STF autoriza concursos internos para servidores estabilizados
Medida beneficia trabalhadores admitidos entre 1983 e 1988, período anterior à promulgação da Constituição Federal
Por Da Redação

Uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) abriu caminho para a realização de concursos internos destinados à efetivação de servidores públicos que possuem estabilidade excepcional. A medida beneficia trabalhadores admitidos entre 1983 e 1988, período anterior à promulgação da Constituição Federal, que tornou obrigatório o ingresso no serviço público por meio de concurso público.
A decisão foi proferida no Agravo de Instrumento nº 746.083/MG e estabelece que esses servidores podem ser efetivados nos cargos que já ocupam, desde que aprovados no processo seletivo interno. Com isso, a administração pública ganha uma alternativa ao tradicional concurso público para consolidar a situação de profissionais que já atuam há décadas em funções públicas sem vínculo efetivo.
Uma das principais justificativas para a adoção dos concursos internos é a valorização da experiência dos servidores estabilizados. Muitos deles dedicaram anos ao serviço público e adquiriram um conhecimento profundo sobre suas áreas de atuação. A medida busca evitar a perda desse capital humano e garantir a continuidade na prestação dos serviços públicos.
Além disso, o processo seletivo interno é considerado uma opção mais ágil e econômica em comparação com os concursos públicos tradicionais. Isso porque envolve apenas servidores que já desempenham funções no setor público, eliminando etapas burocráticas e reduzindo custos operacionais.
Os concursos internos também promovem segurança jurídica para os trabalhadores estabilizados, assegurando-lhes acesso a direitos e benefícios da carreira pública. Atualmente, esses servidores não possuem as mesmas garantias dos concursados, como aposentadoria especial e progressão na carreira por meio de promoções e avaliações de desempenho.
Critérios
Apesar da inovação, a decisão do STF impõe algumas restrições importantes. Primeiramente, o concurso interno não se aplica a todos os servidores, mas apenas àqueles com estabilidade excepcional, ou seja, trabalhadores admitidos antes de 1988 e amparados pelo artigo 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT).
Outra limitação é que a efetivação desses servidores não impacta a abertura de novas vagas no serviço público. O objetivo é apenas transformar a função pública ocupada em um cargo efetivo, sem prejuízo a outros candidatos que queiram ingressar na administração pública por meio de concurso.
Além disso, os servidores estabilizados permanecem vinculados ao Regime Geral de Previdência Social (INSS), e não ao regime próprio dos governos. Com isso, continuam sujeitos a regras previdenciárias diferentes das aplicadas aos servidores efetivos.
Impactos
A implementação dos concursos internos deve seguir princípios constitucionais, como igualdade e impessoalidade, garantindo que todos os candidatos tenham as mesmas oportunidades. Para isso, critérios de elegibilidade devem ser bem definidos, assegurando que apenas servidores com experiência comprovada possam participar.
A decisão do STF tem sido acompanhada de perto por sindicatos e entidades representativas dos servidores, que defendem a importância de regulamentar de forma justa e transparente esse novo modelo de seleção interna. Para muitos especialistas, a iniciativa representa um avanço na valorização dos servidores estabilizados, mas exige uma gestão cuidadosa para evitar distorções e manter a equidade dentro da administração pública.
Com essa medida, o Supremo Tribunal Federal busca equilibrar o direito dos servidores estabilizados com os princípios da administração pública, promovendo um modelo mais flexível e eficiente para a efetivação desses profissionais.