Prefeita de biquíni viraliza, é julgada e rebate: “Corpo de mulher incomoda mais que corrupção”

Patrícia Alencar afirma ter sofrido violência política de gênero e levanta debate sobre limites entre vida pessoal e imagem pública de mulheres na política

Por Gazeta do Paraná

Prefeita de biquíni viraliza, é julgada e rebate: “Corpo de mulher incomoda mais que corrupção”

A prefeita de Marituba (PA), Patrícia Alencar (MDB), se manifestou nesta sexta-feira (6) sobre a repercussão de um vídeo em que aparece dançando forró de biquíni. O conteúdo foi originalmente publicado em um perfil privado do Instagram, com cerca de 185 seguidores, mas acabou vazando sem autorização e viralizou nas redes sociais.

Em entrevista ao g1, Patrícia afirmou ter sido “traída” por alguém próximo e denunciou o episódio como um caso de violência política de gênero. Após o vazamento, a prefeita optou por publicar o vídeo em seu perfil oficial, que tem mais de 800 mil seguidores.

“Me senti extremamente violada. Escolhi os seguidores daquele perfil a dedo, era onde eu mostrava a Patrícia fora do trabalho. Não havia nada relacionado ao meu profissionalismo”, disse.

Julgamentos e machismo estrutural

A repercussão dividiu opiniões na internet. Enquanto críticos apontaram que o vídeo não condiz com o comportamento esperado de uma autoridade pública, apoiadores destacaram o direito à vida pessoal e a naturalidade da prefeita em compartilhar momentos autênticos.

Patrícia rebateu os julgamentos e apontou machismo e hipocrisia no tratamento dado a mulheres em cargos públicos.

“Infelizmente, o corpo de uma mulher incomoda mais do que corrupção, ineficiência ou descaso na política. Quando um homem relaxa, é visto como autêntico. Quando é uma mulher, é julgada como se isso anulasse sua competência”, afirmou.

Em tom de desabafo, ela também fez um apelo à sororidade:

“A gente precisa debater a violência de gênero na política. Sofremos isso constantemente no Brasil. Muitas críticas vieram de mulheres, e é hora de união.”

História de superação

Aos 37 anos, Patrícia Alencar é mãe de três filhos e nasceu na cidade de Bodocó, no sertão de Pernambuco. Mudou-se para Marituba há 16 anos, onde começou trabalhando como vendedora de bacias e baldes na feira central.

Embora tenha iniciado o curso de Medicina, consolidou-se no empreendedorismo antes de ingressar na política. Em 2020, foi eleita a primeira mulher a comandar a prefeitura de Marituba. Em 2024, foi reeleita com 71,5% dos votos válidos.

Debate sobre imagem pública e redes sociais

O caso gerou ampla discussão sobre os limites entre o público e o privado no exercício de cargos políticos. Para alguns, figuras públicas devem manter postura reservada mesmo fora dos ambientes institucionais. Para outros, a prefeita foi alvo de um julgamento desproporcional.

“Mulher pode ser trabalhadora, mãe e ‘bonitinha’. Nenhum desses papéis se anula. Somos múltiplas”, escreveu Patrícia nas redes sociais.

A repercussão continua intensa nas plataformas digitais, entre memes, críticas e manifestações de apoio, enquanto o episódio acende novamente o debate sobre sexismo, liberdade e empatia no espaço político brasileiro.

Com informações do portal G1