Trânsito em alerta: aumentam acidentes, atropelamentos e multas em Cascavel
Dados compilados pela Transitar mostram que o total de vítimas com ferimentos chegou a 306 pessoas no primeiro trimestre de 2025, contra 295 em 2024
Por Bruno Rodrigo

O trânsito de Cascavel vive um início de ano preocupante. De janeiro a março de 2025, a cidade registrou um crescimento no número de acidentes, feridos, mortes e autuações de trânsito, acendendo um sinal de alerta para autoridades, motoristas, motociclistas e pedestres.
Dados compilados pela Transitar mostram que o total de vítimas com ferimentos chegou a 306 pessoas no primeiro trimestre de 2025, contra 295 no mesmo período de 2024, um aumento de 3,73%. Já o número de óbitos em vias urbanas subiu de quatro para cinco, alta de 25%.
Além dos acidentes gerais, os atropelamentos preocupam em especial. Em apenas três meses, 15 pedestres ficaram feridos e uma pessoa morreu após ser atropelada em Cascavel, um aumento de 36,36% nos feridos em relação a 2024. Segundo os registros, parte dos casos ocorre fora da faixa de pedestres, mas mesmo quem segue as regras de trânsito relata desrespeito por parte de condutores.
As ocorrências envolvendo motociclistas também apresentaram alta expressiva. De janeiro a março de 2025, 181 motociclistas se feriram em sinistros registrados nas vias da cidade, crescimento de 17,53% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram contabilizados 154 feridos. O número de óbitos de motociclistas dobrou: passou de dois para quatro no trimestre.
“Aumentou o número de sinistros, estamos com um aumento de vítimas e os óbitos estão com um mesmo comparativo em relação ao ano passado. Mas isso nos preocupa bastante, já que estamos trabalhando para diminuir e cada vez que constatamos, os números na verdade aumentam. É claro que houve aumento dos veículos, da população, mas também aumentou a imprudência. Percebemos que as pessoas estão mais desligadas, desatentas no trânsito, além dos pedestres que atravessam em qualquer lugar e não utilizam a faixa”, afirmou Luciane de Moura, que é encarregada pelo setor de educação de trânsito da Transitar.
Apesar de uma leve queda nas ocorrências envolvendo ciclistas, o número ainda preocupa. Foram sete feridos em 2025, frente a 12 no mesmo intervalo de 2024, queda de 41,67%. No entanto, os dados mantêm o alerta, já que o uso da bicicleta tem crescido como meio de transporte urbano e lazer.
Se os sinistros aumentaram, o mesmo pode ser dito das infrações. A Transitar divulgou que foram 47.959 multas emitidas no município entre janeiro e março deste ano. Os radares foram responsáveis por mais da metade das autuações: 29.136 registros, sendo que 18.834 foram por excesso de velocidade, representando cerca de 65% do total captado pelos equipamentos eletrônicos.
Outras infrações comuns incluem: conversões proibidas, avanço de sinal vermelho, parada sobre faixa de pedestres e a circulação em faixas exclusivas para o transporte coletivo.
O relatório aponta ainda 5.465 autuações por não identificação do condutor em casos de empresas e 3.807 registros por descumprimento do tempo em vagas rotativas, revelando que o desrespeito às regras de trânsito vai além da condução perigosa e alcança também aspectos de responsabilidade administrativa.
Frente aos números, a Transitar e os demais órgãos que integram o Conselho de Trânsito de Cascavel têm reforçado ações educativas e de conscientização. A meta, segundo as autoridades, é reduzir o número de ocorrências e alcançar, no longo prazo, zero mortes no trânsito.
Para especialistas, esse objetivo só pode ser alcançado com ações integradas entre poder público e a sociedade civil. Isso inclui fiscalização efetiva, educação permanente para o trânsito e investimentos em infraestrutura viária, além da mudança de comportamento de todos os usuários das vias, sejam eles motoristas, motociclistas, ciclistas ou pedestres.
“A tendência sempre foi se preocupar com o celular enquanto condutor e não enquanto pedestre. Mas isso tem atrapalhado, seja o fone de ouvido, o celular ou qualquer distração no trânsito tem ocasionado em sinistros, e nisso nós estamos tentando trabalhar. Falta conscientização de todo mundo. Não adianta a gente sinalizar uma via e fazer campanha educativa, se as pessoas não estão interessadas nas próprias mudanças. Precisamos que a população se insira nas nossas campanhas, nos nossos movimentos e tome consciência que a vida é muito importante. Você tem uma vida só. Temos falado muito dos motociclistas que seguem sendo as principais vítimas, mas devemos também nos atentar e contribuir enquanto pedestre. É importante fazer a nossa parte”, frisou Luciane.
Enquanto isso, os números reforçam um alerta: o trânsito em Cascavel exige atenção, responsabilidade e respeito, elementos essenciais para transformar os dados preocupantes em estatísticas de prevenção e preservação de vidas.