Primeiro dia de conclave termina sem a escolha do novo papa
Primeiro dia do conclave termina sem definição do novo papa e com fumaça preta no Vaticano
Por Gabriel Porta

O conclave iniciado nesta quarta-feira (7) no Vaticano terminou seu primeiro dia sem a definição do novo papa — algo que já era esperado. Tradicionalmente, a escolha do pontífice não ocorre na primeira votação.
A jornada começou com a celebração da missa Pro Eligendo Romano Pontifice, realizada na Basílica de São Pedro, antes do início das deliberações a portas fechadas. Na sessão inicial, os 133 cardeais eleitores — que juraram manter sigilo absoluto e agir com responsabilidade e fé — participaram de uma única rodada de votação. Nesta etapa inicial, é comum que alguns votos tenham caráter simbólico, sendo atribuídos por consideração ou amizade, enquanto os principais candidatos ainda começam a despontar.
Para que um nome seja escolhido, são necessários dois terços dos votos — o equivalente a 89 sufrágios. Com esse critério, uma decisão imediata no primeiro dia é praticamente impossível. No entanto, esse momento inicial pode ajudar a identificar os nomes com maior apoio entre os diferentes grupos dentro do Colégio Cardinalício.
A fumaça liberada pela chaminé da Capela Sistina no fim do dia foi preta, indicando que nenhum dos candidatos alcançou o número necessário de votos. Esse resultado era o esperado, conforme anunciado pela própria Santa Sé. A cor da fumaça serve como sinal ao público: preta significa que não houve escolha; branca, que um novo papa foi eleito.
Historicamente, os conclaves mais recentes têm durado entre dois e cinco dias, com uma média de cerca de três. Os dois últimos — em 2005 e 2013 — se encerraram no segundo dia de votação. Caso não haja decisão até o terceiro dia deste novo conclave, o processo será pausado por 24 horas para oração e reflexão dos cardeais.
A partir de hoje (8), o ritmo se intensifica: estão previstas duas rodadas de votação pela manhã e outras duas à tarde. Se nenhuma das votações em um turno resultar na eleição de um papa, as cédulas são queimadas juntas, o que resulta em uma única fumaça preta por turno — portanto, no máximo duas ao longo do dia.
Após o encerramento da primeira sessão, os cardeais retornaram à Casa Santa Marta, onde estão hospedados, para descansar antes de retomar o processo no dia seguinte.
O Brasil está representado por sete cardeais eleitores: Paulo Cezar Costa (57 anos), Jaime Spengler (64), Sérgio da Rocha (65), Leonardo Steiner (74), Orani Tempesta (74), João Braz de Aviz (78) e Odilo Pedro Scherer (74). Dom Raymundo Damasceno Assis, de 88 anos, também participa do conclave, mas sem direito a voto, por já ter ultrapassado o limite de idade permitido (80 anos).
Papas
Veja o perfil dos favoritos no conclave: Pietro Parolin, 70 (Itália): favorito, é um moderado aberto a reformas; Péter Erdo, 72 (Hungria): pode reverter posições de Francisco; Charles Bo, 76 (Mianmar): crítico contundente da China; Luis Antonio Tagle, 67 (Filipinas): o 'Francisco asiático', pode continuar abertura; Malcolm Ranjith, 77 (Sri Lanka): crítico do socialismo, proibiu mulheres no altar; Fridolin Ambongo Besungu, 65 (República Democrática do Congo): contra a bênção para casais LGBTQIA+; Pierbattista Pizzaballa, 59 (Itália): propôs ser refém do Hamas para libertar crianças; Anders Arborelius, 75 (Suécia): opção para continuidade; Willem Eijk, 71 (Holanda): médico, une a ciência à religião; Matteo Zuppi, 69 (Itália): o mais à esquerda entre os papáveis; Robert Sarah, 79; (Guiné): aposta conservadora para primeiro papa negro; Jean-Marc Aveline, 66 (França): pró-imigrantes e favorito de Francisco.