Supostos abusos sexuais: Polícia confirma novas vítimas contra padre e bispo falecido
Agora são 9 vítimas identificadas contra o padre Genivaldo que segue preso e 4 vítimas relacionadas ao Dom Mauro, afirma a delegada do Nucria

Eliane Alexandrino/Cascavel
O padre Genivaldo de Oliveira dos Santos, 41 anos, segue preso em Cascavel. O religioso foi detido no mês passado após a Polícia Civil, através do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente), receber denúncias de supostos abusos sexuais contra crianças e adolescentes, em Cascavel e também no município de Santa Lúcia.
Ontem (3), a delegada Thais Zanatta, que está à frente do caso, atualizou o andamento das investigações do inquérito policial. Até o momento, 38 pessoas já prestaram declarações à polícia, elevando para 9 o número de supostas vítimas relacionadas ao padre Genivaldo e 4 supostas vítimas relacionadas ao falecido bispo Dom Mauro.
“As diligências investigatórias prosseguem em andamento regular, considerando que ainda há número não determinado de pessoas que necessitam ser ouvidas pela autoridade policial para completa elucidação dos fatos. O interrogatório do investigado ainda não possui data agendada, sendo que será realizado no momento processual oportuno, observando-se os princípios do contraditório e da ampla defesa”, explica a delegada.
Zanatta também confirma que, durante o procedimento de investigação, ficou apurado que a Igreja Católica, através da Cúria de Cascavel, contratou um advogado para prestar assistência aos padres ouvidos na condição de testemunhas.
“Os referidos padres informaram, em seus depoimentos, que não foram eles próprios que contrataram a representação legal. A autoridade policial avalia que tal conduta possa ter sido empregada como forma de captar elementos de investigação que correm sob segredo de justiça, bem como possível intimidação às testemunhas por eventual represália no âmbito da instituição religiosa”, acrescenta Zanatta.
A Polícia Civil afirma que o caso segue em andamento e novas pessoas podem ser ouvidas nos próximos dias. Já o interrogatório do padre ainda não tem data definida para acontecer. A polícia orienta que a população pode colaborar com informações pelos canais oficiais (em sigilo).
Sobre o caso
A Polícia Civil, por meio do Nucria, realizou a prisão temporária do padre Genivaldo de Oliveira dos Santos, de 41 anos, no dia 24 do mês passado. Ele está sendo investigado por suspeita de abuso sexual contra jovens em Cascavel e Santa Lúcia. A prisão foi deflagrada através da operação “Lobo em Pele de Cordeiro”. Ele havia sido afastado de suas funções no dia 14 deste mês pela Diocese de Cascavel.
De acordo com a polícia, as denúncias tiveram início ainda em 2009, quando o suspeito era seminarista. A prisão foi decretada após o padre entrar em contato com testemunhas e possíveis vítimas, comportamento que poderia comprometer as investigações e representar risco de intimidação, afirma a polícia.
Ainda segundo as investigações, o padre possuía um “padrão de comportamento predatório” com as vítimas: aproximava-se de jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade. “As vítimas seriam jovens envolvidos em atividades religiosas e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, possivelmente atraídos por ofertas de dinheiro, viagens, presentes e convites para pernoitar na residência do padre”, afirma o Nucria.
As investigações também identificaram irregularidades na gestão financeira da paróquia em que ele exerceu suas funções até o final de 2024. “Ele também exercia de forma ilegal ‘terapias complementares’ oferecidas em consultório próprio”, acrescenta o Nucria.
Suspensão cautelar do Padre Genivaldo
A Arquidiocese determinou a suspensão cautelar do exercício público do ministério do sacerdote mencionado (Genivaldo de Oliveira dos Santos), conforme as normas da igreja, e adotou providências internas para a apuração rigorosa dos fatos. Lamentou as denúncias e se solidarizou com as vítimas, oferecendo acolhimento espiritual e psicológico (45 3225-2324 ou curia@arquicascavel.org.br).
A Gazeta do Paraná entrou em contato com a Arquidiocese sobre a contratação do advogado para representação legal dos padres que estão sendo ouvidos pela polícia, mas não houve retorno até o fechamento desta reportagem.
Foto: Divulgação
