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Preço do café segue em alta e deve continuar subindo até 2026, avalia especialista

Economista afirma que fatores climáticos, alta demanda, logística cara e baixa oferta mantém o grão em patamar elevado no Brasil e no mercado internacional

Por Da Redação

Preço do café segue em alta e deve continuar subindo até 2026, avalia especialista Créditos: Adobe Stock

A tendência de alta no preço do café deve continuar pelos próximos meses e se estender até meados de 2026. Essa é a avaliação do especialista Rui São Pedro, ouvido pela Gazeta do Paraná. Segundo ele, ao contrário das previsões mais otimistas do mercado, que apontam para uma possível estabilização até o fim de 2025, os fatores que impulsionam o aumento continuam ativos e devem manter o grão em patamares elevados.

“A notícia não é muito boa. A tendência do preço do café é de alta e deve subir mais ainda ao longo deste ano. Alguns analistas dizem que no final de 2025 pode começar a cair, mas eu não acredito nisso. Para mim, só em 2026 o cenário deve mudar”, afirmou Rui.

Entre os principais fatores que explicam a alta, Rui destaca os efeitos das mudanças climáticas, tanto no Brasil, quanto em outros países produtores da América do Sul, como a Colômbia. “A produção não está acompanhando o crescimento do consumo. Houve sim um aumento na capacidade produtiva, mas ele ainda é insuficiente diante da demanda. Isso leva à regra básica de mercado: mais procura, menos oferta, maior preço”, explicou.

Outro ponto levantado pelo especialista é o impacto das cotações internacionais, já que o café é uma commodity negociada globalmente. Questões logísticas, como o aumento no custo dos contêineres, também pressionam os preços. “Não é algo exclusivo do Brasil. O custo da logística aumentou em nível global e isso reflete diretamente no preço final para o consumidor”, analisou.

No cenário interno, Rui cita ainda o encarecimento do transporte rodoviário como agravante, mesmo com a recente redução no preço do diesel. “Temos pedágios altíssimos e mais de 60% do transporte de mercadorias no Brasil ainda é rodoviário. Isso encarece o escoamento e impacta o bolso do consumidor final.”

O especialista defende que só uma combinação de fatores poderá reverter o cenário atual: clima favorável, aumento consistente da produção, melhorias logísticas e, especialmente, maior oferta global. “Quando o clima voltar a colaborar e a produção aumentar, aí sim poderemos ver um alívio nos preços. Mas não é algo para os próximos meses”, ponderou.

IBGE

Na prévia da inflação de junho, o café moído foi o segundo item que mais contribuiu para a alta do mês, ficando atrás apenas da energia elétrica, segundo dados do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo -15) divulgados ontem (26) pelo IBGE. Em relação a maio, o produto teve alta de 2,86%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o café já subiu 81,6%.

No campo, porém, a realidade é diferente. O preço médio do café arábica, o tipo mais produzido e consumido no país, caiu 17% em junho na comparação com fevereiro, quando atingiu seu valor mais alto desde o início da série histórica do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Apesar da escalada nos supermercados, o ritmo de alta vem desacelerando mês a mês desde março, de acordo com o IBGE. A colheita, que começou em março e segue até setembro, é um dos fatores que tem pressionado os preços para baixo no mercado interno.

A redução nas cotações agrícolas começou com o início da colheita brasileira, mas também é impulsionada pela expectativa de uma melhora nas safras de países do Sudeste Asiático, como Vietnã e Indonésia. Outro fator é a retração no consumo interno, reflexo direto do encarecimento do produto nas gôndolas.

A tendência é que o valor da saca continue em queda com o pico da colheita, que ocorre entre os meses de junho e julho.

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