A única exceção foi Aracaju, que manteve estabilidade no período.

São Paulo segue liderando o ranking com a cesta básica mais cara do país: R$ 896,15. Na sequência aparecem Florianópolis (R$ 858,93), Rio de Janeiro (R$ 847,99) e Porto Alegre (R$ 819,05). Na outra ponta, Aracaju (R$ 579,54), Salvador (R$ 628,97), Recife (R$ 636,00) e João Pessoa (R$ 636,73) registraram os menores valores. No Norte e Nordeste, o valor tende a ser menor por conta de uma composição diferente dos itens da cesta.

Considerando o período de janeiro a maio de 2025, todas as capitais apresentaram aumento no preço dos alimentos básicos. A alta mais moderada ocorreu em Campo Grande (2,48%) e a mais acentuada em Belém (9,09%).

Diante desse cenário, o Dieese estimou que o salário mínimo ideal para cobrir as despesas essenciais de uma família de quatro pessoas — incluindo alimentação, moradia, saúde, educação, transporte, entre outros — deveria ser de R$ 7.528,56, ou 4,96 vezes o valor atual do salário mínimo, reajustado para R$ 1.518.

Impacto dos produtos na cesta

Alguns itens específicos influenciaram diretamente na variação dos preços. A carne de primeira, por exemplo, teve alta em 14 capitais, com destaque para Curitiba (3,91%) e Florianópolis (2,68%). Em São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre houve queda, ainda que discreta. No acumulado de 12 meses, no entanto, o preço da carne subiu em todas as 17 capitais, com variações que chegaram a 28,86% em Brasília.

O café em pó também encareceu: aumentou em 16 capitais, sendo Aracaju (10,70%), São Paulo (8,49%) e João Pessoa (7,98%) as que mais sentiram a alta. Goiânia foi a única cidade com redução (-1,71%). No comparativo anual, todas as cidades apresentaram elevação, sendo Vitória a que mais sofreu, com um aumento de 127,89%.

Por outro lado, alguns produtos apresentaram forte queda. O arroz agulhinha teve redução de preço nas 17 capitais, com destaque para Vitória (-12,91%) e Belo Horizonte (-1,80%). No acumulado de 12 meses, a tendência de queda se manteve, com a maior baixa também em Vitória (-29,17%).

O tomate seguiu o mesmo caminho: ficou mais barato em todas as capitais. As maiores quedas ocorreram em Belo Horizonte (-20,85%) e Recife (-25,33%). No acumulado anual, apenas Vitória registrou aumento (11,41%); as demais capitais tiveram redução significativa, como João Pessoa (-32,22%) e Natal (-27,87%).

Governo atribui resultados a medidas adotadas

Durante audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que as ações do governo federal já mostram efeitos concretos no controle da inflação dos alimentos. Ele destacou que os preços de itens essenciais como arroz, feijão, ovos e frutas começaram a cair, atribuindo os resultados a medidas cautelosas tomadas pelo governo.

Uma das ações foi a redução a zero da alíquota de importação de produtos com escassez ou aumento de preço no mercado nacional. “As medidas foram cautelosas, mas já surtiram efeito”, disse o ministro, em resposta a críticas que apontavam falta de impacto nas ações iniciais.

Fávaro destacou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de maio, com taxa de 0,36%, foi o melhor resultado dos últimos cinco anos. Ele mencionou, como exemplo, a queda nos preços do arroz (-4%), frutas (-2%), tomate (-7%), feijão preto (-7%) e ovos (-2%) no último mês.

Segundo o ministro, o governo vai continuar adotando ações de equilíbrio de mercado sem recorrer a medidas arbitrárias ou intervencionistas. “Temos de continuar trabalhando com muita serenidade e responsabilidade para garantir o controle inflacionário. Mas, em hipótese alguma, com qualquer tipo de intervencionismo”, afirmou.

Exportações e gripe aviária

Ainda durante a audiência, Fávaro detalhou os esforços do governo na ampliação de mercados para produtos agropecuários brasileiros. Até o momento, foram abertos 381 novos mercados para exportação, incluindo produtos como DDG (resíduo da produção de etanol à base de milho), gergelim, sorgo, uva e material genético.

Segundo ele, a abertura do mercado de DDG para a China é especialmente estratégica, diante das tensões comerciais entre o país asiático e os Estados Unidos. “Quem será a alternativa senão o Brasil?”, questionou o ministro.

Sobre os recentes casos de gripe aviária no Rio Grande do Sul, Fávaro afirmou que a situação está sob controle. Atualmente, 11 casos estão em investigação, número menor que os 21 de duas semanas atrás. Dos 160 mercados que compram carne de frango do Brasil, 128 seguem abertos, e o governo negocia a reabertura gradual com os demais.

O ministro concluiu destacando o equilíbrio entre garantir o abastecimento interno, conter a inflação e manter a competitividade das exportações. “Estamos gerando oportunidades em várias cadeias produtivas e vamos continuar nos dedicando a isso”, finalizou.