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Vereador propõe CPI para investigar caso de servidor condenado por abuso infantil

Protesto de mães pressiona vereadores a investigar permanência de condenado por abuso na rede municipal

Por Gabriel Porta

Vereador propõe CPI para investigar caso de servidor condenado por abuso infantil Créditos: Flávio Ulsenheimer/CMC

A Câmara de Vereadores de Cascavel pode instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as circunstâncias que permitiram que um agente de apoio, condenado por abuso sexual contra uma criança em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), continuasse atuando na rede municipal mesmo após a sentença.

O anúncio foi feito pelo vereador Policial Madril (PP) durante a sessão de ontem (26), após um protesto realizado por mães no plenário da Câmara. Com cartazes nas mãos, elas cobraram respostas, exigiram justiça e a abertura imediata da CPI. "Se houver vereadores dispostos a assinar, assino sem problema. A CPI não é para acusar ninguém, mas para dar transparência e mostrar à população que a Câmara está cumprindo seu papel" afirmou Madril. Segundo ele, o episódio exige uma resposta firme e institucional, além do compromisso dos parlamentares na defesa das crianças e das famílias.

Quem também declarou apoio à instalação da CPI foi o vereador Doutor Lauri (MDB). Em discurso, ele destacou que o Poder Legislativo tem a obrigação de exercer seu papel fiscalizador e investigativo. "A sociedade espera uma resposta. Precisamos de uma investigação rigorosa para entender como isso aconteceu e garantir que situações como essa não se repitam", afirmou.

Doutor Lauri ainda aproveitou a tribuna para defender o endurecimento das leis contra crimes de abuso infantil. Ele destacou a importância de tornar a pedofilia um crime hediondo no Brasil e informou que está em andamento uma campanha de coleta de assinaturas para apoiar essa causa.

O vereador explicou que a pedofilia envolve a produção, divulgação ou posse de imagens que exponham crianças em situação de nudez ou sexualização. Também ressaltou que, infelizmente, a maior parte dos casos de violência sexual contra crianças ocorre dentro da própria casa, muitas vezes praticada por pessoas próximas da vítima.

O caso

O servidor, apelidado pelas famílias de “Professor Monstro”, foi condenado a 30 anos de prisão em regime fechado pelo abuso de uma criança no CMEI do Bairro Interlagos. Apesar da condenação, ele não foi imediatamente afastado e acabou sendo transferido para o CMEI do Bairro Canadá, onde permaneceu por quase cinco anos antes da exoneração definitiva, ocorrida apenas quatro anos após a denúncia.

A permanência do condenado na função, mesmo após a sentença, gerou forte indignação entre as famílias, que acusam o município de negligência. As mães pedem, além da responsabilização do agente, a apuração de eventuais falhas administrativas que possam ter permitido que ele continuasse atuando próximo de crianças.

Apuração interna

Por meio de nota, o município informou que a comissão responsável pela sindicância já ouviu todos os envolvidos no caso e está na fase de elaboração do relatório final. Apesar de o prazo ter sido prorrogado, a expectativa é de que o documento seja entregue ao prefeito até o final deste mês, sem necessidade de novo adiamento.

Enquanto isso, a comunidade e os familiares das vítimas aguardam uma resposta concreta da Câmara sobre o pedido de instauração da CPI. O objetivo é garantir que situações como essa não se repitam e que haja responsabilização de todos os envolvidos.

Outras pautas

Câmara No Bairro

Entre as propostas em pauta, está o projeto que cria o programa Câmara no Bairro, apresentado pela Mesa Diretora. A iniciativa tem como objetivo descentralizar as atividades do Legislativo, levando sessões e atendimentos aos bairros e distritos da cidade. "Precisamos sair da centralização aqui no centro e levar a estrutura da Câmara para as regiões Norte, Sul, Oeste e também para os distritos. Isso aproxima o vereador da comunidade, permite ouvir as demandas no local e encaminhar as soluções ao Executivo — destacou o vereador e presidente da Câmara, Tiago Almeida (Republicanos).

Segurança com drones

Os vereadores também aprovaram, em primeira votação, o projeto que regulamenta o uso de drones pela Secretaria Municipal de Segurança Pública. Embora o município já possua dois equipamentos, a ausência de uma legislação específica poderia gerar questionamentos quanto à legalidade das operações. "Sem uma lei municipal, abre espaço para discussões, como ‘por que o drone estava me filmando?’ ou ‘em que foi baseado o uso desse equipamento?’. A regulamentação traz segurança jurídica e garante mais uma ferramenta para a proteção da população — explicou o vereador João Diego (Republicanos)

Junho Branco e combate aos vapes

Outro tema debatido foi a inclusão do Junho Branco no calendário oficial do município. A proposta, de autoria dos vereadores Everton Guimarães (PMB) e Hudson Moreschi (Podemos), prevê ações de conscientização, prevenção e combate ao uso de drogas lícitas e ilícitas.

O projeto, que ainda passará por segunda votação, já prevê atividades, com foco especial no combate ao uso de cigarros eletrônicos por crianças e adolescentes. No dia 6 de junho, uma palestra será realizada no Colégio Estadual Leodoro, abordando os riscos dos vapes. Acadêmicos de medicina irão conduzir as orientações. "Os números são alarmantes. Apenas nos meses de fevereiro e março, mais de 200 cigarros eletrônicos foram apreendidos em colégios estaduais. E isso sem contar os colégios particulares, que também enfrentam o problema", alertou Hudson.

Dentro dessas ações, será lançada a campanha Vaper Zero, que busca conscientizar os jovens sobre os danos causados pelo cigarro eletrônico, hoje muito presente no cotidiano dos adolescentes.