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Tá difícil descer pra BC: BR-101 enfrenta longos congestionamentos e risco de colapso no trânsito

Longas filas se intensificam ano após ano, e entidades catarinenses buscam soluções para tentar fazer com que rodovia não colapse

Por Da Redação

Tá difícil descer pra BC: BR-101 enfrenta longos congestionamentos e risco de colapso no trânsito Créditos: Divulgação

Quem optou em curtir o final de ano no litoral catarinense tem enfrentado um grande problema que vem se tornando cada vez mais comum na BR-101: o congestionamento derivado de um fluxo intenso de veículos. São paranaenses, paulistas, paraguaios, argentinos... Todo mundo resolve “descer” para as belas praias de Santa Catarina, o que acaba provocando o quase colapso da rodovia durante os meses de dezembro e janeiro. Uma viagem de Curitiba a Florianópolis, que em condições normais duraria cerca de três horas, dobra a duração. E isso mesmo com todo o trecho duplicado.

A BR-101 é o principal corredor litorâneo de Santa Catarina, passa por 32 cidades e movimenta um fluxo cada vez maior de veículos. Para além do turismo, abriga também todo um complexo portuário na cidade de Navegantes, o que faz com que esse trânsito intenso não envolva apenas veículos, mas também caminhões.

No trecho norte da rodovia, que liga Joinville a Itapema, a situação é mais complicada. Com a rodovia alcançando o limite da capacidade naquele trecho, o verão por ali costuma ser caótico, com congestionamentos por praticamente todo o dia. Quem precisa enfrentar o trânsito para trabalhar, tem também que exercitar a paciência.

E o problema que se concentra por toda a extensão da rodovia, se origina dos acessos aos municípios que estão às margens da 101. Cidades litorâneas “famosas” como Balneário Camboriú e Itapema acumulam filas e mais filas em seus acessos. Para além disso, um simples acidente faz com que o fluxo de trânsito, que ainda anda de forma lenta, trave.

Conforme a concessionária que administra a rodovia, a Arteris, somente durante o “feriadão” de Reveillon, que contempla os dias 27 de dezembro a 5 de janeiro, são 3,5 milhões de veículos que passarão pelo trecho. Um montante que se aproxima de 70% acima do movimento natural da rodovia.

Conforme especialistas, a falta de investimento na rodovia, bem como os problemas de infraestrutura urbana nas cidades litorâneas que ainda não se acostumaram com o grande número de visitantes, são os principais problemas. As marginais da BR-101 por exemplo, ainda não estão prontas em vários trechos. Isso faz com que grande parte do fluxo de veículos nas cidades lindeiras a rodovia seja jogado para a BR-101. E é nesse vai e vem com acessos às alças que o trânsito começa a ficar lento. O problema é inclusive, um ponto que vem sendo discutido entre o Governo e a concessionária, que tenta uma ampliação no contrato mediante a aceleração das obras na rodovia.

A falta de uma ligação “interpraias” faz com que a BR-101 seja a única forma, por exemplo, de você ir de Itajaí até Itapema, duas cidades próximas que teriam o problema sanado com essa via. Há estudo para a implantação de uma estrada ligando o trecho norte da rodovia, que seria uma via paralela a BR, com nome de “Via Mar”. No entanto, essa obra deve demorar sair do papel.

Outra viabilidade estudada é a liberação do acostamento como terceira faixa. Mas para isso, seria necessárias as obras para trafego em acostamento, e isso ninguém quer se comprometer em fazer: nem a concessionária, nem as prefeituras, nem o governo estadual, nem o governo federal.

Campanha

Uma campanha, encabeçada pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC, foi lançada recentemente. BR-101: SC não pode parar é o nome da mobilização que conta com o apoio de vários grupos importantes do estado.

Conforme a FIESC, é necessário investimento a curto prazo, em ações e alternativas para aumentar a capacidade de trânsito da rodovia. A população dos municípios no entorno da rodovia aumentou de 2,9 milhões para 3,5 milhões de habitantes entre 2010 e 2020. No mesmo período, a frota desses municípios cresceu ainda mais: de 1,7 milhão para 2,7 milhões.

Uma série de projetos apresentados pelo Grupo Técnico BR-101 do Futuro, da Fiec e Grupo Grupo Paritário de Trabalho da Agência Nacional de Transportes Terrestres, tem ações e obras que trariam um grande impacto na melhoria das condições da 101.

São passagens em desnível, pontes, acessos, readequações de trevos e faixas adicionais, que demandam investimento de aproximadamente R$ 2 bilhões, a valores de 2017. Hoje, esses preços devem estar bem acima do estimado a época.

Para que essas obras saiam do papel, é necessário superar uma série de etapas, como a aprovação da ANTT, uma vez que tais projetos não estão incluídos no projeto atual de concessão rodoviária. Os recursos para implantar essas obras virão do pedágio pago pelos usuários da rodovia. Para não onerar muito o valor, as entidades apresentam alternativas, como estender o atual prazo de concessão ou diluir parte do valor do investimento na próxima concessão, depois de 2030.

A campanha também abrange estratégias como a adoção da modalidade de free flow nos pedágios da rodovia, bem como a avaliação do aumento de velocidade em trechos específicos da BR. Há ainda o pedido para que novas medidas de movimentação de cargas sejam estudadas, como por exemplo a interligação ferroviária de Santa Catarina a malha nacional, bem como o uso de navios na costa brasileira.

Os efeitos econômicos e sociais das deficiências da rodovia e a falta de planejamento alternativo para desafogar a BR-101 já são sentidos pelos usuários. Os congestionamentos são a base de uma fila de problemas gerados pelo aumento da frota e da população e pela falta de infraestrutura. O adiamento de obras e outras soluções somente vai agravar a situação.