Velório do Papa Francisco começa nesta quarta-feira e sepultamento será no sábado
O corpo do pontífice será velado na Basílica de São Pedro, onde os devotos terão a oportunidade de prestar suas últimas homenagens antes do sepultamento
Por Bruno Rodrigo

Milhares de fiéis de diversas partes do mundo se reúnem nesta semana no Vaticano para se despedir do papa Francisco, falecido na última segunda-feira (21). O corpo do pontífice será velado na Basílica de São Pedro, onde os devotos terão a oportunidade de prestar suas últimas homenagens antes do sepultamento marcado para o próximo sábado (26). Paralelamente, o Vaticano já começa a se organizar para o conclave, o tradicional processo de escolha do novo papa, que deve ser iniciado cerca de duas semanas após a morte do pontífice.
Nesta quarta-feira (23), às 9h (horário local), tem início o traslado do corpo de Francisco da Capela da Casa de Santa Marta para a Basílica de São Pedro. A condução da urna é precedida por um momento de oração, presidido pelo cardeal Kevin Joseph Farrell, camerlengo da Santa Igreja Romana. A procissão passa pela Praça Santa Marta e pela Praça dos Protormártires Romanos, atravessando o Arco dos Sinos até alcançar a Praça de São Pedro, de onde seguiu para o interior da basílica pela porta central. Diante do Altar da Confissão, o camerlengo conduz a Liturgia da Palavra, marcando o início do período de visitação pública.
A visitação ao corpo do papa Francisco acontece até a próxima sexta-feira (25), com horários estendidos para atender ao grande número de fiéis: das 11h à meia-noite nesta quarta; das 7h à meia-noite na quinta-feira (24); e das 7h às 19h na sexta. O funeral, conhecido como Missa de Exéquias, está agendado para o sábado, às 10h (horário local), no átrio da Basílica de São Pedro. A cerimônia será presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.
O funeral marca o início do Novendiali, o período de nove dias de luto e orações em honra ao pontífice. Ao final da missa, serão realizados os ritos da Última Commendatio e da Valedictio, despedidas solenes previstas no Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, documento que orienta os ritos funerários dos papas. Encerrada a cerimônia, o corpo será levado para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será sepultado, conforme desejo manifestado em vida por Francisco.
A expectativa é que diversos chefes de Estado e líderes religiosos participem da celebração. A presença de representantes de diferentes nações confirma a dimensão global do legado de Francisco, o primeiro papa latino-americano da história e uma figura de forte apelo entre católicos e não católicos.
Com o sepultamento, inicia-se oficialmente o processo que levará à escolha do novo pontífice. Segundo o protocolo, o conclave deve ser convocado após o Novendiali. Durante esse período, o Vaticano permanece sob a gestão do cardeal camerlengo, responsável por cuidar dos assuntos ordinários da Igreja até a eleição do novo papa.
A primeira etapa do processo compreende reuniões gerais com todos os cardeais do Colégio Cardinalício, que atualmente soma 252 membros. Nessas sessões, são debatidos os desafios contemporâneos da Igreja e delineados os perfis mais adequados para o novo líder da fé católica. Só depois disso é que começa o conclave propriamente dito, realizado sob rígido sigilo na Capela Sistina.
A votação secreta conta apenas com a participação dos cardeais com menos de 80 anos. Embora o número máximo de eleitores seja tradicionalmente fixado em 120, atualmente 135 cardeais têm direito a voto — e exceções podem ser autorizadas. Os participantes são isolados na Casa Santa Marta, onde permanecem sem qualquer contato com o mundo exterior. Dispositivos eletrônicos são proibidos durante todo o processo.
A escolha do novo papa pode ocorrer em um único dia ou se estender por diversos escrutínios. No primeiro dia, caso o processo se inicie à tarde, é realizada apenas uma votação. Nos dias seguintes, são feitos até quatro turnos, dois pela manhã e dois à tarde. Cada cardeal escreve o nome do candidato escolhido em um papel retangular, que é depositado em uma urna. Três cardeais leem e contam os votos: dois em silêncio e um em voz alta. Se nenhum nome atingir dois terços dos votos, os papéis são queimados com uma substância que produz fumaça preta, sinalizando que ainda não há consenso. Quando o escolhido aceita o cargo, a fumaça é branca, anunciando ao mundo a eleição do novo pontífice.
Com a eleição confirmada, o cardeal decano pergunta ao eleito se ele aceita o pontificado e qual nome adotará. Em seguida, acontece o anúncio oficial do Habemus Papam ("Temos um papa") na varanda da Basílica de São Pedro. O novo líder da Igreja Católica aparece então para dar sua primeira bênção ao povo e à cidade de Roma, marcando o início de um novo capítulo na história do Vaticano.
A escolha do sucessor de Francisco promete ser decisiva para o futuro da Igreja. Seu legado, marcado pela busca por justiça social, diálogo inter-religioso e reformas estruturais, servirá como guia, e também como desafio, para o novo papa, cuja missão será continuar a conduzir uma das maiores instituições religiosas do planeta em tempos de profundas transformações.