Balas de mosquete encontradas em campo de batalha na Escócia

Recentes escavações arqueológicas no Campo de Batalha de Culloden, na Escócia, resultaram na descoberta de mais de 100 balas de mosquete e projéteis de canhão, lançando uma nova perspectiva sobre os momentos finais e decisivos da batalha travada em 1746, a última do solo britânico. As descobertas, realizadas por uma equipe colaborativa da Universidade de Glasgow e do National Trust for Scotland (NTS), podem também indicar o local onde um grupo de soldados irlandeses fez uma resistência corajosa, permitindo que milhares de jacobitas em retirada escapassem.

Os projéteis, encontrados em uma área ao norte do memorial do campo de batalha, foram recuperados de um solo que havia sido perturbado por atividades florestais comerciais na metade do século 20 e que há muito era considerado com baixo potencial arqueológico. No entanto, a realização de pesquisas com detectores de metal, escavações experimentais e poços de teste revelou uma concentração inesperada de disparos, incluindo balas de mosquete, cartuchos para pistolas e até mesmo uma bola de canhão de três libras, possivelmente disparada pela artilharia jacobita.

Análise

A análise preliminar indica que os achados estão relacionados a um intenso confronto que ocorreu durante os últimos minutos da batalha em 16 de abril de 1746. O embate aconteceu entre as linhas jacobitas em retirada e a cavalaria governamental avançando sob o comando do Duque de Cumberland. Segundo os pesquisadores, cerca de 150 soldados irlandeses a serviço da França, sob o comando do tenente-coronel Walter Stapleton, posicionaram-se entre o exército jacobita e as centenas de cavaleiros das tropas Cobham’s Dragoons e Kingston’s Horse.

Esses soldados irlandeses — conhecidos como os Picquets Irlandeses — teriam disparado rajadas contra a cavalaria que se aproximava antes de se abrigarem atrás das muralhas do Culloden Park. Sua resistência determinada garantiu tempo crucial para que muitos dos homens restantes do Príncipe Charlie conseguissem fugir do campo. Embora tenham sido eventualmente superados e sofrido pesadas perdas, sua defesa foi ofuscada por relatos históricos posteriores. Os sobreviventes irlandeses foram capturados, mas como tropas regulares a serviço da França, foram tratados como prisioneiros de guerra em vez de rebeldes. Eles foram mantidos em um navio-prisão no Tâmisa até serem repatriados para a França no início de 1747.

História

A Batalha de Culloden marcou o fim brutal da revolta jacobita liderada por Charles Edward Stuart, conhecido como Bonnie Prince Charlie, que buscava recuperar o trono britânico para seu pai exilado, James Edward Stuart. Em desvantagem numérica e exaustos, os jacobitas enfrentaram o exército governamental comandado pelo Duque de Cumberland. A batalha durou menos de uma hora e resultou na morte de aproximadamente 1.600 homens, a maioria jacobitas. A derrota arrasou a causa dos Stuart e transformou a sociedade das Terras Altas em seu contexto posterior.

Essas descobertas confirmam para a equipe arqueológica que importantes vestígios da batalha sobreviveram em terrenos que nunca haviam sido investigados anteriormente, iluminando um episódio pouco conhecido de bravura em meio ao caos. Derek Alexander, chefe da Arqueologia do NTS, declarou que os resultados superaram suas expectativas, já que a área investigada parecia improvável para encontrar relíquias. O trabalho realizado com o apoio de voluntários ajudou a aprimorar ainda mais a compreensão sobre como a batalha se desenrolou na paisagem.

Segundo o ‘Archaeology News’, o National Trust for Scotland utilizará esses novos dados para enriquecer a interpretação pública do Campo de Batalha de Culloden e aprimorar sua preservação. Os líderes do projeto planejam realizar análises adicionais dos artefatos e sua distribuição espacial para confirmar sua relação exata com o último esforço dos soldados irlandeses.

Créditos: Aventuras na História