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Arthur Gobbi e Gustavo Zaggo, vencedores do Femac, refletem sobre o fazer musical

A dupla de artistas, vencedores do último Festival de Música Autoral de Cascavel (Femac), também é destaque em outros trabalhos, como: “Samba da Villa” e “Clube do Choro de Cascavel”

Arthur Gobbi e Gustavo Zaggo, vencedores do Femac, refletem sobre o fazer musical Créditos: Gazeta do Paraná

Os músicos Gustavo Zaggo e Artur Gobbi foram os novos entrevistados recebidos pelo Mais+, o videocast cultural da Gazeta do Paraná, que tem como objetivo dar destaque e maior visibilidade para pautas culturais e artísticas do Paraná, com enfoque para a cidade de Cascavel. 

Os apresentadores do videocast cultural da Gazeta do Paraná, Bruna Bandeira e Lucas Gabriel receberam em seu novo episódio, nesta quarta-feira (30), a dupla de artistas para um bate-papo descontraído sobre o cenário musical de Cascavel. 

Para aqueles leitores que ainda não estão familiarizados com os nomes dos convidados, Gustavo Zaggo e Artur Gobbi fazem parte da lista dos 10 vencedores da última edição do Femac (Festival de Música Autoral de Cascavel), que aconteceu no mês de setembro deste ano. Gustavo, primeiro colocado na competição, foi o responsável pela composição “Emboscada”, já Artur, é o compositor por trás da canção “To, com Você”, que ocupou o quarto lugar na premiação. 

Os artistas dividiram com os entrevistadores e espectadores mais detalhes sobre o processo de produção das canções vencedoras. Apesar de cada um dos artistas ter sido premiado com sua respectiva canção autoral, a parceria entre os dois esteve presente no processo criativo, isso porque, o Artur Gobbi também fez parte do processo como letrista e intérprete da canção “Emboscada” no festival. 

Gustavo Zago aproveitou para começar a explicação sobre o processo produtivo de “Emboscada” revelando que a canção é uma homenagem a um dos grandes nomes da música brasileira: “Essa música se chama ‘Emboscada’ porque eu presto uma homenagem ao João Bosco, a letra foi colocada depois e foi inserida dentro desta ideia de ser algo rasteiro”, revela. 

E falando em letra, segundo Artur Gobbi, e escrita foi feita na tentativa de expressar os sentimentos mais oníricos do colega de profissão, Gustavo. O autor dos versos também revelou detalhes sobre o processo que costuma seguir para a produção de canções autorais: “Varia, neste caso específico, como letrista, foi um processo, mas a eu acho que é o acessar o seu ‘eu lírico’, você tem tanta referência de coisas bonitas, leu, assistiu coisas bonitas. Eu não sou o Djavan, mas tenho a percepção de saber o quão bonito aquilo é, e parto de uma percepção de entender como eu me aproximo disso”, esclarece Artur. 

O autor revela ainda que a convivência com outros profissionais letristas contribuiu para o desenvolvimento da habilidade. 

 

Espaço para a Música

Os artistas foram convidados a refletirem sobre a forma como avaliam os eventos da natureza do Femac, que deu espaço e visibilidade para que artistas locais pudessem expor suas próprias produções, ao invés apenas reproduzir gêneros mais comerciais: ”Eu acho isso super válido, porque é aquela coisa nós, como artistas, temos esse contato, mas você pegar um órgão público para fazer isso é super importante, para ocupar o espaço público com artistas locais”,explica Artur. 

Aproveitando o ganho do questionamento, Gustavo Zaggo ainda enriqueceu debate com uma reflexão sobre a produção musical, não apenas com motivações comerciais, mas o pelo ato de fazer em si: “A própria indústria nos coloca em um lugar de produzir um negócio que vende, que tem que ser bonito, então, ter um festival desse nos dá espaço para a gente só ir lá e ver e fazer algo por pura expressão artística”, reflete. 

Dentro da temática de se produzir arte de forma comercial, pode-se tecer um paralelo ao conceito pregado, inclusive pela teoria da Indústria Cultural, de Theodore Adorno, que aponta a existência de produção em massa de elementos culturais, com foco exclusivo na obtenção de lucro e alienação do público, o que interfere diretamente na qualidade dos produtos criados.  

Gustavo deu sequência ao seu raciocínio, tecendo as principais características de obras produzidas com este objetivo exclusivamente comercial: “Quando a gente precisa fazer em massa, não tem escapatória. São hits rápidos, que ficam aí, duas ou três semanas na cabeça e já era. Essa produção precisa ser rápida e é uma forma sempre elaborada”, continua. 

E como os entrevistadores receberam uma dupla de músicos, em um cenário propício para o registro visual e sonoro, é claro, que a dupla deu uma ‘palhinha’ e tocou um trecho da canção vencedora do Femac. 

 

Outros trabalhos 

Como artistas atuantes e de destaque no meio musical cascavelense pelo talento, tanto Gustavo, quanto Artur, também são integrantes de outros projetos musicais locais. Pode-se citar a exemplo, a atuação da dupla no projeto musical Griots, além da participação de ambos nos grupos Samba da Villa e Clube do Choro de Cascavel, projetos que, inclusive, já foram temas de outras reportagens do Caderno Mais anteriormente. 

Gustavo foi o primeiro a pontuar alguns dos projetos a que vem se dedicando no último ano: “Além do Griots, tivemos o lançamento do ‘Paranóia Ao Vivo’, que foi o disco que gravei no ano passado e foi lançado neste ano, temos as oficinas com incentivo da Lei Paulo Gustavo, além disso, eu também atuo no entretenimento tocando na noite, com apresentações de samba e pagode”, revela Gustavo. 

Durante o bate-papo sobre o fazer artístico e sobre trabalhos ativos, a dupla também refletiu sobre a importância das leis de incentivo cultural, como, por exemplo, a Lei Paulo Gustavo, que auxiliam a classe artística a se manter atuante no ramo, em uma sociedade que, muitas vezes, não valoriza e reconhece dignamente os artistas: “Tudo passa pela questão cultural, se cultuamos isso para educar a nossa população e nos mostrarmos para o mundo, as leis de incentivo são uma coisa que nos mantém pagando boletos. Mas, é preciso muito ter a base, a educação, a musicalização infantil, o teatro, artes de forma geral”, defendeu Artur. 

Para aqueles que querem conferir a entrevista na íntegra e ficar por dentro dos próximos episódios do GCast Mais+, basta seguir o perfil da Gazeta do Paraná no You-Tube, e ativar o sino das notificações. 

 

Trecho 

 “A própria indústria nos coloca em um lugar de produzir um negócio que vende, que tem que ser bonito, então, ter um festival desse nos dá espaço para a gente só ir lá e ver e fazer algo por pura expressão artística”

-Gustavo Zaggo 

Artista 

 

“Tudo passa pela questão cultural, se cultuamos isso para educar a nossa população e nos mostrarmos para o mundo, as leis de incentivo são uma coisa que nos mantém pagando boletos. Mas, é preciso muito ter a base, a educação, a musicalização infantil, o teatro, artes de forma geral”

-Arthur Gobbi 

Artista 

 

Créditos: Gazeta do Paraná 

 

Créditos: Redação