O poder transformador do teatro: GCast Mais+ recebe o ator e diretor Lair Júnior

Para divulgar o cenário artístico cultural de Cascavel e do Paraná, que o GCast Mais+, apresentado por Bruna Bandeira e Lucas Gabriel, vai ao ar nas quartas-feiras, às 19 horas, no canal da Gazeta do Paraná, no You-Tube. 

Em seu último episódio, o GCats Mais+ recebeu o ator e diretor Lair Júnior, para um bate-papo sobre o cenário em que se encontra a dramaturgia em Cascavel. 

Lair Júnior é ator, diretor e idealizador do teatro Cool Hall, um espaço que há sete anos vem trazendo produções teatrais e, consequentemente, aproximando o público da arte, através das peças e musicais produzidos. 

Segundo o diretor, o Cool Hall nasceu a partir de um convite feito por um colega para conhecer um espaço disponível. O local vazio serviu como uma tela em branco, para que Lair pudesse colorir um projeto antigo: “Eu estava buscando um espaço para trabalhar com algo que eu já tinha começado anteriormente, há um tempo atrás, que era trabalhar com aulas de teatro e produção”, relembra. 

Aproveitando da experiência em gerenciar o espaço teatral, adquirida por Lair entre os anos de 2010 e 2012, período em que já havia sido responsável por uma escola de teatro, o profissional aproveitou a possibilidade de dar mais um passo no projeto, oferecer, além das aulas, apresentações para o público: “Na época, os profissionais do ramo contavam apenas com o espaço do Centro Cultural Gilberto Mayer, já que o Teatro Municipal Sefrin Filho foi inaugurado apenas em 2015, então, nós nos encontramos e em 2017 começamos a construir esse novo espaço de aulas e apresentações”, explica. 

Em um país onde a arte, nem sempre é vista com bons olhos, ou devidamente reconhecida, Lair foi levado a refletir sobre a importância do teatro na vida dos alunos e profissionais que passaram pelo espaço do CoolHall ao longo dos anos:”Tudo que você se dispõe a fazer, principalmente algo que não está no seu dia-a-dia, sendo algo que você deixa acrescentar à sua vida, é transformador, conhecimento, então, nem se fala”,explica Lair. 

O profissional apontou ainda a relevância e o poder agregador de todos os formatos de expressão artística na formação de jovens e crianças. No caso do teatro, a prática pode resultar em benefícios para a socialização e desenvolvimento pessoal dos jovens. 

O profissional compartilhou ainda a própria experiência ao ter contato com a arte teatral, ainda na infância: “Desde a infância, é possível contribuir para a formação de uma criança com tudo que você agregar, seja o teatro, a dança, as artes plásticas, tudo. Quando eu falo da questão da transformação, eu falo de boca cheia, porque, pra mim, contribuiu muito, eu era uma criança que nem gostava de teatro, mas muitos buscam essa arte para se desenvolver por serem tímidos”, continua. 

 

Por que o teatro?

Nem só de contar histórias e compartilhar experiências objetivas se manteve a entrevista com Lair Júnior. Em um dos momentos mais sensíveis e emocionantes da entrevista, o artista se emocionou ao ser questionado sobre a escolha de viver da arte teatral, principalmente em um país onde a arte, independente do formato, nem sempre é vista com bons olhos: “Não tem como não sentir isso que você me falou, porque todo mundo sabe que eu tenho essa paixão pelo que eu faço, e isso é um compromisso, que, muitas vezes, vai além do entendimento meu e, talvez, das pessoas”, conta. 

Ele explica que seu objetivo sempre foi agregar as pessoas através da arte do teatro e relembra dos momentos de altos e baixos da jornada: “Não era só estar no palco, era para montar uma peça para contar uma história, mas sempre com o objetivo de juntar pessoas. E tudo são fracassos e êxitos naquilo que se faz, eu já apresentei para zero pessoas, eu já tive espetáculos que nunca estrearam, espetáculos que deram super certo e foram apresentados para mais de 15 mil pessoas”, relembra. 

 

Acesso à arte 

Inserido em uma sociedade composta por parcelas de públicos que nem sempre buscam pela arte de forma ativa e de públicos que, muitas vezes, não têm acesso à arte, permanecer produzindo e oferecendo produções artísticas e teatrais é uma forma de resistência. 

Lair Júnior mostra um olhar otimista sobre uma possível ampla aceitação do teatro pelo público no futuro: “Eu acredito muito que vai chegar um momento em que o público vai abraçar o teatro. Em todas as formas de arte, na música, na dança, nas artes visuais existem suas dificuldades, mas o teatro se percebe que está sempre ali, já que para levar público não é nada simples”, conta. 

O profissional apontou a busca ativa e a curiosidade do público como uma ferramenta para difundir a arte teatral, além da alavanca de divulgação, que pode ser o uso das redes sociais: “Se você não está inserido nessa área, tudo que você vai saber sobre a arte vem pelas redes sociais. Experimenta pesquisar sobre algo, para ver se depois não vai ter um monte de vídeos e conteúdos ali para você”, conta. 

Lair Junior revela ainda que, outra alternativa usada para agregar e convidar o público é a linguagem usada pelas produções teatrais: “É muito importante o papel que o teatro tem, ele é crítico. Falar sobre o que você deseja atingir na sociedade, mas é muito importante também entendermos que, para atingir as pessoas, a gente precisa falar a linguagem delas, é preciso que esteja próximo da realidade deles”, continua. 

 

Olhar para o futuro 

Neste ano, o Teatro CoolHall reduziu o número de produções apresentadas ao público. Isso se deve em função de demandas internas, que acarretaram em mudanças na estrutura do espaço físico do teatro: “Abrimos um espaço, algumas questões de acessibilidade, que resultaram em poucas produções neste ano. Tivemos mudanças, trouxemos mais espaço para oficinas e fizemos também algumas parceiras, como a com o Capivara Move, que passou a fazer parte do local, onde eles podem realizar as feiras, oficinas e eventos. Temos também o projeto do Cine Teatro CoolHall, que já está em ebulição para acontecer em breve, onde podemos trabalhar as produções audiovisuais, um local para produzir, assistir e debater produções”, finaliza. 

A ideia é que o teatro, que sempre foi um local receptivo para a classe artística de Cascavel, possa expandir parcerias e se fortalecer, consequentemente.

Para aqueles que ficaram curiosos em conhecer o espaço do teatro CoolHall, as atividades oferecidas e produções desenvolvidas no local, basta seguir o perfil: @teatrocoolhall, nas redes sociais.

Para assistir a entrevista na íntegra, e ficar por dentro da programação do GCast Mais+ e não perder nenhuma novidade, basta seguir o perfil da Gazeta do Paraná, no You-Tube, e ativar o sino das notificações.

 

Trecho 

“É muito importante o papel que o teatro tem, ele é crítico. Falar sobre o que você deseja atingir na sociedade, mas é muito importante também entendermos que, para atingir as pessoas, a gente precisa falar a linguagem delas, é preciso que esteja próximo da realidade deles”

-Lair Júnior

Diretor do teatro CoolHall

 

Créditos: Gazeta do Paraná 

Créditos: Gazeta do Paraná