Programa “Tijolinho” resgata escândalo do Banestado e mostra como o Paraná ainda paga a conta
Como referência, os apresentadores utilizam o livro "Histórias Sobre Corrupção e Ganância", escrito por Wilson Gasino que detalha polêmica do Banestado
Por Da Redação

Um dos maiores escândalos financeiros da história do Brasil é tema de uma série especial de episódios no programa Tijolinho, produzido pelo GCast, o Podcast da Gazeta do Paraná e apresentado pelo diretor do jornal, Marcos Formighieri, e pela jornalista Bruna Bandeira. O episódio inaugural, disponível no YouTube, resgata a história da venda do Banestado e as consequências que o Paraná ainda enfrenta mais de duas décadas após o ocorrido.
O Banestado, antigo banco estatal paranaense, foi protagonista de um esquema bilionário de evasão de divisas na década de 1990. Estima-se que mais de US$ 30 bilhões tenham sido enviados ilegalmente ao exterior por meio das chamadas contas CC5, mecanismo que deveria servir apenas para remessas legais, mas foi amplamente usado por empresários e políticos para ocultar recursos. O caso resultou em uma das mais complexas investigações de lavagem de dinheiro já registradas no país, com implicações que chegaram ao Congresso Nacional e ao Judiciário.
No episódio, os apresentadores explicam que o escândalo não se limitou à questão financeira. A venda do Banestado, formalizada em 2000, foi justificada como uma forma de evitar o colapso do banco, que já sofria com uma gestão fragilizada e suspeitas de corrupção interna. No entanto, segundo Marcos Formighieri, o que se viu foi um processo apressado, conduzido sem transparência, e que acabou sacrificando o patrimônio público estadual. “A venda foi feita às pressas e por um valor que muitos consideram simbólico diante do tamanho da estrutura do banco”, afirma o jornalista.
Bruna Bandeira destaca no programa que, mesmo com a extinção do Banestado e a absorção de suas operações pelo Banco Itaú, o Paraná ainda arca com os custos decorrentes das dívidas acumuladas durante o escândalo. Segundo ela, há ações judiciais e pagamentos pendentes que continuam onerando os cofres públicos.
“Às vezes o passado assombra, e quando a gente não passa o passado a limpo, estamos condenados a seguir cometendo os mesmos erros e por consequência, pagando por esses erros. Quando falamos de Banestado, fica muito claro para nós de que um erro cometido no passado, pode perdurar por anos e anos sob as custas do povo paranaense”, explica Bruna.
Além do prejuízo financeiro direto, o caso também revelou a fragilidade dos mecanismos de controle sobre o sistema bancário e a conivência de setores políticos com operações ilegais. No programa, Formighieri e Bandeira lembram que diversos nomes citados nas investigações conseguiram escapar de punições mais severas, e muitos seguiram na vida pública, ocupando cargos de destaque anos depois.
Como referência, os apresentadores utilizam o livro "Histórias Sobre Corrupção e Ganância", escrito por Wilson Gasino, que explora casos de corrupção e ganância, especialmente no contexto do estado do Paraná. O livro foca no caso do Banestado. O autor revela nomes de empresários, políticos e funcionários envolvidos, assim como as ações e condenações relacionadas a esses casos de corrupção.
O livro de Gasino, publicado em 2006, detalha como o Banestado, que antes apresentava lucro e finanças equilibradas, foi vendido após um período de "descalabro administrativo e financeiro". O autor não apenas expõe os esquemas, mas também detalha como as operações corruptas ocorreram e quais as consequências legais que elas tiveram. Tudo isso foi detalhado após uma CPI realizada na Assembleia Legislativa.
O Tijolinho busca resgatar esse passado para mostrar como as decisões tomadas na época continuam impactando o presente. “É preciso olhar para trás e entender o que foi feito com o Banestado, porque há uma conta alta sendo paga até hoje pelo povo paranaense”, diz Formighieri. O programa questiona, ainda, o silêncio em torno do assunto, considerando o seu tamanho e relevância para a história política e econômica do estado. Em meio a tudo isso, é destacado que a Gazeta do Paraná que sempre esteve apurando fatos e denunciando as polêmicas relacionadas ao Banestado.
A proposta do programa é justamente essa: trazer um olhar aprofundado a polêmica envolvendo o banco. O vídeo serve como ponto de partida para quem deseja entender por que a venda do Banestado se tornou um dos episódios mais marcantes, e controversos, da política paranaense. Mais do que resgatar os fatos, o Tijolinho propõe uma reflexão sobre o custo da corrupção.
A produção completa está disponível no canal da Gazeta do Paraná no YouTube. Você pode assistir abaixo:
