RESULT

Reunião de Nando Reis e Pitty em show dá liga ao irmanar as músicas dos artistas com a energia do rock

Por Giuliano Saito


Cantores apresentam no Rio de Janeiro a turnê 'PittyNando – As suas, as minhas e as nossas' com roteiro que entrelaça as duas obras autorais por afinidades temáticas ou por conexões rítmicas. Nando Reis e Pitty na estreia carioca do show 'PittyNando – As suas, as minhas e as nossas' na casa Qualistage Barbara Furtado / Dantas Jr. / Divulgação Qualistage Resenha de show Título: PittyNando – As suas, as minhas e as nossas Artistas: Nando Reis e Pitty Local: Qualistage (Rio de Janeiro, RJ) Data: 8 de outubro de 2022 Cotação: ★ ★ ★ ★ ♪ Música composta por Pitty e apresentada há 19 anos no primeiro álbum da artista, Admirável chip novo (2003), Temporal caiu tão bem e forte na voz de Nando Reis, em número arrepiante que elevou a canção à outra dimensão (inclusive pelo gesto político do cantor no verso final “E as armas pra trás”), que bastaria esse memorável momento para justificar a ida à casa Qualistage na noite de ontem, 8 de outubro, para assistir à estreia carioca do show PittyNando – As suas, as minhas e as nossas. Só que Nando Reis e Pitty ofereceram (muito) mais nesse primeiro grande encontro dos artistas em cena, em turnê que vem rodando o Brasil desde junho, mês em que o show teve première no festival paulista João Rock. Temporal sobressaiu na arrebatadora apresentação que lotou pista, frisas e camarotes da casa Qualistage, mas esse nem foi o número que mais bem traduziu o espírito do show PittyNando porque, em que pesem eventuais solos, houve real e total interação entre os artistas, juntos no palco durante as duas horas de show. E o fato é que a reunião de Nando Reis e Pitty em show deu liga, revitalizando e irmanando as respectivas obras com o entrelaçamento das músicas de ambos, ora por afinidade temática – caso da inadequação social, assunto comum entre Máscara (Pitty, 2003) e Não vou me adaptar (Arnaldo Antunes, 1985), a rigor um hit dos Titãs sem a assinatura de Nando – ora pela atração rítmica, como a que fez o link de Te conecta (Pitty, 2018) com Marvin (Patches – Ronald Dunbar e General Johnson, 1970, em versão em português de Nando Reis e Sergio Britto, 1984) na levada jamaicana que foi do mento (ritmo precursor do rocksteady) ao reggae. Nando Reis em momento terno com Pitty na estreia carioca do show 'PittyNando – As suas, as minhas e as nossas' Barbara Furtado / Dantas Jr. / Divulgação Qualistage Como o tempo tem ido depressa, Nando Reis e Pitty estão se encontrando no palco em momento de plenitude. Aos 45 anos, recém-completados na sexta-feira, 7 de outubro, a cantora e compositora baiana já contabiliza 25 anos de carreira que lhe deu visibilidade nacional a partir de 2003. Nessa estrada, o quinto e por ora último álbum solo de estúdio de Pitty, Matriz (2019), flagrou a cantora em plena forma, de chip trocado. A caminho dos 60 anos de vida, a serem festejados em 12 de janeiro, o paulistano Nando Reis está em cena há quatro décadas e, de todos os ex-Titãs, é o que conseguiu pavimentar a carreira solo mais autossustentável por ter se mantido popular pela monumental produção autoral que gerou algumas das mais melodiosas e apaixonantes canções do universo pop, como All star (2000) e Relicário (2000), ambas com as respectivas belezas realçadas no show pelo canto de Pitty. Embora separados por algumas gerações, Nando Reis e Pitty se irmanaram no palco do Qualistage pela energia jovial do rock, mote do som da banda que agrega três músicos já habituados a dividir a cena com a cantora – Daniel Weksler (bateria), Martin Mendonça (guitarra) e Paulo Kishimoto (lap steel e percussão) – com dois instrumentistas, Alex Veley (teclados) e Felipe Cambraia (baixo), arregimentados na banda de Nando, cujo toque do violão evocou em números como O segundo sol (Nando Reis, 1999) a essência pop folk de grande parte do cancioneiro do compositor. Turbinada com o calor do coro do público, ouvido em praticamente todas as 26 músicas do roteiro, a energia roqueira gerou show realmente eletrizante que fez a plateia cantar sozinha o infalível refrão de Me adora (Pitty, 2009) ao fim do número. Celebrada na música inédita PittyNando (2022), composição que abriu esse roteiro cravejado de hits e abriu também a parceria dos artistas, a reunião de Pitty e Nando Reis fluiu tão bem no palco que o show passou depressa como o tempo que escorre pelas mãos. Mas o tempo do show foi suficiente para que o público visse com clareza ali, em cada marca ou música, duas histórias relevantes que se afinaram sob a égide do rock que nunca envelhece. Nando Reis e Pitty entrelaçam 26 músicas no roteiro do show 'PittyNando – As suas, as minhas e as nossas' Barbara Furtado / Dantas Jr. / Divulgação Qualistage ♪ Eis as 26 músicas do roteiro seguido por Pitty e Nando Reis em 8 de outubro de 2022 na estreia carioca do show PittyNando – As suas, as minhas e as nossas na casa Qualistage, no Rio de Janeiro (RJ): 1. PittyNando (Pitty e Nando Reis, 2022) 2. Admirável chip novo (Pitty, 2003) / 3. Do seu lado (Nando Reis, 2003) 4. Memórias (Pitty, 2005) / 5. Me diga (Nando Reis, 1995) 6. Sou dela (Nando Reis, 2006) / 7. Semana que vem (Pitty, 2003) 8. Os cegos do castelo (Nando Reis, 1997) 9. Na sua estante (Pitty, 2005) 10. All star (Nando Reis, 2000) / 11. Temporal (Pitty, 2003) 12. Por onde andei (Nando Reis, 2004) / 13. Equalize (Pitty e Peu Souza, 2003) 14. Resposta (Samuel Rosa e Nando Reis, 1998) 15. Déjà vu (Pitty e Peu Souza, 2005) 16. Te conecta (Pitty, 2018) / 17. Marvin (Patches – Ronald Dunbar e General Johnson, 1970, em versão em português de Nando Reis e Sergio Britto, 1984) 18. Luz dos olhos (Nando Reis, 1996) / 19. Teto de vidro (Pitty, 2003) 20. Relicário (Nando Reis, 2000) 21. Me adora (Pitty, 2009) 22. Máscara (Pitty, 2003) / 23. Não vou me adaptar (Arnaldo Antunes, 1985) Bis: 24. O segundo sol (Nando Reis, 1999) 25. Mantra (Nando Reis e Arnaldo Antunes, 2004) / 26. Serpente (Pitty, 2014)