Sistema FAEP promove reunião para discutir segurança no campo

Os desafios enfrentados pelos agricultores vão muito além do plantio e da colheita. A falta de segurança, o trânsito de maquinários em estradas mal-conservadas e os riscos crescentes de criminalidade têm preocupado produtores de Cascavel e da região Oeste do Paraná. Diante desse cenário, o Sistema FAEP (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) promoveu ontem (15) um encontro entre representantes do setor agrícola, autoridades municipais e forças de segurança, com o objetivo de debater medidas práticas para garantir mais proteção aos trabalhadores do campo.

Realizado no Sindicato Rural de Cascavel, o evento contou com a presença de produtores rurais, lideranças do agronegócio, integrantes da Patrulha Rural da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Estadual, além de representantes do poder público. Durante o encontro, foram apresentadas orientações operacionais e palestras com foco na prevenção de crimes, na melhoria do trânsito de maquinários agrícolas e na valorização do homem do campo.

A proposta do evento foi promover uma maior integração entre os agricultores e as forças de segurança. A Patrulha Rural, da Polícia Militar, tem intensificado as operações em propriedades afastadas dos centros urbanos e reforçado o patrulhamento nas rotas de escoamento da produção. Já a Polícia Rodoviária Estadual atua diretamente nas rodovias por onde transitam tratores, colheitadeiras e implementos agrícolas, garantindo mais segurança tanto para os produtores quanto para os demais motoristas.

Legislação e trânsito de máquinas

Capitão Bager, da Polícia Militar do Batalhão da Polícia Rodoviária, destacou os principais pontos da nova legislação sobre o trânsito de maquinário agrícola nas rodovias e a importância da conscientização dos produtores. Segundo o oficial, a nova legislação entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2025 e exige atenção redobrada por parte dos agricultores. “Cada tipo de maquinário tem regras específicas para trafegar nas rodovias. Os tratores menores, por exemplo, podem circular como um veículo comum, desde que o condutor tenha habilitação na categoria B e o maquinário esteja equipado com todos os itens obrigatórios de segurança”, explicou o capitão.

Já os maquinários de médio porte podem transitar pelas rodovias, mas precisam ser acompanhados por um veículo de escolta, que faça a sinalização adequada. Para os equipamentos de grande porte, como colheitadeiras maiores, o trânsito só é permitido se forem transportados por um veículo prancha.

Bager ressaltou que é fundamental que o produtor consulte a legislação e as resoluções do Contran antes de levar qualquer maquinário para a estrada. “É uma norma recente, mas que já vinha sendo trabalhada com ações de conscientização desde 2023. Naquele ano, tivemos registros de acidentes fatais envolvendo maquinários agrícolas aqui na região de Cascavel. Já em 2024, não tivemos nenhum caso desse tipo, o que demonstra o impacto positivo da orientação e do cumprimento das normas”, afirmou.

Por fim, o capitão destacou que a segurança no trânsito rural não depende apenas do agricultor. “É essencial que todos os motoristas estejam cientes de que há circulação de maquinários em algumas rodovias da nossa região. Essa troca de informações entre forças de segurança e produtores é essencial para evitar acidentes e salvar vidas”.

Segurança e patrulhamento preventivo

A advogada Edivania Pícolo, representante do Sistema FAEP, destacou a importância da reunião como uma oportunidade estratégica para fortalecer o projeto da Patrulha Rural Comunitária. Segundo ela, a proposta visa incentivar os produtores rurais a cadastrarem suas propriedades junto às forças de segurança, o que facilita o monitoramento e a atuação preventiva da polícia na zona rural. “Esse cadastro pode ser feito diretamente no sindicato rural, pelo site do Sistema FAEP ou junto à própria Polícia Militar. Após o registro, os policiais realizam uma visita técnica à propriedade para identificar eventuais pontos frágeis e orientar o produtor sobre medidas de segurança”, explicou.

Ela ressaltou ainda que cabe aos sindicatos rurais a função de divulgar e estimular a adesão ao projeto entre os produtores. “A participação dos nossos líderes sindicais é essencial. Essa integração tem surtido efeito e já contribuiu para a redução dos índices criminais no campo. A expectativa é que esses números continuem caindo com a ampliação do programa”, completou.

Para Edivania, encontros como o realizado em Cascavel são fundamentais para reforçar a importância da segurança no meio rural e ampliar a conscientização sobre as ferramentas disponíveis para proteção dos produtores e de suas propriedades.