Artista Miro Spinelli inaugura última ocupação do Espaço Vitrine do MUPA no domingo

"O corpo ali onde não está" integra a série “matérias em transição”, na qual o artista coloca em contato um material gorduroso com soda cáustica

Artista Miro Spinelli inaugura última ocupação do Espaço Vitrine do MUPA no domingo Créditos: Frederico Pellachin/AEN

O Museu Paranaense (MUPA) apresenta ao público no domingo (15), a partir das 10h, a inauguração da última proposta selecionada no IV Edital de Ocupação do Espaço Vitrine, a instalação "o corpo ali onde não está", do artista e pesquisador Miro Spinelli. A abertura é gratuita e livre para todos os públicos.

"O corpo ali onde não está" integra a série “matérias em transição”, na qual o artista coloca em contato um material gorduroso com soda cáustica, resultando numa reação química que transforma ambos os materiais em sabão.

Para a ocupação do Espaço Vitrine do MUPA, Spinelli pretende recolher cerca de 200 litros de óleo de fritura de bares e restaurantes no entorno do museu, que resultará em uma instalação de larga escala feita de sabão. A iniciativa promove uma aproximação com a comunidade local, além da reciclagem de um material altamente poluente.

O óleo queimado, inicialmente marrom, muda gradativamente de cor, clareando ao longo do período expositivo conforme a cura do sabão. Assim, a forma abstrata toma a aparência de um enorme corpo disforme, que remete a tons de pele e transforma-se com o tempo. A última ação do projeto se dá na sua desmontagem, quando o público será convidado a levar partes quebradas da obra.

O trabalho integra uma profunda pesquisa do artista sobre as relações entre corpos, matérias e transmutações. Desde 2014 desenvolve o projeto “Gordura Trans”, programas performativos para corpos gordos e dissidentes de gênero em contato com diversos materiais gordurosos.

Sua pesquisa investiga materialidades em transformação, onde o corpo, humano e não humano, tem dimensão central. “O artista volta-se para materiais em constante mutação, distanciando-se de uma perspectiva objetual e aproximando-se da experimentação: coisas, corpos, carnes, matérias, espaços, existências – humanas e não humanas. Spinelli se interessa por transições, transformações, mudanças, variações e abstrações de várias ordens”, descreve o escritor Francisco Mallmann, que assina o texto crítico da exposição.

 

Sobre o artista 

Miro Spinelli é artista e pesquisador. É mestre em Artes da Cena pela UFRJ, em Filosofia e em Estudos da Performance pela New York University e doutorando no mesmo departamento. Atua nas imbricações entre a performance, a escrita, as artes visuais e a teoria. Apresentou trabalhos em festivais, exposições e conferências em diversas cidades na América Latina, na Europa e na América do Norte. Trabalha de modo transdisciplinar com foco em perspectivas minoritárias. Sua prática artística e intelectual está engajada em estratégias anti-coloniais.

 

Sobre o edital 

Lançado pelo Museu Paranaense (MUPA) em 2020, o Edital de Ocupação do Espaço Vitrine é um projeto que tem como objetivo receber propostas expositivas nas áreas de Artes Cênicas, Artes Visuais, Design, Arquitetura e Pesquisa, colocadas em diálogo com as disciplinas científicas da instituição – Antropologia, Arqueologia e História. A partir desse encontro, promove-se a interdisciplinaridade entre os campos de atuação mais tradicionais do museu e os diferentes fazeres contemporâneos.

Em 2024, o conceito norteador "Interlúdio" busca suscitar o debate sobre o visível, o invisível (oculto, submerso, encoberto) e aquilo que pode estar prestes a emergir, não sendo aparente à primeira vista. Procura-se, assim, estimular o criar e o pensar sobre as decisões envolvidas no mostrar e no não mostrar, transpondo fronteiras entre o real e a ficção, o conhecido e o inverossímil, o palpável e o simbólico.

 

Sobre o MUPA 

Fundado em 25 de setembro de 1876, o Museu Paranaense (MUPA) é considerado o terceiro museu mais antigo do Brasil. Ao longo de sua história, a instituição passou por diversas transformações físicas e conceituais, que abarcam as transferências da sede, e mudanças na sua missão e relação com a sociedade. Atualmente, o Museu Paranaense passa tanto por um processo de resgate de sua própria história quanto busca se fortalecer enquanto instituição museológica, abrindo caminho para novas narrativas expositivas e perspectivas metodológicas de pesquisa, além da reformulação de sua identidade e comunicação institucional.

Nesse momento, o MUPA se orienta pela vontade de fazer da instituição um agente cultural de destaque no cenário paranaense e brasileiro. Para isso, em conformidade com os propósitos da Secretaria da Cultura, propôs uma movimentação profunda para se consolidar como uma plataforma de engajamento, pública e plural, dedicada ao diálogo de diferentes perspectivas, criação de imaginários e narrativas nas quais linguagem e forma se imbricam. Deste modo, suas diretrizes contemporâneas derivam da vontade de promover um espaço de relações, alargando a escuta e incorporando as diferenças.

O movimento atual de expansão do MUPA se expressa no incentivo e execução de pesquisas e ações transdisciplinares, criando conexões entre os núcleos tradicionais de pesquisa do museu - Arqueologia, Antropologia e História - e o campo das artes, que se direcionam para práticas e dinâmicas sociais contemporâneas, possibilitando diferentes leituras e ativações sobre os acervos. A coexistência da arte contemporânea com objetos centenários é uma escolha da gestão, que considera a potência da arte para uma reflexão necessária de decolonizar o pensamento, de construir novos saberes e olhar para o futuro. Essas ações se manifestam a partir de quatro eixos norteadores que guiam a programação cultural e as escolhas curatoriais: Identidades múltiplas; Ecologia - Sustentabilidade; Memória; e Cosmovisões.

Ao realizar a revisão crítica e constante de sua própria história, o MUPA se fortalece enquanto instituição museológica e abre caminho para perspectivas metodológicas atuais na criação de narrativas expositivas, identidade e comunicação institucional, como a criação de um programa público, o desenvolvimento de curadorias compartilhadas e a abertura dos espaços expositivos para propostas de ocupação. Por compreender seu lugar de guarda de patrimônio e de experimentação nas artes, o MUPA investe na expansão de suas atividades, no engajamento coletivo, e cria pontes entre a instituição e a sociedade.

 

Serviço:

Instalação “o corpo ali onde não está”, do artista e pesquisador Miro Spinelli

Proposta selecionada no IV Edital de Ocupação do Espaço Vitrine

Inauguração: domingo, 15 de dezembro, a partir das 10h

Museu Paranaense – Rua Kellers, 289, São Francisco – Curitiba

Entrada gratuita e livre para todos os públicos.

 

Créditos: AEN Acesse nosso canal no WhatsApp