A cada dois minutos, uma mulher sofre violência no Paraná
Mais de 170 cidades se unem amanhã (22) para denunciar o feminicídio e exigir justiça às vítimas da violência de gênero no Paraná
Por Da Redação

No Paraná, a violência contra a mulher atinge níveis alarmantes. Nos primeiros cinco meses de 2025, uma média de um caso foi registrado a cada dois minutos. No total, foram 101.743 ocorrências em todo o estado entre janeiro e maio, o equivalente a 674 registros por dia, conforme dados das forças de segurança.
Dentre essas ocorrências, 40 foram feminicídios, assassinatos de mulheres motivados por razão de gênero. Para marcar a luta contra essa realidade, mais de 170 municípios do estado participam, amanhã (22), da Caminhada do Meio-Dia, evento que simboliza o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio.
A mobilização é organizada pelo Governo do Paraná, por meio da Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi), como parte da campanha "Paraná Unido no Combate ao Feminicídio". O objetivo é sensibilizar a sociedade, homenagear as vítimas e reforçar a urgência de combater essa forma extrema de violência de gênero.
Em todas as cidades participantes, a concentração está marcada para as 11h e a caminhada terá início ao meio-dia. Na capital, Curitiba, a saída será da Praça Santos Andrade, passando pela Rua XV de Novembro e encerrando na Praça Osório. O ato pretende unir todos os setores da sociedade comprometidos com o enfrentamento à violência contra a mulher.
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública, por meio do Centro de Análise, Planejamento e Estatística (Cape), o Paraná registrou, em 2023, o maior número da série histórica de casos de violência contra a mulher, com 244.539 ocorrências, 4,5% a mais que as 233.921 registradas em 2022. Desde 2018, os números não param de crescer: foram 182.495 registros naquele ano, saltando para 191.652 em 2019, 193.152 em 2020, e chegando a 208.298 em 2022.
No caso dos feminicídios, o crescimento foi ainda mais expressivo: alta de 34,6% entre 2022 e 2023. Foram 81 assassinatos em 2022 e 109 em 2023. Os dados revelam um padrão preocupante. Apesar de uma queda entre 2019 (89 casos) e 2020 (73), os índices voltaram a subir: 75 em 2021 e 77 em 2022.
Em Cascavel, a concentração para a Caminhada do Meio-Dia será às 11h, na Avenida Brasil, esquina com a Rua 7 de Setembro. A caminhada terá início ao meio-dia e seguirá até a Catedral Nossa Senhora Aparecida.
A preparação do evento está sendo conduzida pela Secretaria Especializada de Cidadania, da Proteção à Mulher e Políticas sobre Drogas, em conjunto com a Secretaria Municipal de Assistência Social e o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher. As entidades convocam toda a sociedade civil para uma reunião aberta no auditório da Prefeitura, localizado na Rua Paraná, nº 5000, às 8h30. O objetivo é organizar a participação da cidade de forma representativa e com ampla adesão
Durante o encontro, serão discutidas estratégias de mobilização, definição do trajeto da caminhada, distribuição de materiais e formas de engajamento. A presença de mulheres, lideranças comunitárias, movimentos sociais e organizações de defesa dos direitos humanos é considerada fundamental para fortalecer a mobilização.
A 3ª edição da Caminhada Contra o Feminicídio vai além de uma simples manifestação. É um ato público de resistência, denúncia e afirmação da vida das mulheres. Cada passo dado no dia 22 de julho será um grito coletivo por justiça, respeito e dignidade.
A secretária estadual da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, Leandre Dal Ponte, destacou que a Caminhada do Meio-Dia é uma manifestação pública de compromisso com a vida das mulheres. Segundo ela, o horário foi escolhido por representar um momento simbólico da rotina feminina, quando muitas estão em casa cuidando dos filhos, no intervalo do trabalho ou próximas das pessoas que amam.
“É justamente nesse momento de cuidado e presença que queremos reforçar que as mulheres não estão sozinhas. A sociedade precisa caminhar junto no enfrentamento à violência e ao feminicídio”, enfatizou.
Dia Estadual de Combate ao Feminicídio
A data escolhida para o ato não é por acaso. O dia 22 de julho foi instituído como o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio no Paraná por meio da Lei nº 19.873/2019, sancionada pelo governador Ratinho Junior. A criação da data remete à morte da advogada Tatiane Spitzner, em Guarapuava, no ano de 2018. Tatiane foi vítima de feminicídio em um caso que inicialmente foi tratado como queda acidental, mas que posteriormente resultou na condenação de seu marido, Luís Felipe Manvailer, a 31 anos e 9 meses de prisão.
