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Município terá como prioridade grupo estratégico de combate à criminalidade

A medida adotada pelo prefeito Renato Silva reflete a preocupação dos moradores diante do início de ano marcado pela violência e pelo aumento do tráfico de drogas nas ruas.

Por Gazeta do Paraná

Município terá como prioridade grupo estratégico de combate à criminalidade Créditos: Secom/divulgação

Após um início de ano marcado pela violência em Cascavel, com quatro homicídios registrados até ontem (9), o prefeito Renato Silva (PL) reuniu, na quarta-feira (8), a equipe da Secretaria de Segurança Pública e Proteção à Comunidade em seu gabinete para reforçar as estratégias de combate à criminalidade e dar prioridade à segurança da população.

Durante a reunião, foi formado um grupo de trabalho para definir ações e estratégias pontuais, como a identificação de áreas críticas e o mapeamento da população em situação de rua, incluindo moradores permanentes e transitórios. Essa força-tarefa terá como objetivo principal intensificar o enfrentamento ao crime, além de promover ações preventivas que garantam maior segurança aos moradores de Cascavel.

“A segurança é uma preocupação constante, não apenas em Cascavel, mas em todo o Brasil e no mundo. Estamos atentos e vigilantes, pois essa situação nos preocupa. Vamos tomar medidas firmes e necessárias para assegurar a tranquilidade da nossa população. Também faremos um chamamento à sociedade para que colabore, acolhendo quem deseja trabalhar e contribuir. Aqueles que não estiverem dispostos a isso, não têm razão para permanecer aqui. Cascavel é uma cidade que acolhe todos, mas queremos pessoas dispostas a produzir, trabalhar, plantar e colher. Quem estiver aqui apenas para gerar insegurança enfrentará o rigor da lei”, declarou o prefeito.

A população também pode contribuir com as forças de segurança, realizando denúncias pelo telefone 153, da Guarda Municipal, ou pelo 190, da Polícia Militar. Em entrevista ao programa Primeira Hora, da TV Tarobá, o secretário de Segurança de Cascavel, Coronel Lee, detalhou as medidas adotadas para enfrentar esses desafios, destacando a criação de um comitê de segurança para coordenar ações integradas entre diferentes secretarias. “O prefeito estabeleceu como prioridade absoluta a segurança pública em Cascavel. Estamos enfrentando situações graves, como a mendicância, que muitas vezes está relacionada a outros problemas, como tráfico de drogas, ameaças, porte de armas de fogo e armas brancas, além de furtos de fios e outros delitos. Por trás da mendicância, há uma cadeia de questões que precisam ser enfrentadas com estratégia e organização”, explicou o secretário.

O comitê de segurança reúne secretários de diversas pastas relacionadas ao tema, como Assistência Social, Comunicação, Obras e outras áreas. Cada secretaria tem um papel específico no enfrentamento desses problemas, contribuindo para uma abordagem integrada e eficaz. A Secretaria de Segurança Pública lidera as ações do comitê, que busca não apenas conter a criminalidade, mas também oferecer soluções para problemas sociais que impactam diretamente a segurança na cidade.

“O objetivo não é apenas tratar os sintomas da criminalidade, mas trabalhar de forma estruturada em ações que alavanquem mudanças. Cada pasta terá responsabilidades claras para atuar de maneira coordenada, sob a liderança da Secretaria de Segurança”, afirmou Coronel Lee.

A expectativa é que essa abordagem integrada traga resultados positivos no enfrentamento dos problemas que preocupam os moradores de Cascavel, garantindo mais segurança e qualidade de vida para todos.

 

Coletiva PPPR

Nos primeiros dez dias de 2025, quatro homicídios chamaram a atenção em Cascavel, sendo que dois deles envolveram apenados do sistema prisional em dias consecutivos. Os apenados faziam parte de um programa de ressocialização desenvolvido pela Polícia Penal do Paraná (PPPR) por meio do Complexo Social de Cascavel. O projeto “Trabalhando a Liberdade com Dignidade” permite que pessoas privadas de liberdade (PPLs) com bom comportamento trabalhem em empresas e instituições conveniadas. Esses apenados recebem salário e são monitorados por tornozeleiras eletrônicas.

Diante dos homicídios recentes, que indiretamente envolveram a Polícia Penal, o diretor da 8ª Região da Polícia Penal, Thiago Correia, concedeu uma entrevista coletiva para esclarecer o funcionamento do projeto e a situação dos apenados envolvidos. Durante o pronunciamento, a Polícia Penal anunciou o reforço nos protocolos de segurança. “Intensificamos a fiscalização nos canteiros de trabalho e estamos revisando os procedimentos sem comprometer o andamento dos projetos de ressocialização, que têm se mostrado eficazes para a reintegração dos apenados”, explicou.

Correia ressaltou que ambos os apenados estavam em estágio avançado de reintegração social e não apresentavam histórico de comportamento que justificasse maior vigilância. “Estamos lidando com pessoas que já demonstraram aptidão para retornar gradativamente à sociedade. Ambos tinham bom comportamento e estavam empregados há meses sem registros de incidentes”, afirmou o diretor.

Sobre o monitoramento, Correia destacou que as empresas parceiras do programa têm responsabilidade direta pela supervisão dos apenados, em colaboração constante com a Polícia Penal. A fiscalização das atividades externas inclui rondas diárias e comunicação imediata em caso de qualquer irregularidade.

Atualmente, cerca de 250 apenados participam do programa na região de Cascavel, trabalhando em empresas privadas e órgãos públicos. Correia reforçou a importância de manter os projetos de ressocialização, que oferecem oportunidades de profissionalização e reinserção social. “Não podemos interromper o progresso de pessoas que estão demonstrando capacidade de reintegração à sociedade por causa de dois episódios isolados”, concluiu.

 

Homicídios

Dois homicídios envolvendo apenados chamaram a atenção em Cascavel no início desta semana, com os casos ocorrendo em dias consecutivos. Ambas as vítimas faziam parte de programas de ressocialização que permitem trabalho externo para pessoas privadas de liberdade, mas os episódios trouxeram à tona questionamentos sobre segurança e monitoramento.  

Na segunda-feira (6), um apenado em regime semiaberto foi morto enquanto realizava serviços de jardinagem no gramado do prédio da Prefeitura de Cascavel. O homem, que trabalhava durante o dia e retornava à sua residência ao final do expediente, foi surpreendido por mais de 20 disparos nas costas, perdendo a vida no local.

Já na terça-feira (7), um apenado em regime fechado, autorizado a participar de trabalho externo em uma empresa privada, foi encontrado morto após evadir-se do canteiro de trabalho. O homicídio ocorreu no período da tarde, e a vítima foi atingida por cinco disparos — três na cabeça, um nas costas e um no braço. Cápsulas de munição calibre 9mm foram encontradas na cena do crime.  

De acordo com o diretor da 8ª Região da Polícia Penal, Thiago Correia, a evasão no segundo caso foi percebida pela empresa durante o horário de almoço, por volta das 13h. “A empresa comunicou imediatamente à Polícia Penal, que iniciou os protocolos de busca. Porém, pouco depois, fomos informados sobre o homicídio de uma pessoa cujas características coincidiam com as do apenado”, explicou.  

Ambos os casos estão sendo investigados pelas autoridades competentes, e a Polícia Penal reforçou a necessidade de ajustes nos protocolos de segurança para prevenir episódios semelhantes. 

Créditos: Gabriel Porta